QUE BOM TER VOCÊ AQUI

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terça-feira, 28 de julho de 2009

A VERRUGA

Sábado, dia bonito, turma alegre, gente conhecida de longo tempo.
Termina a peladinha de todos os sábados, dirigem-se para

o vestiário e aí começa a história. Depois do banho,
“Tonico” senta no banco de madeira para se vestir.
Ao seu lado, o bom amigo Dr. Chico, também se prepara
para colocar a roupa, quando vê no pé esquerdo do Tonico,
uma verruga no dedão do pé esquerdo que era de fazer
inveja a ervilha tratada a transgênico.
Comentários, gozações, brincadeiras, Tonico ganhou o apelido

de Seis dedos. Até que Dr Chico disse pra ele ir ao Pronto
Socorro do Cajuru, naquela próxima segunda, pois ele
estaria de plantão e retiraria aquilo do pé dele num tapa,
rapidinho. Tonico agradeceu, ainda riu muito com a brincadeira
da verruga e foi para casa.
Na segunda cedo, ligou para o amigo e foi para o Cajuru,

conforme o planejado. Avisou no escritório que iria se atrasar
um pouco, mas até as dez estaria lá.
No Cajuru, encontrou Dr. Chico e foi com ele para uma salinha

do pronto atendimento, coisa pequena, cortinas, cheiro de éter,
tudo igual a tantas salas.
Dr. Chico chamou uma enfermeira, pediu para Tonico tirar

a meia, ficar com o pé à mostra e a verruga famosa, também.
Tonico sentou na maca, a enfermeira fez uma assepsia e
começou a retirada do “sexto” dedo do Tonico.
Uma anestesiazinha local para não doer muito, um bisturi ao l

ado, gaze de montão, todo cuidado e a perícia do Dr. Chico
para comandar a “cirurgia”.
Passam-se alguns minutos, Dr. Chico aperta o dedão para a

anestesia “pegar” direito e Tonico, sem saber de onde e nem
como, desmaia.
Correria, chama este, chama aquele, Dr. Chico viu que Tonico poderia ser alérgico à anestesia. Era o que faltava, pensou ele: choque anafilático numa hora dessas? Corre para o centro

cirúrgico e chama dois plantonistas, voando para levarem a maca para cima, pelos corredores. Chico sobe pelo elevador e os dois plantonistas, ainda assustados com o acontecido, sobem as rampas correndo e empurrando a maca sobre as rodinhas meio travadas.
E na curva antes do centro cirúrgico, a rodinha trava de vez e o Tonico cai da maca, ladeira abaixo.
Os plantonistas gritam, se desesperam, Tonico desacordado,
Chico lá na porta do centro cirúrgico, vê o amigo rolar rampa abaixo. Levantam o homem e colocam na maca novamente, mas levantam com cuidado, porque viram algo errado. E não deu outra:
fratura de fêmur.
E Tonico desacordado.
Entra no centro cirúrgico, chama o ortopedista,
prepara a cirurgia, faz-se um teste de anestesia e operam o
Tonico da fratura de fêmur, com todo o cuidado e preparando a redução, pois naquele tempo o pós operatório era mais complicado do que nos dias de hoje.
Tonico volta a si e vê a família ao lado da cama, bem como o

amigo Chico. Ainda sem saber o que tinha acontecido, sente
uma dor na perna esquerda, olha para todos e pergunta para
o Chico o que ele estava fazendo ali.
Chico explica tudo o que aconteceu, mas era para ele se
acalmar, pois estava tudo sob controle.
Tonico recebe todos os cuidados do hospital, os plantonistas

dão plantão extra na cabeceira do Tonico, Chico não vai para
casa durante 3 dias e tudo termina bem.
Após uma semana internado, Tonico volta para casa,
ainda com apoio de muletas e cadeira de rodas, todos os
cuidados para manter a tração e os cuidados de um enfermeiro
cedido pelo Cajuru para a recuperação na residência.
Passados 30 dias, Tonico volta a caminhar, vai para fisioterapia,

se prepara para a sessão com a fisioterapeuta indicada,
quando ela, ao olhar o pé dele, diz: “mas que verruga feia esta aqui, seu Tonico. Já pensou em tirar? É rapidinho”......
Tonico só olhou e não disse nada.
Tem horas na vida em que é melhor não dizer nada.
E até hoje, 25 anos depois, ta lá a verruga do Tonico e

o Dr. Chico, aposentado, sempre conta a história com
um pouco de humor.
Mas tem que ser com humor mesmo.

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