QUE BOM TER VOCÊ AQUI

Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
Assim, espero que você leia, goste, curta, comente, opine.
E tem de tudo: de receitas a lamentos; de músicas à frases: de textos longos a objetivos.
Que bom ter você aqui....

sexta-feira, 31 de julho de 2009

RODA DE CANTORIA - na prática

Sobre o texto aqui postado, chamado RODA DE CANTORIA, recebo email de pessoa conhecida que pede uma relação das músicas citadas no texto para que se grave um CD. Olha: posso até mandar, claro, mas clima é clima e é fundamental para que uma noitada destas marque a alma e o coração.
Em todo o caso, como também gosto disso – e como gosto – aqui segue
algumas pérolas do “cancioneiro brasileiro” para que se deliciem.
Mas uma ressalva: estas músicas não podem ser ouvidas em locais de grande
tumulto ou concentração de gente.Mesmo no boteco, a calmaria deve se fazer presente. São músicas onde as letras de qualidade, somadas às melodias bem elaboradas, traduzem sensações e sentimentos bem vividos. Portanto, ao ouvir o que aqui
segue, dê preferência a um ambiente adequado, uma boa bebida(sem isto,
impossível entrar no clima), alguém interessante ao lado, ou mesmo presente na memória, mas que não traga dor. Se bem que ao ouvir Alcione, você já se
mija e se entrega. Vai lá:
MOLAMBO – vários intérpretes
QUE É QUE EU FAÇO AMANHÃ – Alcione
CARTOLA – O MUNDO É UM MOINHO
BETH CARVALHO – O MEU GURI
CARLINHOS VERGUEIRO – CAMISA MOLHADA
ANTONIO CARLOS E JOCAFI – TEIMOSA
ALTEMAR DUTRA – LAURA
DANIEL JOBIM – WAVE
DANIEL – ADORO AMAR VOCÊ
DICK FARNEY – FIM DE NOITE( com a Claudete Soares é do saci do c...da cobra)
DJAVAN – UM AMOR PURO
DANILO CAYMMI – O BEM E O MAL
ELIETE NEGREIROS – MEU MUNDO É HOJE
EMÍLIO SANTIAGO – DOCE VIVER(música de Marcos Valle)
NANA CAYMMI – NÃO SE ESQUEÇA DE MIM
LÁPIS – VESTIDO BRANCO
JOANNA – NERVOS DE AÇO
FAGNER – EU SEI QUE VOU TE AMAR
KLEITON E KLEDIR – PAIXÃO
SIMONE – YOLANDA
LUIS MELODIA – DORES DE AMORES
MARIA BETHANIA – DEPOIS DE TER VOCÊ
MARIA CREUZA – ONDE ANDA VOCÊ
Aí, se prepara. Seleção mais pianinho do que samba. Seleção feita para quem
gosta de MPB. Não estranhem o Daniel. Olhem a letra desta música.
E Danilo Caymmi interpreta esta letra com maestria.
Seleção de boteco e não de buteco.
Até porque, buteco com u é melhor não entrar.
Bons momentos.

CARLY SIMON - falemos de música

Recebo email que me pede algumas coisas de Carly Simon.
Mais exatamente, músicas.
Quem pede não viveu a época da Carly Simon, mas ouviu em um CD uma música e gostou. Daí, antes de procurar por aí, me envia o email.
Então, vamos lá.
Carly Simon, ex-mulher do James Taylor, compositora e cantora, fez bicos em alguns filmes, mas pontinhas de aparição. Nada sério.
O destaque começa em 1971 e dura até 2001. No mais recente CD This Kind of Love, deixou um pouco a desejar, se comparada a desempenhos anteriores. Mesmo assim, destaco “So many people to love” e “To soon to say goodbye”. O restante, caso não ouça, não vai sentir falta.
Mas para quem quer ter alguns clássicos de Carly Simon, segue aqui uma coletânea particular, que gera um bom Cd e um acompanhamento da carreira da voz suave da música americana.
THE RIGHT THING TO DO
NOBODY DOES IT BETTER
JUST LIKE YOU DO
THAT’S THE WAY I’VE ALWAYS HEARD IT SHOULD BE
RIVERBOAT GAMBLER
JESSE
YOU BELONG TO ME
YOU KNOW WHAT TO DO
ITSY A BITSY SPIDDER
THE CARTER FAMILY
MORE AND MORE
HAVEN’T GOT TIME FOR THE PAIN
AS TIMES GOES BY
ANTICIPATION
DREAM A LITTLE DREAM OF ME
MY ROMANCE
SUCH A GOOD BOY
WE HAVE NO SECRETS
YOU’RE SO VAIN

Claro que existem vários CDs de Carly Simon com músicas interessantes, mas se for peneirar, a relação acima está adequada para um resumo da obra da cantora, que anda meio sumida.
Mas, como talento é talento, música boa não tem época.
Boa audição.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A GRIPE...PODERIA SER ASSIM......

Agora é a gripe.
Já não chega tudo o que este povo passa e agora, a gripe.
Morrem uns, morrem mais uns, irão morrer mais uns.
E entre todos, alguns que deveriam pegar a gripe, ficam.
Me entendam. Já que o mal veio a galope em um vírus, porque não pega
quem precisa deixar o cenário?
Imaginem a gripe em Bangu 1. Que benefício para a humanidade.
Imaginem a gripe nos presídios de segurança máxima? Outro benefício
para a humanidade. Sem desejar mal ao próximo, mas que seria muito útil, seria.
O problema é que vírus não enxerga. Ele circula e pronto. Se instala.
Numa dessas vai se instalar no nosso querido presidente. Aí.......deduza você.
Imaginem o vírus passeando por Brasília, em dia de congresso cheio, de
votações sob encomenda, com comissão para todos os lados.
Seria mais do que um benefício. Seria uma benção dos céus.
Imaginem quantos velórios de políticos nacionais que faleceram em
conseqüência da gripe. Muito sonhar com isto, mas impossível não é.
Mas não vai acontecer, pois pela primeira vez na história, político é
contra aglomeração. Quem tem cú, tem medo.
Imaginem a gripe pegando o Wando......e ele ia mesmo.
Aí seria demais.
O vírus se instalou nos bastidores do congresso nacional e foi levando,
um por um, todos da família Sarney. Olha que coisa boa.
Seria bom dimais, como diz um aluno meu, mineiro, claro.
O vírus pegou em cheio o time do Coritiba, esta merda que aí está e
que me faz desacreditar no futebol que era perfeito e bom de ser visto.
Imaginem que o vírus, lentamente, entrou na cúpula do Pt e levou alguns
embora. Pt, saudações, como já disseram.
O Brasil irá sofrer, sem dúvida, mas alguns poderiam ser atingidos pelo
melhor do nosso país e de nossas vidas.
Aposentados aguardam adendos em leis, emendas, remendos, algo que os ajude
e os beneficie. Os comandantes dos projetos poderiam ir com o vírus e a coisa andaria normalmente.
O vírus tomaria forma e ameaçaria o político. Ou se comporta e trabalha sério,
ou eu me instalo. Imagina!!!!!
Aí é querer demais.
Mas que a classe política hoje se caga de medo e tudo e do vírus, isto se caga.
Morrer de gripe, para eles, é coisa do povão.
Este mesmo povão que agora não tem remédios suficientes e nem atendimento
médico decente, apesar dos esforços em alguns locais.
A gripe veio e vai dar trabalho.
Então, como vírus é neutro, que leve alguns destes bostas que nos atrapalham.
Já imaginou uma limpa no cenário político do Brasil?
Difícil, mas não custa dialogar sobre isto.
E uma limpa nos morros do Rio, pegando somente traficantes e líderes da bagunça geral?
Utopia, eu sei.
Mas vai que............

RODA DE CANTORIA

Noite alta, estrelas no céu, verão a mil. No bar, mesas unidas formavam o centro.
Ao redor, dois violões, sendo um de sete cordas, um cavaquinho, um pandeiro,
um chocalho, muitas cervejas e copos, cinzeiros e sorrisos.
Eu, no atabaque, acompanhava o mestre do violão, puxando o samba com ele.
Quase tudo ensaiado, não profissionalmente, mas sim pela quantidade de vezes
que tocamos juntos em vários locais.
O atabaque desgastado pelo tempo, mas o couro perfeito, aceitando o toque da
mão direita, enquanto a esquerda marcava o ritmo na madeira.
Um puxa uma música, pede um acorde de violão em lá maior. O violonista faz o dedilhado. Silêncio no bar. As outras mesas se aproximam e o solicitante entra: “Ponha, aquele seu vestido branco, que eu quero derramar meu pranto.......” a música do eterno Lápis.
O coro se forma, baixinho, pianinho, organizado, sem ninguém para gritar ou atrapalhar a cantoria.
Toques suaves no atabaque e o pandeiro chorando ao lado, com o sete cordas
fazendo o dedilhado correto e um compasso marcante.
Mais uma tragada, aplausos, sorrisos, outro gole, mais uma pinguinha e
a noite vai.
Alguém “chama” Caminhos Cruzados e, bem pianinho, a melodia sai perseguindo
a voz excelente do cantador.
Momentos de pensamentos vão longe, imagens, memórias.
Dali a pouco, em lá maior, entro eu: “ a gente briga, diz tantas coisas que não quer......” e o coro vai atrás, sempre de mansinho.
Lá fora, na calçada, o guardador de carros anota todas as músicas, para depois
poder baixar na internet, segundo ele.
O dono do bar serve a todos com um sorriso, não pelo consumo, mas pelo astral do bar. Um bar simples, com mesas de madeira, cadeiras de palha, mandioquinha frita
com bacon, asas de frango a passarinho, um garçom e todos em paz.
Uma menina de seus 28 anos pede fá menor. Silêncio. Ela entra com uma bela voz e solta “ eu sei que vocês vão dizer que é tudo mentira e que não pode ser....”
Lá vai o coro atrás da menina, lindo, perfeito.
Ali estavam pessoas de todos os tipos e eu só sentei porque o violonista era companheiro antigo de madrugadas que se foram. O atabaque estava no carro e daí
a tocar, foi um pulo.
Um senhor de seus 68 anos, fumando e tomando cevejas, pede um tom qualquer e cantarola: “ hoje, eu quero a rosa mais linda que houver....” Coro formado, cantoria solta, emoção no ar. Ele chora, limpa a lágrima e se emociona mais
ainda quando a música termina.
Mais uma cerveja, um viva para o senhor do lado, um abraço da menina da outra
mesa, continua o samba.
Mais uma roda de cantoria do que uma roda de samba.
O horário ficou para trás, o dia amanheceu, o sol saiu, o guardador de carros
entrou e disse tchau para todos, o dono do bar foi fechando as contas e os
últimos goles da “mardita” foram dados.
Na calçada, todos se abraçam e combinam de se encontrar quando desse. Nada
de agendar.
Este tipo de encontro e de noitada, não tem agenda.
Deu liga, espere leiteiro chegar.
Deu liga, cante, se concentre, sonhe, chore, se emocione, viva a magnitude
da música brasileira.
E vá para casa devagarinho, ainda assobiando a última música, que foi:
“ onde você estiver, não se esqueça de mim.....” Aí é covardia.
Recomendo a quem gostar do negócio, que se dedique.
Vale a pena.
E fígado, mais ano, menos ano, a gente manda buscar em Taiwan, pois do
jeito que a coisa vai, logo logo teremos substituto.
Mas coração e alma, só se tem um de cada.
E tem que fazer com que eles vivam.
Esta é a receita.

GRIPE - SÉRIO

GRIPE – SÉRIO

Brincadeiras à parte, como as do texto anterior, estamos passando por um momento delicado em relação à gripe, que tantos nomes está apresentando.
Uma coisa é fato: acendeu a luz vermelha. Não só aqui em Curitiba, mas em outras capitais brasileiras. Segundo notícias oficiais e boatos que aparecem diariamente, muita gente está se infectando e contagiando e a coisa é mais séria do que se pensava.
Se tomarmos certos cuidados, mesmo, não teremos como nos expor muito, apesar de que vírus, qualquer vírus, ataca e a gente só sabe depois.
Hoje mesmo todos os médicos do SUS e particulares foram convocados para ficarem de plantão.
Pessoas internadas não saem do internamento e algumas, inclusive, enfermeiras que atendiam a uma centena de pacientes.
As orientações da imprensa são precisas, portanto ler jornais passou a ser obrigatório, ouvir rádio e ver a TV.
Se não melhorar o quadro em uma semana, teremos providências mais severas, acredito.
Assim sendo, tomemos cuidado, ainda mais quem tem crianças, para evitar aglomerações. Cautela, antes de tudo. E contatos físicos, com todo o cuidado. Dizem que álcool gel funciona e é recomendado. E a faixa entre 25 a 50 anos é a de maior risco. Cuidemo-nos, pois.
Aguardemos notícias mais positivas.

A GRIPE

POR CAUSA DA GRIPE TEM CASA DE SWING QUE ESTÁ VAZIA.
O PROPRIETÁRIO CLAMA POR CLIENTES.
DIZ QUE TEM MÁSCARA, ÁLCOOL GEL, ASPIRINA E TUDO O MAIS.
Quem diria: onde já existia camisinha, gel e outros adereços, agora tem máscara, álcool e outras coisas mais.
POR CAUSA DA GRIPE, SUSPENDERAM AS AUDIÊNCIAS TRABALHISTAS.
Empresários agradecem. Afinal, são eles sempre os que pagam.
POR CAUSA DA GRIPE, ESCOLAS PARTICULARES SUSPENDERAM AS AULAS.
A criançada agradece, mesmo sem saber o perigo da pandemia. E dê-lhe vídeo game, cinema, pipoca, passeios, shoppings etc.... Com isso, suspenderam as férias das mães.
POR CAUSA DA GRIPE, ÔNIBUS CIRCULAM COM VIDROS ABERTOS.
E dê-lhe mais gripe no povo.
POR CAUSA DA GRIPE, O CENTRO DA CIDADE ESTÁ MAIS VAZIO.
E os lojistas mais agoniados e desesperados.
POR CAUSA DA GRIPE, O CARA FALTOU AO ENCONTRO COM A SENHORA NA HORA DO ALMOÇO EM UM HOTEL DA CIDADE.
Ela não perdoou e enviou pelo Sedex uma caixa de Coristina com um bilhete bem claro: “Vá à merda!!!”

E TEM MAIS......
SEGUE DEPOIS.

GUARAPUAVA

Guarapuava.
Parece que sentei frente ao espelho e ele me cobrou uma atitude. Fala ou não fala sobre Guarapuava?
Falo. Falo sempre.
E sempre bem.
De uma maneira ou de outra, vivi bons momentos em Guarapuava, assim como vivi momentos ruins e doídos, mas quem não há de?
Deixei lá grandes amigos, pessoas de bem, boas pessoas, conhecidos, enfim,
gente que quero bem e não tenho tido muito contato, a não ser com um e outro,
mas não com todos que eu gostaria.
Quando a gente muda de cidade, muda de vida, muda tudo.
Mesmo assim, o que tenho para dizer de Guarapuava é só coisa boa, esquecendo
as ruins e os maus momentos.
O pior deles, foi ter ficado seis dias tomando água, sem comer nada, por falta
de dinheiro e por ter sido em um carnaval, quando todos os meus conhecidos
viajaram e eu fiquei sozinho, em um apartamento da rua Pinheiro Machado.
Mas valeu a pena. Foi uma lição de vida inesquecível, pois pude comprovar que a
água da Sanepar é boa e ficar sem comer, não mata ninguém. O cigarro, pendurava
no café do Nilceu – e ainda devo algumas carteiras, sem dúvida. Graças a Deus
na quinta-feira depois do carnaval, teve um churrasquinho e fui convidado.
Parecia uma benção dos céus. Tirando isto, a Guarapuava merece carinho e atenção
de minha parte. Além de reconhecimento.
A Guarapuava da Triunfante da Saldanha, com a melhor empada do sul do Brasil,
nos finais de tarde. E a simpatia de meninas no balcão, funcionárias antigas do Getúlio, e competentes, diga-se.
A Guarapuava do Alecrim, naqueles idos da Saldanha e depois ali na esquina,
quando Leocádio e Anselmo eram dois anfitriões de primeira linha.
Quando, ainda na Saldanha, tocando piano nós bebemos o oceano índico até desistir
e ir dormir. Fazíamos serenata por telefone ao som do piano e para vários números discados. Tempo bom.
A Guarapuava da “Véia”, que sempre me acolheu com carinho e um sorriso no rosto.
Não tenho mais visto a Véia, mas tenho saudades dela. Assim como do César Franco, que raramente vejo por aqui.
A Guarapuava do Osmar, ainda no comando do Atalaia, da feijoada aos sábados,
dos detalhes das mesas arrumadas e dos pratos bem preparados.
Um profissional como poucos e uma pessoa como poucas. Além da boatinha
das 4as.feiras. Inesquecíveis sob todos os aspectos. Todos mesmo.
A Guarapuava da Don Nunez, que ajudei a fundar criando a logomarca e a
campanha de lançamento, quando Jairton e Osmar arregaçaram as mangas e
fizeram uma excelente churrascaria, bem adiante da realidade da cidade.
Mas sempre foi bom, porque o astral da casa era de primeira. E Jairton e
Osmar são duas pessoas do bem, amigos de toda hora, companheiros e fiéis
defensores de meu trabalho por aquelas bandas nos idos de 1994 até 2001.
O amigo Jairton, por exemplo, não precisamos nos falar, mas sabemos o quanto
nos respeitamos e nos gostamos. Isso é muito bom – e raro.
A Guarapuava do Gil e da Tia Glaci, pessoas queridas e merecedoras do meu
respeito e de minha admiração. Tia Glaci com sua maionese inigualável e
Gil com sua amizade a toda prova. Sem falar do filho Maurício, companheiro
e amigo de jornadas ainda iniciantes. E duras.
Aliás, tia Glaci não se destacava somente pela maionese, mas pela simpatia,
pelo carinho e pelo amor que dedicava. Mesmo em horas difíceis, ela acompanhava
o lamento deste que escreve e entendia, orientando e apoiando como pudesse.
Além das orações, diga-se.
A Guarapuava do Ná e do Ticão, dupla fenomenal que até hoje tenho saudades,
por tudo o que vivemos e pelo que não vivemos, mas pretendíamos ter vivido.
E realizado.
A Guarapuava da Lúcia Kuster, com seu sorriso e seu abraço, seu chimarrão e
suas palavras de apoio, seu respeito e sua ajuda quando necessária.
Deus te pague, Lúcia.
A Guarapuava dos grandes porres, tanto no Alecrim quando na casa do Jozo,
grande figura, gaúcho eterno, presidente perpétuo de qualquer CTG.
Amigo e companheiro de madrugadas no Pigalle, jogando sinuca, tomando
cerveja e comendo cheese-salada, aliás, um dos melhores.
A Guarapuava de Rozângela Brito, mulher de fibra, querida, amiga, companheira,
o braço direito que muitos homens gostariam de ter tido, um exemplo de guerreira
que é raro encontrar nos dias de hoje. A ela, meu eterno agradecimento pelos momentos de solidariedade, nos altos e baixos, na boa e na ruim condição da vida.
Da festa da Vodka ao lamento de final de tarde. Dos jantares pela cidade ao
andar a pé na madrugada da cidade. Sem falar de seus dois filhos, meninos
sérios que hoje são homens que tocam suas vidas.
A Guarapuava do Querubim, companheiro de sempre, desde 1994, ainda na
prefeitura, até os dias de hoje. Amigo de todas as horas, nunca pestanejou
em papear, em auxiliar, em colaborar. Amigo de fé, amante da boa música e
de um bom papo com cerveja.
Esta mesma Guarapuava que me permitiu conhecer uma pessoa fascinante como
Renato Kuster, sobre quem escrevi um texto em seu aniversário, com vídeo
e tudo.
A Guarapuava de Júlio Agner, caboclo bão, sério, gente em extinção nos
dias de hoje, empresário com visão e uma pessoa excelente para se
conviver e trocar idéias. Se não vencemos a eleição, isto é outro assunto,
mas ele deu a cara para bater e saiu sem levar um tapa sequer.
Pelo contrário. Ele e Guiné saíram-se bem. Aliás, Fernando Guiné,
um exemplo de ser humano, uma alma que sinto saudades em bater papo e rir muito, assim como com sua família, com quem desfrutei alguns momentos de lazer e alegria.
A Guarapuava de amigos do Peito, com P maiúsculo, como Rura e Arary,
que de todas as formas, sempre me ajudaram e me ouviram, me aconselharam e
viveram comigo momentos de alegria e de agonia. Aliás, na casa do Rura tem
um banco de madeira que foi testemunha de meus lamentos e de minhas agonias,
por vários motivos. Rura, então, nem falo nada, pois a ele e ao Arary devo
momentos de coragem que me foram passados, palavras de incentivo e de amizade,
que mesmo hoje, distantes, sentimos que é para os dois lados.
A Guarapuava de Célio Cunha, amigo de todas as horas, companheiro de análises e causos, fatos e atos, amigo que não pestanejou em ajudar na minha mudança para
esta cidade querida. A ele, devo, de fato, meu reinício nesta cidade, pelos
idos de 2004. Ainda falaremos sobre isso.
A Guarapuava do Glazito Virmond, amigo de tantos anos, que foi mais amigo aí, colaborando para um aluguel de um apartamento e me incentivando a trabalhar,
cada dia mais. Valeu, Glazito. E o que falar da Zóca, amiga e ouvinte, mãe e parceira, companheira e fiel confidente?
A Guarapuava da Rádio Cultura e sua equipe, do jornal da Cristina e sua turma,
da Ampla Painéis e seu comandante, fiel amigo e companheiro.
Como não falar de Guarapuava, onde deixei 10 anos de minha vida, entre idas e vindas? Uma cidade que conheci de um jeito, com chuva e dia fechado, a convite
do Eloir Gelinski para atender a conta do grupo? Como não falar de Guarapuava,
onde aprendi que da XV pra baixo você desce e da XV pra cima, você sobe?
Onde aprendi que várias expressões são usadas somente lá e que lá, mais do
que Paranaguá, as pessoas tem apelidos que pegam e seguem a vida toda?
Como não falar de Guarapuava com sua gente trabalhadora, que sofre, que luta,
que sonha e que almeja dias melhores? Mas calma. Devagar se faz um pouco e do
pouco se faz tudo.
A cidade onde a política gera inimigos em um número maior do que o normal,
mas que são inimigos assumidos, antes amigos, mas que se respeitam.
A Guarapuava do Eliseu, do Tuk tuk, do “seu” Alfredo, do Edgard Gelinski, bom homem, da Meri da Gaspar, do Carlos Huf, brilhante jornalista e dono de um texto
impecável, do Nilceu, amigo véio e companheiro de sempre, do Oscarzinho,
do Erondy, grande companheiro de madrugadas e aperitivos, de papos e de
abraços sinceros, do Romero, da Glaci Pissaia, mais do que amiga, fiel
confidente de momentos com chimarrão na loja(olha minha conta aí.....) e de
tantas outras pessoas que eu seria injusto em aqui esquecer alguém, mas devo
estar esquecendo, não por maldade, mas sim pela forma que escrevo.
Nem sempre a memória ajuda.
A Guarapuava do amigo Celso Góes, que de graça, acreditou no meu trabalho e no
meu potencial e que de graça, até hoje fala comigo diariamente, trocando
idéias e pontos de vista sobre a vida. A você Celso, o obrigado mais
sincero que um homem pode ter.
Esta Guarapuava que mereceria estar bem melhor do que está, sem crítica
nenhuma ao meu amigo Fernando Carli, a quem respeito e tenho amizade desde
seu primeiro mandato, mas uma Guarapuava que deveria crescer, não na ambição
de seus políticos, mas sim em benefício de seus moradores.
A Guarapuava que aprendi a conhecer em detalhes, não só nos tempos de
César Franco, mas na campanha do Julio Agner.
A Guarapuava que gerou nomes de destaque no cenário nacional, que tem pessoas
de brilho como o Pachequinho, amigo que comanda a Campo Real, com estilo e determinação. Boa pessoa e amigos de todas as horas.
A Guarapuava do Tino, o melhor amigo-garçom que já conheci na vida e que leva,
no peito, a alegria de ser um excelente profissional no Hotel Kuster, onde tem a melhor feijoada da cidade.
A Guarapuava de tantas pessoas anônimas, que sempre me sorriam nas ruas por
onde eu andava e sempre me cumprimentavam com um “bããããããoooooo!!!, no lugar
de tudo bem?
Enfim, daria para falar mais de 15 páginas sobre Guarapuava e sobre seus
habitantes, fossem eles quem fossem, mas o espaço deve ser limitado,
o que não impede que uma nova crônica sobre esta cidade querida e que
volte para estas páginas.
Esta cidade, de um jeito ou de outro, ajudou a alterar minha vida e os
conceitos sobre uma série de coisas. A ela devo muito. E a alguns amigos,
ainda devo. Mas sou partidário da frase:
um dia, chove no Ceará. E quando chover, serei o primeiro a estar aí.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

CHUVA

Tá legal....nosso prefeito Beto Richa conseguiu nos convencer.
A partir de agora, em dias de chuva, sairemos somente de
caiaques e esquis, pois só assim para se caminhar nas
calçadas de Curitiba, o menos no centro.
Para pessoas que trabalham a pé, como eu e milhares,

o centro de Curitiba é inevitável, nem que seja para passar por ali. Embora eu tenha medo de passar em frente a hotéis nas horas de almoço, sou obrigado a ir e vir pelas calçadas do centro,
inclusive em dias de chuva.
E o que se vê? Calçadas alagadas, onde qualquer galocha

resistiria, mas pergunto: quem usa galocha nos dias de hoje?
E em determinadas ruas, melhor andar de caiaque do que de carro.
Claro que administrar uma cidade exige paciência, dinheiro e boa vontade. E não são com detalhes “pequenos” como este que o prefeito irá ficar preocupado, mas nestes últimos dias,

com a chuva que nos visita, deu para perceber que alguma
coisa poderia ser feita.
Aí vem aquele papo de que a calçada é problema do morador,

do proprietário do terreno, etc.....Mas a prefeitura, tão preocupada com todos, poderia dar uma mãozinha nas calçadas da cidade,
ao menos na região central, porque se formos andar por aí,
coisas piores existem, sem dúvida.
Ontem ao chegar em casa para ir para a faculdade,

troquei de sapatos e de calça, pois parecia que estive
brincando na chuva.
Olha aí Sr. Prefeito: dá uma caminhadinha a pé pelo centro,

mas em dia de chuva, não em dia de campanha.
Pode ser que o senhor entenda o que digo.

Andar de ski no centro até que seria uma boa, mas será o caso?

terça-feira, 28 de julho de 2009

A VERRUGA

Sábado, dia bonito, turma alegre, gente conhecida de longo tempo.
Termina a peladinha de todos os sábados, dirigem-se para

o vestiário e aí começa a história. Depois do banho,
“Tonico” senta no banco de madeira para se vestir.
Ao seu lado, o bom amigo Dr. Chico, também se prepara
para colocar a roupa, quando vê no pé esquerdo do Tonico,
uma verruga no dedão do pé esquerdo que era de fazer
inveja a ervilha tratada a transgênico.
Comentários, gozações, brincadeiras, Tonico ganhou o apelido

de Seis dedos. Até que Dr Chico disse pra ele ir ao Pronto
Socorro do Cajuru, naquela próxima segunda, pois ele
estaria de plantão e retiraria aquilo do pé dele num tapa,
rapidinho. Tonico agradeceu, ainda riu muito com a brincadeira
da verruga e foi para casa.
Na segunda cedo, ligou para o amigo e foi para o Cajuru,

conforme o planejado. Avisou no escritório que iria se atrasar
um pouco, mas até as dez estaria lá.
No Cajuru, encontrou Dr. Chico e foi com ele para uma salinha

do pronto atendimento, coisa pequena, cortinas, cheiro de éter,
tudo igual a tantas salas.
Dr. Chico chamou uma enfermeira, pediu para Tonico tirar

a meia, ficar com o pé à mostra e a verruga famosa, também.
Tonico sentou na maca, a enfermeira fez uma assepsia e
começou a retirada do “sexto” dedo do Tonico.
Uma anestesiazinha local para não doer muito, um bisturi ao l

ado, gaze de montão, todo cuidado e a perícia do Dr. Chico
para comandar a “cirurgia”.
Passam-se alguns minutos, Dr. Chico aperta o dedão para a

anestesia “pegar” direito e Tonico, sem saber de onde e nem
como, desmaia.
Correria, chama este, chama aquele, Dr. Chico viu que Tonico poderia ser alérgico à anestesia. Era o que faltava, pensou ele: choque anafilático numa hora dessas? Corre para o centro

cirúrgico e chama dois plantonistas, voando para levarem a maca para cima, pelos corredores. Chico sobe pelo elevador e os dois plantonistas, ainda assustados com o acontecido, sobem as rampas correndo e empurrando a maca sobre as rodinhas meio travadas.
E na curva antes do centro cirúrgico, a rodinha trava de vez e o Tonico cai da maca, ladeira abaixo.
Os plantonistas gritam, se desesperam, Tonico desacordado,
Chico lá na porta do centro cirúrgico, vê o amigo rolar rampa abaixo. Levantam o homem e colocam na maca novamente, mas levantam com cuidado, porque viram algo errado. E não deu outra:
fratura de fêmur.
E Tonico desacordado.
Entra no centro cirúrgico, chama o ortopedista,
prepara a cirurgia, faz-se um teste de anestesia e operam o
Tonico da fratura de fêmur, com todo o cuidado e preparando a redução, pois naquele tempo o pós operatório era mais complicado do que nos dias de hoje.
Tonico volta a si e vê a família ao lado da cama, bem como o

amigo Chico. Ainda sem saber o que tinha acontecido, sente
uma dor na perna esquerda, olha para todos e pergunta para
o Chico o que ele estava fazendo ali.
Chico explica tudo o que aconteceu, mas era para ele se
acalmar, pois estava tudo sob controle.
Tonico recebe todos os cuidados do hospital, os plantonistas

dão plantão extra na cabeceira do Tonico, Chico não vai para
casa durante 3 dias e tudo termina bem.
Após uma semana internado, Tonico volta para casa,
ainda com apoio de muletas e cadeira de rodas, todos os
cuidados para manter a tração e os cuidados de um enfermeiro
cedido pelo Cajuru para a recuperação na residência.
Passados 30 dias, Tonico volta a caminhar, vai para fisioterapia,

se prepara para a sessão com a fisioterapeuta indicada,
quando ela, ao olhar o pé dele, diz: “mas que verruga feia esta aqui, seu Tonico. Já pensou em tirar? É rapidinho”......
Tonico só olhou e não disse nada.
Tem horas na vida em que é melhor não dizer nada.
E até hoje, 25 anos depois, ta lá a verruga do Tonico e

o Dr. Chico, aposentado, sempre conta a história com
um pouco de humor.
Mas tem que ser com humor mesmo.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

BIFE A CAVALO

A PEDIDOS

Bife à cavalo diferente
Tempero para a carne:
· 400g de contra filé
· ½ xícara (chá) de molho inglês
· 3 dentes de alho picadinho
· 1 fio de azeite

Modo de preparo:
Tempere a carne com todos os ingredientes e deixe marinando por 20 minutos. Aqueça uma frigideira e frite os bifes.
Acompanhamento:
· 3 cebolas em rodelas
· 1 xícara (chá) de ervilhas frescas
· 5 ovos
· 300g de queijo mussarela
· salsinha picadinha a gosto

Modo de preparo:
Na mesma frigideira que foi frito os bifes coloque a cebola e deixe dourar junto com o vinagre.
Pegue um refratário e arrume os bifes lado a lado.
Coloque a cebola em cima dos bifes, as ervilhas e frite os ovos um a um e coloque também nos bifes com uma fatia de queijo em cada ovo.
Levar ao forno alto até que o queijo esteja derretido, salpicando com a salsinha. Sirva com arroz branco e feijão.

NO SUPERMERCADO

Sexta-feira. Cinco da tarde. Saio da reunião onde eu estava e
vou para o supermercado. Alegre, tranqüilo, feliz em fazer
compras para mais um final de semana chuvoso.
Listinha no bolso, estacionamento meio cheio, encontro a

vaga dos deuses e paro.
Carrinho na mão, passos lentos olhando prateleiras e pessoas, caminho tranquilamente em busca de artigos que satisfazem

a todos, principalmente a mim, pois as compras eram a minha necessidade.
No corredor de artigos para limpeza, um carrinho com produtos

de limpeza e somente produtos de limpeza. Como sempre observo, chama a atenção e olho para a mulher que coloca mais coisas
dentro do carrinho. Uma mulher elegante, de seus 40 anos,
que coloca tudo de seis em seis. Será que é dona de hotel?
Não, me parece mais freqüentadora de hotel.
Será que faz compras para os filhos junto? Pode.
Muitas mães compram e levam coisas para os filhos ou filhas.
Alinhada em seu terninho preto, a mulher continua a colocar

coisas no carrinho, tudo de meia dúzia. Não resisto e sorrio.
Ela responde ao sorriso. Comento que é compra para uma pensão.
Ela sorri e diz que não, é compra para ela. Só que como antigamente ela não podia comprar de quantidade, agora ela se vinga. O ex marido não deixava comprar em quantidade. Apenas o necessário.
Continuo minha caminhada pelo supermercado. Apanho algumas coisas, confiro a lista, o celular toca, mais lembretes da compra e sigo.
No corredor dos molhos e enlatados, um senhor coloca mais

de 15 Pomarola no carrinho. Também chama a atenção,
eu olho e ele diz, antecipando-se ao comentário: é para meu restaurantezinho. Hoje é dia de talharim ao sugo. E como está barato, leva-se mais.
Repararam como as pessoas conversam nos supermercados? Comentam preços, comentam produtos, se justificam, mesmo

quando não questionadas. Sou assim também. Ao apanhar
cervejas e colocar no carrinho, uma senhora me olha com
ar de censura e eu digo que é muita sede. Não tomo água
porque faz muito mal à saúde.
A senhora fica me olhando como quem se pergunta: onde faz mal?
No balcão de carnes, encontro o que procurava e coloco no carrinho. Um senhor na fila do açougue me olha e comenta sobre o

preço da carne, um absurdo, vamos deixar de comer logo, logo.
Digo para ele que é verdade, mas quando se tem uma
vontadezinha, melhor realizá-la.
Sigo. No congelados, algumas caixinhas de Nuggets Crocante,

para aperitivos imprevistos e molho rosè acompanhando.
Uma caixa de hamburger bovino tracidional, para um eventual
chesse salada que apareça pela madrugada. E sigo.
Após fazer minhas compras, ainda encontro a mulher elegante do terninho e com o carrinho quase sem poder rodar, de tanta coisa e tudo de meia em meia dúzia. Ela sorri, diz que agora sim, estava

tudo ali. Fico pensando no que ela havia dito e analiso:
que seja feliz, mesmo com exagero, mas quando se pode,
se pode e quando se quer, se quer. Só de Limpol tinha 12 frascos.
Na fila do caixa, já enorme e cheia de gente com carrinhos carregados, observo um senhor atrás de mim.

Devia ter seus 50 anos, jovial, olhava para todos os lados,
pois todas as pessoas olhavam para o carrinho dele.
Ali, arrumados um a um, estavam mais de 50 pacotes de
Sempre Livre, dos mais variados tipos.
Ele me olhou, sorriu e eu, para matar a curiosidade, disse que era para a farmácia dele. Ele sorriu, disse que não, mas sim para as 6 filhas e a mulher. Quem tem sete mulheres em casa, sabe o que é isso.A casa das sete mulheres. Eu comentei que ele deveria ser

sócio da Johnson e Johnson.Ele riu e ficamos analisando os
outros carrinhos.
No caixa ao lado, uma senhora empurrava o carrinho cheio, com uma criança no banquinho de metal, toda rebosteada de chocolate, com a cara parecendo mais uma maquiagem.Coisas de criança....
Em outro caixa, uma mulher falava ao celular dizendo que já

havia comprado tudo o que estava na lista que era para ele se tranqüilizar.
Olhando o carrinho dela, a lista era pequena, e a maioria dos produtos era diet, light, essas coisas. Ela, pelo visto, iniciava um regiminho ou alguém estava de dieta.Ou era para um diabético.
Ao chegar minha vez, passei, paguei e fui para o carro, ainda observando as pessoas no supermercado.
Além de gostar de ir fazer minhas compras ou acompanhar

quem faz compras, gosto de observar pessoas e seus jeitos,
suas manias, seus olhares para produtos e comparativos de preços.
Caras feias para carnes e frangos, caras boas para ofertas,

assim é a rotina do supermercado.
De vez em quando gente bonita, mulheres ainda bem arrumadas

ou de agasalhos de ginástica, tênis e rabos de cavalo.
Sempre, na fila de idosos, gente simpática e querida que

merece a distinção.
No geral, um centro de compras diferenciado, pois se encontra

de tudo. Até executiva de terninho comprando em quantidade.
Vale uma crônica especial sobre o povo do supermercado.
Assim como eu, o objetivo é fazer compras e não ficar vendo e ser visto.
Mas é inevitável.

DO SACI DO C ....DA COBRA

"Ao perder a ti, tu e eu perdemos
Eu, porque tu eras a que eu mais amava
E tu, porque eu era o que te amava mais
Contudo, de nós dois, tu perdeste mais do
que eu
Porque eu poderei amar outras como amava
a ti
Mas a ti não te amarão como te amei eu"

(Ernesto Gardenal- Poeta nicaraguense )

POUCO......VALE MUITO


Basta engatar a primeira.
Pronto.
Carro na estrada, som ligado, suavidade de um motor potente,

ar condicionado ligado, velocímetro a 110 por hora, pronto.
Que mais?
Um som que revela calmaria, tranqüilidade, serenidade.
Estrada boa, limpa, céu de brigadeiro, mão direita no colo,

segurando a mão esquerda da companheira.
Quer mais?
Curvas suaves, conversas boas, risadas, gargalhadas,

assuntos de um ontem e de hoje.
Um hoje novo, cheio de novidades e revelações.
Água mineral, goles delicados, entra Chris Rea cantando

I’m Driving Home For Christmas. Pronto.
Pedágio, belas imagens, asfalto novinho, segue o carro.
Uma paradinha, xixi da hora, água gelada, estica as pernas.

E o cigarrinho, que não pode faltar. E a companheira fuma, ainda bem.
Assim cinzeiros se beijam.
Abraço, beijinho rápido, sorriso.
Estrada, 110 por hora, música tocando.
Curva à esquerda, mais alguns quilômetros, chegada.
A praia é linda, o povo é bom, o lugar é especial.
O hotel agradável, a cerveja gelada, a companheira,

mais do que feliz. Felicidade que pega a ambos.
Silêncio na rua, madrugada entrando, corpos se amando.
Pronto.
Quer mais?
Não precisa.
Ao fundo, Kenny G toca Over the Rainbow.
Cai o pano.
Uma simples viagem, um grande momento, uma cena gravada.
Pronto.
É só repetir mais vezes para ver como se é feliz com pouco.
Muito pouco.

domingo, 26 de julho de 2009

LYN YUTANG

Um folósofo chinês, chamado Lyn Yutang, disse o que está abaixo.
Muito certo.
Muito profundo.

“dar um passo atrás
e retomar o caminho certo
é uma decisão que diferencia
os sábios dos demais.”

TEXTOS DE CLARICE LISPECTOR

Leituras interessantes.....

"Ah, e dizer que isto vai acabar,
que por si mesmo não pode durar.
Não, ela não está se referindo ao fogo,
refere-se ao que sente.
O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba,
e pode nunca mais voltar.
Encarniça-se então sobre o momento,
come-lhe o fogo,
e o fogo doce arde, arde, flameja.
Então, ela que sabe que tudo vai acabar,
pega a mão livre do homem,
e ao prendê-la nas suas,
ela doce arde, arde, flameja."
(Clarice Lispector)

"Mas há a vida que é para ser intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata."
(Clariece Lispector).

MAIS MÁRIO QUINTANA

DO AMOROSO ESQUECIMENTO
Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

sábado, 25 de julho de 2009

SÁBADO NA COZINHA....NADA MAL

Com um sábado horroroso como este, nada melhor que ir para a cozinha.
Vinho Cote du Rhone, taça adequada, cigarrinho, ingredientes selecionados, músiquinha ao fundo(Randy Crawford) e dê-lhe a receita abaixo. Capriche, porque ficou muito bom. E, de quebra, um beijo da família pela excelência do prato.
Filé mignon ao vinagre balsâmico com salada de batatas

Ingredientes
2 colheres (sopa) de manteiga 4 medalhões de filé mignon

(cerca de 500 g no total)
sal e pimenta-do-reino a gosto
molho
6 colheres (sopa) de vinagre balsâmico
2 colheres (chá) de pimenta-do-reino verde
salada de batatas3 batatas médias descascadas
2 fatias de bacon em pedaços pequenos
2 ovos médios cozidos em pedaços pequenos
1 cebola pequena picada
6 folhas de cebolinha verde picadas finamente
3 colheres (sopa) de azeite de oliva sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto
Preparo
Aqueça a manteiga numa panela,

coloque os medalhões (2 de cada vez) e frite até dourar por fora de maneira uniforme.
Tempere com sal e pimenta-do-reino e reserve em local aquecido.
Na mesma frigideira, coloque o vinagre balsâmico e a pimenta-do-reino verde e leve ao fogo por 4 minutos, esmagando as pimentas.
Deixe o vinagre reduzir um pouco e volte os medalhões à frigideira.
Cozinhe em fogo baixo por mais 2 minutos.
Salada de batatas:
corte as batatas em cubos médios.
Leve ao fogo uma panela com 2 litros de água e, assim que ferver, acrescente as batatas e deixe cozinhar por 25 minutos, ou até ficarem macias, mas sem desmanchar.
Retire do fogo e escorra a água.
Coloque o bacon picado entre duas folhas de toalha de papel e leve ao forno de microondas, na potência alta, por 2 minutos, ou até ficarem crocantes.
Misture numa tigela as batatas, os ovos, o bacon, a cebola e a cebolinha. Tempere com sal e pimenta-do-reino e regue com o azeite de oliva.
Sirva os medalhões com o molho de vinagre balsâmico e a salada de batatas.
Decore com pimenta-do-reino verde e cebolinha verde

Não esqueça: faça tudo com calma e com muito amor.
Não tem erro.
E o vinho, tem que ser especial.

Bom apetite.

A SACADA DA BENTO VIANA

A fina garoa traduz um quadro acolhedor para um sofá
que aninha e protege quem precisa. Teimoso, sento na
cadeira aveludada, na sacada que se apresenta, onze horas
da noite. Em frente, do outro lado da rua, prédios acolhem
pessoas que se preparam para dormir.
Persianas meio abertas, revelam corpos femininos trocando

roupas, vestindo camisolas ou quase nada que pese sobre o corpo. Contornos provocam a imaginação deste que observa,
procurando saber se era ajeitada a donzela, ou não.
Na janela de baixo, a mulher se troca sem cerimônia,

jogando os cabelos longos e loiros para trás, como se eu
não estivesse ali, como se nada e ninguém perturbasse o ato.
Na janela do lado, a criança recebe um beijo do pai e deita-se na cama, sem o black-out fechado, sem a preocupação da cortina

aberta na totalidade.
Contornos circulam no vai e vem do banheiro, no pentear

de cabelos, no escovar de dentes.
Eu, na sacada, dou um gole de cerveja gelada, acendo mais um cigarro e observo. Como dorme cedo este povo....

Mas na verdade, o errado sou eu. Durmo tarde e pouco.
Mas o hábito já criou o monge.
Luzes de abajoures se apagam, carros diminuem a intensidade,

sons da noite invadem a quadra da Bento Vianna, residencial
por excelência, mas que ontem, já abrigou escritórios,
academias, restaurantes e boutiques.
Um som de música vem do posto da esquina, mas nada que atrapalhe.
A cerveja termina, apanho outra, sento novamente na cadeira,

apoio os pés na sacada, acendo outro cigarro.
Meu Deus, ainda morro disso.
Na janela do prédio da frente, maior que as outras, um corpo

aparece na sombra da cortina, fina, parece ser bem fina mesmo.
É uma mulher de silhueta bonita, cabelos compridos,
camisola rente à pele. Imagino como ela é. A curiosidade
traça lances incríveis, corpos inesquecíveis, gestos tentadores.
Não posso vê-la, mas ela sabe que estou ali, pois a sacada

é exposta e quem quer, vê.
O celular dá sinal de mensagem, abro, leio, é mais uma notícia

do dia, enchente em São Paulo. Na seqüência, uma mensagem
bonita de uma mulher que se prepara para deitar, em outra cidade, em outra casa, também com cortinas que saem para a rua.
Aí percebo que alguém, lá na cidade dela, pode estar
espiando como estou. Será?
Não creio, mas admito que seria uma bela vista.
As luzes se apagam por inteiro, as pessoas deitam e dormem.
Fico na sacada e na cadeira aveludada ouvindo os sons da noite.

A fumaça do cigarro descortina imagens de prédios com
luzes que se acendem e se apagam, com almas que se preparam também para dormir. E eu ali. Acordado feito recém nascido,
ligado no que acontece na região.
Curitiba esconde segredos à noite e eu corro atrás deles,

mas nem todos eu descubro. Ou nem todos se revelam.
Segredos são feitos para serem mantidos.
A noite invade a cidade. O silêncio, agora maior, me convida

para ir deitar, após a fileira das cervejas me chamar a atenção
para o consumo.
Chega.
De fato, deu para ficar balão, fumar um monte, pensar outro

monte e aumentar o monte que invade minha cabeça,
todas as noites.
Acredito que deveríamos ser movidos a chip: tirou, pronto.

Deita e dorme.
Na manhã seguinte, coloca e aciona o mecanismo da vida, dos pensamentos, dos sonhos, das ações e realizações, das

mágoas e das frustrações.
Este chip seria trocável a cada 10 anos, apagando o que o

antigo guardasse e abrindo espaços para o novo.
Mas, como ainda não é assim, escovo meus dentes,

lavo meu rosto, vejo que envelheci ainda mais um pouco,
penteio meus cabelos que restam e estão brancos, rezo e
durmo.
Como não lembro o que pensei enquanto dormia,

não escrevo mais.
Amanhã, certamente, tem mais.

NÃO É MINHA, MAS É BOA

“Que mulher nunca comeu
uma caixa de Bis por ansiedade,
uma folha de alface por vaidade e
um cafajeste por saudade? “

HOMENAGEM A UM AMIGO.

Ele teve histórias para contar.
Ele teve estórias para criar.
Leu, mas leu tudo o que lhe caiu nas mãos.
Memorizou como poucos fatos, datas, locais, acontecimentos,

nomes, detalhes de países, detalhes de uma vida agitada,
alegre e feliz.
Mesmo nos momentos de baixa, o astral era fundamental.
Sorria mesmo triste, animava mesmo preocupado, amparava

mesmo desolado.
Ele fez o que fez e seus filhos, sua família, seus amigos, podem contar em detalhes uma vida boa de se ouvir.
Levou a família para todos os lugares que conseguiu, mas

manteve a todos debaixo das asas.
Na pintura, destacava-se pelo toque sutil, pela profundidade, pelo estilo.
Na oratória, mesmo entre poucos, exercia o poder da palavra.
Uma homem carinhoso, antes de tudo, protetor dos filhos,

das noras, dos netos, dos amigos.
Um homem com quem dava gosto de sentar na areia e falar,

ouvir, rir, beber, degustar. Sim, pois ele não comia.
Ele degustava.
Passou para os filhos a simpatia, a alegria de viver, a sensação de sempre querer descobrir alguma coisa a mais.
As areias de Caiobá não serão mais as mesmas.
A barraca ficará com um vazio difícil de ser preenchido,

mas sua presença estará lá.
Fará falta, sem dúvida, mas basta lembrar do seu sorriso para

abrir o nosso.
Descanse em paz, Geraldo Campello.
Com certeza o céu apresentou mudanças de uns tempos para cá.
E para melhor.

OSCAR WILDE

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer,
mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de
pior em mim. Para isso, só sendo louco.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios,
crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.''

Oscar Wilde

sexta-feira, 24 de julho de 2009

MÁRIO QUINTANA

em homenagem à minha querida amiga Rilza, companheira de longas jornadas, abro aqui espaço para textos de Mário Quintana. Dá um prazer e ao mesmo tempo uma dor de corno, pois ele escreveu coisas que a gente gostaria de ter escrito. E para não tomar muito espaço, cada dia colocarei alguma coisa. Assim, rapidinho, amigos e leitores poderão "pensar' no que está escrito.

"Três amores...
Quem me deu
Tão estranha sorte assim?
Três amores, tenho-os eu
E nenhum me tem a mim!"

"Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho."

O homem tem estilo.
Amanhã tem mais.

1971, 1972 ...

Idos de 1971, 1972....
A vida era totalmente diferente do que é hoje.
Primeiro porque é óbvio, segundo porque o mundo girou
e evoluiu e terceiro, porque ninguém pára no tempo,
apesar da minha memória, que ainda me ajuda a escrever
alguns tipos de histórias que temos, todos nós.
Então, nos idos acima mencionados, tínhamos uma vida digna
de ser – e para ser - contada. Eu e a turma do colégio, foco específico desta crônica.
Enquanto as rádios tocavam BJThomas, com Rock and Roll Lullaby, nós íamos para o colégio, fazíamos amizades que duram até hoje e vivíamos o início de uma grande década: a década das descobertas, dos primeiros isso e aquilo, das paixões avassaladoras, dos amigos do peito, do companheirismo que hoje é cada vez mais raro. Não sei se por influência da educação que tivemos no Colégio Medianeira, não sei se pela educação que recebemos em casa ou da educação da época, onde não se chamava pessoas mais velhas de você e nem se imaginava chamar a mãe de “velha”, como hoje vejo por aí.
Pagar mico era uma expressão que não existia e tínhamos orgulho de nossos pais, mesmo com uma educação mais rígida, que conseguimos burlar em alguns momentos, mas soubemos
manter até os dias de hoje. E crescemos com o privilégio de ouvir

Vinicius de Moraes e assistir a inauguração do Teatro Paiol, com o show dele e Toquinho: inesquecível.
Então, voltando aos idos mencionados..... Curitiba era diferente e
a vida era diferente. Enquanto nossos pais, na quase totalidade, trabalhavam com afinco em seus afazeres, nós tínhamos que fazer os nossos. O principal: estudar. E tentávamos, apesar dos professores que, às vezes, nos impediam de obter o sucesso desejado.
Claro que nós não conseguíamos por sermos quase vagabundos, preguiçosos e donos da razão. Não todos, claro. Mas descobrimos,
na pele, que a razão ficava com os professores e, se fosse o caso, repetíamos de ano. E era feio. Nossos amigos nos apoiavam,

mas era feio. Repetente, naquela década, era mau exemplo.
Tô nessa leva. Reprovei em 1971 o primeiro científico.

Mas foi bom.
Pois bem...a rua XV ainda tinha carros passando, Jaime Lerner não havia assumido, a Confeitaria Cometa abrigava clientes tradicionais, inclusive nós, no início das atividades cervejísticas de cada um. A Loja da Slopper era o show, a Menilmontant abrigava grandes clientes e a classe era mais presente.
As festas de 15 anos tinham glamour, as meninas eram educadas ou levadas ( levadas não do verbo), mas eram poucas. “Ficar” naquele tempo, era ficar com dor de cabeça, ficar a pé, ficar de “bode” ou algo assim. Menina que “ficava” era chamada de “galinha’. Depois, agüente os comentários. Mas todas se deram bem, como vimos.
Esta cidade oferecia segurança, menos gente na rua, menos

carros na rua, menos agitação no dia de cada morador.
O aeroporto era longe, o Tarumã era longe, Colombo era uma viagem.
Vias rápidas não existiam. Mas algumas coisas são iguais até hoje.
Nós, alunos e amigos, armamos situações para serem vividas e foram muito bem vividas. Casos de colégio, de festas, de encontros, de desencontros, enfim, tudo o que a adolescência permitia, nós encarávamos.
As festas eram o ponto alto de cada final de semana. Festas onde o consumo de álcool era pouco e a transação, chamada de “flerte”, era muita. Aliás, eu sustento e defendo que nossa geração de 15 a 18 anos, bebeu muito menos do que esta de hoje. Brincadeira!!
Bebeu mesmo. Alguns se destacaram tanto que não estão mais

entre nós, não só pela bebida, mas por outros fatores.
Festa de 15 anos no Clube Concórdia era ponto fatal.
Festa de 15 anos na casa das amigas, era um show.
Som feito pela Party Box, luz negra com estroboscópica, LPs rodando em dois pick-ups, gravador Akai de rolo 476, mixer Quasar de 4 canais, enfim, uma época que hoje parece da idade da pedra.
Mas com tudo isso, dançamos muito – e músicas de qualidade.
Não vou falar em músicas, pois fica muito extenso o texto.
Na festa de 15 anos da Bebê Paula Soares, na casa dela, um show de festividade. Lá pela uma da manhã, o pai de um amigo nosso disse que era hora de irmos embora. Fomos. Ele também foi. Nós voltamos. Na saída, com o dia amanhecendo, fomos para a panificadora de meu pai comer pão de minuto e coca-cola. Depois, cada um foi para sua casa com pão quentinho no pacote.
Esta festa da Bebê foi um divisor de águas na vida de muitos.
Primeiro pelo smoking, peça usada pela primeira vez por todos nós.
Segundo, pela casa, que era – e é belíssima. Depois, pelas presenças de meninas lindas e maquiadas, longos e cabelos arrumados, etiqueta aprendida na Socila e tudo o mais. Parabéns Dona Aliete. A senhora criou e educou mulheres encantadoras. Aliás, me pergunto até hoje, se na Socila ensinavam as meninas a tomar chá em colher de prata.
Quem tomou, tem mais classe, mais charme, mais presença, mais berço. Até o minguinho fica erguido na hora do beber.
Quem não tomou, também pode ter, mas daí a andar descalça pela casa o dia todo, perde um pouco o charme feminino. E deixa o calcanhar mais feio, o pé mais solto, mais deformado. Mas tem gente que gosta. Respeite-se. Apesar de que mulher deve sempre ser feminina, em todos os seus gestos.
Meninas que foram criadas de forma diferente das de hoje, mas que souberam manter a dignidade, a seriedade e a presença, com charme. Algumas, até hoje, senhoras, mães e avós, com estilo.
Aliás, meninas de ontem tem mais estilo que as de hoje, embora as de hoje tenham destaque também, claro. mas falta o estilo, o comportamento, a postura. Mulher é alvo de conquista e não a ditadora da coisa.

Difícil encontrar uma amiga daquele tempo que tenha virado puta. Difícil mesmo.
Para ir namorar, íamos mais arrumados, mas encontrávamos a moça muito mais arrumada, roupa bonita, perfume, cabelo no lugar. Só pelos idos de 1978 que a coisa começou a se soltar, embora

existam meninas que até hoje se arrumam para esperar o marido ou o namorado na praia, todas as sextas-feiras. Meninas ?
No tempo das festinhas de 15 anos conseguimos reunir uma turma imensa de pessoas que se gostavam e que traduziam isto na hora do recreio, esta prática substituída pelo intervalo nos dias de hoje.
Fumar escondido era o desafio. Guardar cigarro no “saco”, dentro da calça jeans, ou na meia, coberta pela boca-de-sino de 40 cm.
No banheiro, na cancha de futebol, no bosque do Medianeira, mas tudo, tudo mesmo, sob o olhar de Padre Paulo Roden, uma figura que dificilmente será esquecida pela nossa geração. Além de enérgico, ele foi sábio. Notou a mudança dos tempos, dos comportamentos e nos deu condições de crescermos dentro da época em que vivemos e não da época passada.
Mas o pulso firme era dele. E hoje, passados estes alguns anos, reconhecemos na figura do Padre Paulo, um amigo, antes de tudo.
Só que em 1971, Padre não era amigo, embora fosse orientador.
E ali, nos corredores do colégio, grandes amizades se formaram e alguns casamentos saíram. E, para espanto de alguns, alguns casamentos duram até hoje, 2009.
Alguns acabaram, mas quê fazer?
Dentro das 4 paredes de uma casa, somente o casal pode decidir se vai, ou se deve parar.
Dado este preâmbulo longo, na próxima entramos em detalhes de pessoas, nomes, datas e acontecimentos que merecem ser contados.
Tem história aí.
E da boa.

FALEMOS DE MÚSICA

No meio de tudo, um pouco de tudo.
Assim penso quando gravo um Cd.

Sempre gravo sabendo que é para eu ouvir, sozinho ou em companhia agradável. E tenho levado sorte.
Este Cd que trago hoje aqui, é uma coisa rara.
Seleção feita quando eu morei em Guarapuava,
às 4 da manhã com algumas cervejas, cigarros e imagens.
Músicas e perfumes são uma desgraça na vida da gente.
Assim, sentadinho, concentrado, procuro as músicas já na

seqüência que pode ficar legal.
Quando fica bom, contrario meus princípios e copio para poucas pessoas.
Como dou nome para todos os Cds que gravo, este tem o nome de MOMENTOS EM CANASVIEIRAS(apesar de gravado em Guarapuava).

E apesar destes dias de chuva, ideais para juntar esterco,
aqui vai a relação que você poderá curtir em momentos diferentes, tanto em casa quanto na estrada. Ou se preferir, no IPod.
Anota aí.

PETER PAUL AND MARY – LEAVING ON A JET PLANE
TODD RUNDGREN – HELLO IT’S ME
GLADYS KNIGHT AND THE PIP’S – MIDNIGHT TRAIN TO GEORGIA
CHARLES AND EDDIE – WOULD I LIE TO YOU
CARLY SIMON – ITSY A BITTSY SPIDDER
OVER MY SHOULDER - ? esqueci
I SAY A LITTLE PRAY FOR YOU – ARETHA FRANKLIM
ALESSANDRO SAFIRA E ELTON JOHN – YOUR SONG(prepare a alma)
LOVE EVERY MINUTE – esqueci também
DES’REE – WHY SHOULD I LOVE YOU
JOE COCKER – MY FATHER EYES
BARRY MANILOW – I CAN’T SMILE WITHOUT YOU(tem que ouvir de mãos dadas e dançando…..)
“TIO” ROD STEWART – HAVE I TOLD YOU LATELY (veja a letra…)
HOW DEEP IS YOUR LOVE - BEE GEES
MORE THAN WORDS –esqueci, de novo.......
Aí, se prepara e pode ouvir uma gostosa seleção de músicas de fino trato.E se você gostar, avise.
Até a próxima.

RARO MOMENTO

Tipo preguiça, mas antes, um talento expressado em uma voz.
Uma voz que agrada, que provoca, que transmite algo.
Inglesa, começou cantando em coros de igreja. Fundou uma banda chamada Helen e aí ganhou espaço, devido ao seu talento.
Na chapelaria de um clube, começou a cantar nas horas

de pouco movimento e descobriu o soul e o jazz.
E alguém descobriu a moça.
Daí, casou-se com um saxofonista que morreu de overdose,

mas ela continuou na trilha. Quando a EMI gravadora contratou-a para fazer o primeiro CD, Pimba!!!!
Entrevistas, prêmios e destaque. Prevalecia a qualidade da voz. Imperdível. Uma voz doce e suave que arrancou aplausos

do público inglês e depois, mundial.
Uma cantora de profundo sentimento, que encanta, que prende,

que cativa. Compositora e cantora, mata a pau.
Sensível, antes de tudo.
Não é para todo o mundo, mas o mundo a conhece.
Anote aí: CORINNE BAILEY RAE, a musa de momentos exclusivos.
Mas atenção: como você está à procura de momentos mais calmos,

ela é a dica certa. E para viajar, no carro, calmo, a 110 por hora,
ela é a melhor companheira. Ou naquele sofá gostoso.
Aquele que exige uma companhia que curta tudo isto também.
Porque não existe coisa pior do que você curtir uma música ao lado de uma rocha. Evite isso.
Anote aí as dicas, mesmo que faltem algumas, porque a moça é “poderosa”.
Till it happens to you
Trouble sleeping
Call me when you get this
Choux pastry heart
Breathless
I’d like too
Butterfly
Seasons change
Enchantment
Like a star
Put your records on(esta é DUCA……..pode ouvir duas vezes ou adotar como toque do seu celular. É boa mesmo.)
Aí você ouve, curte, aprende, gosta e vira fã.
Esta moça é especial.
Tem tudo para ficar mais alguns anos no sucesso.
Até porque não é chegada ao estrelato.
Vale a pena.
Baixa por aí e grava um Cd. De preferência, curta tudo.

Arranjos, letra, voz, interpretação, produção.
Só músicos de primeira, vocal bem equilibrado, tudo em cima.
Bons momentos.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

UMA IDÉIA


SÃO PAULO - 1972

Julho de 1972.
Na casa da Réco(Regina Marder), reúnem-se amigos de colégio

e de convivência para programar uma ida a São Paulo.
Detalhes daqui, detalhe dali, tudo certo.
Iremos de leito, todos juntos e em lá chegando, a distribuição começa. Marco Bassetti e eu vamos para a casa do tio

do Armando Queiroz. Regina e Silvia vão para a casa da avó.
Wânia, a namorada daquela época, vai para a casa da avó dela.
E Renato Miró, não sei para onde foi, mas sei que estava lá.
Na rodoviária, táxis com destinos diferentes, mas com endereços anotados para o encontro na parte da tarde.
Armando, Marco e eu no táxi, seguindo para a casa do tio dele.
Em lá chegando, uma recepção amigável, querida, calorosa.
O apartamento não passava de 50 metros, mas comecei a ver

onde iríamos dormir? Armando era o sobrinho, então a cama de solteiro do segundo e último quarto, seria dele. Mas eu e o Marco?
Deixa pra lá. Tudo se ajeita. Enquanto ficamos no apartamento,

o tio do Armando fumou 12 cigarros e bebeu 24 cafezinhos,
sentado na janela da sala.
À tarde, fomos para a casa da Vó Silvia, figura inesquecível na

nossa fase de adolescência e crescimento.
Recebidos com abraços, beijos, carinho e muita alegria,

sentamos na sala da entrada, com sofás e poltronas conservadas, cristaleira com badulaques antigos, mesa de refeição daquelas de madeira pesada, bonita e cadeiras com encosto alto.
Na poltrona da sala, Exmo Sr Chico Cruz, avô, de bonezinho
de lã, bengalinha e uma simpatia que era só dele. Um homem agradável de conversar, apesar da dificuldade pela idade e pela doença. Mas era companheiro.
Na cozinha, Eudóxia, a emprega, dava o tom. Mas Vó Silvia

era a comandante. Iríamos jantar um cuzcuz de camarão
(achei melhor grafar com z...endente?).
Chegada a hora do jantar, uma delícia de prato.

Uma delícia o papo, a conversa, as risadas, o ambiente.
Cigarrinhos na mão, lá ficamos até perto de meia noite.
Aí começou a história. E que história.
Táxi para ir embora em plena Avenida Angélica.

Um Volks(também chamado de fusca) sem o banco da frente. Conclusão: Armando e Marco foram sentados e eu de cócoras
no espaço do banco.
Na ida, uma blitz. Apresentação de documentos, aquelas coisas.

E eu, o único documento que portava era a carteira de estudante do Colégio Medianeira. Mas foi. Chegamos na casa do tio. Todos dormindo, silêncio, friozinho. Colchonetes preparados.
Marco no sofá e eu, embaixo do piano, naquele espaço abaixo do teclado, ao lado dos pedais. Vai. Tudo bem.
Silêncio, soninho, calmaria. De repente, um acesso de tosse
do tio do Armando. Marco só olhou lá do sofá e eu ali, quieto.
A claridade da rua iluminava nossos rostos de surpresos.
Dormimos lá pelas 3 da manhã. Às sete, o tio acordou, fez
café e já acendeu o cigarro dele. Você não imagina o que é
acordar com a fumaça do cigarro entrando no seu nariz,
mesmo que você fume. E logo cedo, para quem estava em férias. Depois de um banho milimetrado (já tomou? Só cabe
você e a água do chuveiro), saímos.
No almoço, Marco e eu decidimos mudar de casa.

Ele tinha um tio lá em SP, na Vila Mariana.
E para lá fomos, depois de um telefonema. Agradecemos

os familiares do Armando e partimos.
Chegamos na casa do tio do Marco. Outro suspense.

Meio antiga, mal assombrada, uma casarão da Vila Mariana
com um homem solitário morando nela, tendo a companhia de uma empregada que fazia os ares de dona de casa. Ele era viúvo,
mas pelos quadros na casa, eterno apaixonado pela ex.
O tio, muito querido e simpático, sofria de alcoolismo, mas em

nada isto nos dizia respeito. Acomodamo-nos na parte de cima da casa, um quarto com duas camas de solteiro, guarda-roupa
entalhado e antigo, uma caixa de brinquedos do neto do tio do
Marco e uma janela para os fundos de outra casa, onde o
banheiro era rente com a parede.
Tudo muito bom, tudo legal.
Fomos para a casa da Vó Silvia, saímos, passeamos, comemos sanduíches de monte, rimos demais, a Wânia desmaiou devido à cólica, Réco sabia quais ônibus tomar e assim passamos o dia.
À noite, lanche na casa da vó e depois, rumo para a casa do

tio do Marco. Começa a aventura. E ponha aventura nisso.
Ao entrarmos, o homem e estava no escuro da sala, com uma

chave inglesa na mão. Olhamos e não entendemos nada.
A casa no escuro, a chave inglesa, o homem no sofá, o que era aquilo?
Daí ele nos disse que estava tentando abrir uma garrafa de Cinzano.
Pronto. Começou a aventura. Meio de pileque, o tio apanhou

a garrafa que nós abrimos e o copo. Sentou-se na poltrona
da sala, já com a luz acesa e tomamos um copinho com ele.
Mas ele era profissional. A postura era perfeita, mas a língua já enrolava a cada dez palavras.
Subimos para nosso quarto e começamos a observar o que ali

existia.
Uma coleção de carrinhos Matchbox nos chamou a atenção.

E Marco eu decidimos “brincar’ de carrinho lá pelas duas da manhã. Muitas risadas pela ridicularidade da cena. O banheiro do vizinho parecia que era dentro do nosso quarto. Sons estranhos para uma primeira noite de sono. E muito sono. Até corneta tocamos na
janela, de madrugada. Coisas de guris. Mas guris sadios.
Apagamos a luz, dormimos. Uma hora depois, acordamos com

uma barulheira que vinha do corredor dos quartos.
Abrimos a porta, já encagaçados e vimos o tio do Marco
discursando, falando, ainda com a garrafa de Cinzano na mão.
Deu certo medo, pois ele falou algumas coisas da família que
eu não entendi nada. E falava em voz alta, a la
Odorico Paraguassú, o personagem da novela de Dias Gomes,
o Bem Amado.
Mesmo assim dormimos.
Dia seguinte, cedo, a empregada preparou um café, tomamos e zupt, saímos dali.
Na casa da vó encontramos com todos e fomos para a Rua Augusta, na época, a moda da capital paulista. E era muito legal, mesmo.
Loja em loja, lanchonete em lanchonete, demos muitas risadas novamente. Repararam como jovem só ri?

Óbvio, pois se preocupar com o quê? Não pagava imposto,
não declarava imposto, vivia de mesada, tinha a vida na flauta, se preocupar com o quê?
Então, ríamos. E eu, atrás de LPs importados, novidades, lançamentos. Foi nesta viagem que comprei, em 1972 o LP do

Todd Rundgren, que meu amigo Eduy Ferro “guardou” com ele
até hoje, se bem que me trouxe o CD de Nova York, do mesmo LP. Dá-lhe Eduy!!
À noite, fui ao ginásio do Ibirapuera com mais uma amiga nossa,

a Eneide, assistir Brasil e Estados Unidos, no basquete.
Final do torneio não sei do quê.
Lotadaço, com Hélio Rubens sendo a estrela do time e Menon,

a mão de ouro, acabando com o jogo.
Ao sairmos, ainda passamos num hotel na esquina da Rua

Timbiras com Guaianazes, onde a Eneide estava. E vimos um
ensaio de uma cantora chamada Maisa. De quebra.
Dia seguinte, almoço na casa da vó Silvia, novamente um

show de iguarias e temperos, risadas e uma deliciosa sobremesa.
Na casa do tio, emoções todas as noites, inclusive temperando

salada de alface com Campari. Já experimentaram? Uma “delícia”...mas fazer o quê?
Armando comentava do tio, o fumante cafezalístico e nós ríamos muito.
Aliás, a viagem foi sensacional também por isso: rimos.

E nos unimos. Tanto é que até hoje, somos companheiros,
cada qual com sua vida, mas quando nos encontramos,
parece que não temos as nossas vidas. É aquela daquela viagem, daqueles tempos.
A amizade e o respeito comandam o relacionamento, além do carinho e de recordações que nos permitem contas histórias e

ter saudades da Vó Silvia, uma figura querida, que mesmo morando em Curitiba, anos depois, nos acolheu sempre com um sorriso
e um abraço.
Ficam as imagens, ficam as lembranças, os locais, o Largo do Arouche, Santa Cecília, Avenida Angélica, a Rua Augusta da

época, enfim, tudo que nos marcou muito aos 16 anos de quase todos. Eu sempre era o caçula e todos eram um pouco mais
velhos do que eu, inclusive a Wânia.
Valeu, foram bons momentos, foi um bom tempo.
Se hoje repetíssemos, precisaríamos juntar todos novamente

para que fosse tão bom quanto foi em 1972. E foi muito bom.
Abraço a todos.
De coração.

UM DIA SEM A LETRA "a"


Monitor ligado, tela com a imagem da Grécia,
sonzinho baixinho, tudo pronto.
Cigarrinho do lado, calendário virado, idéias a mil.
Então, vamos trabalhar.
E não é que na primeira linha, apareceu o problema.
Cadê a letra “a”?
Meu Deus, cadê a letra “a”? Como é que se f z p r escrever sem letr “ “??
O cliente esper pelo texto e tenho que envi r....pois v i sem a letr “ “.
E minh s poesi s? E meus textos?
Cl ro que é só arrum r o tecl do, troc r o tecl do, moer o tecl do, m s quero escrever gor . M s como, sem letr “ ”?
Como é que vou dizer que s ud des, que tem dois s?
Como é que vou escrever p r a nn que t mbém tem dois s?
E como f ço p r express r o mor?
N o d p r viver sem letr .
Imagine se el n o existisse. Como seri ?
Um pandemônio pr gente se vir r....
Digito, escrevo, crio.
Só que f lt lgum cois .
É o di cho d letr .
No meio do texto, digo: por isto, tenho que rgumentar com b se no que segue...... olh como é que fic escrit ....e quem v i entender?
Decido, lent mente, seguir em frente.
Termino o texto, escrevo outro, m s tudo sem letr .
No fim, vejo que cumpri minh taref , criei meu texto, escrevi minh crônic , consegui express r meu sentimento, m s tudo, sem o .
M is um di de correri , té eu conseguir sent r, rel x r, s bore r cervej s gr d do fin l do di . M s sem letr .
m nh cedo, troco o tecl do.
O novo, com certez , vir com letr .
E tudo volt o norm l.
N d m l, p r quem n o vive sem letr .
de mor, de miz de, de ventur , de nn , de mélia, de t nt cois , inclusive de m rgur .
Menos m l...... quem s be outro di , m nheç sem a letra D.
D í v i ser leg l.
té este di .

SAUDADES DE VINICIUS

Ele vinha de mansinho, passo lento, olhar atento.
Puxava o banquinho, o balde com gelinho e ali, ficava.
Olhava, observava, declamava, cantava.
E bebia.
Bebia com a autoridade de quem sabia o que estava fazendo.
Aos poucos, vivendo.
Cantar, declamar, falar, sempre sobre a mulher amada.
Aquela, que foi a única enquanto durou.
Depois, aquela outra que também durou.

Sempre foi infinito, enquanto durou.
Ele sabia mexer com palavras e sentimentos.
Ao mesmo tempo.
Ele declamava poesias como quem fala para com o mundo.
E sempre ia fundo, bem fundo.
Como ele disse: “quem já passou por esta vida e não viveu,

pode ser mais, mas sabe menos do que eu”.
É isso.
Viver era o segredo.
No Rio, em São Paulo, Roma, Milão, Salvador,
fosse onde fosse, a vida era obrigatoriamente vivida.
Seus versos ficaram, marcaram, embalaram centenas de amores,
que também foram eternos enquanto duraram.
Vinicius de Moraes: o poeta, o diplomata, o autor, o compositor,

o cantor, o embaixador. O homem.
Igual, não mais.
Parecido, pouco menos.
E hoje, o que temos nos serve para saber que ele foi o melhor.
Ao lado de Toquinho, de Tom, de Jobim, cantando com Miúcha,

com Maria Creuza, com tantas pessoas que jamais esquecerão aquele
momento.
Um momento que hoje é de lamento, pois ele não está mais aqui.
Os jovens de hoje deveriam imitá-lo, mas como?
Dificilmente você ouve algo dele nas rádios do Brasil.
Só quem gosta é que cultiva.
E com ele, aprende-se.

Ao menos a amar e tornar infinito, enquanto dura.

STUART

Sexta-feira, final de tarde, friozinho chato abraçando a cidade sorriso. Na Praça Osório, gente em cima de gente indo apanhar o ônibus. Chega!! Que semaninha, heim!!!
Mas todos bem, com saúde e com disposição.
No Stuart, mesa da janela vaga, ali sento e peço um chopp. O garçom, amigo de outras paradas, olha e comenta que não será só um. Digo que talvez não. Vamos ver como desce o primeiro.
Janela de pista, cigarrinho aceso, só observando carros e pessoas que vão para descansar em casa ou para começar o que eu estava fazendo.
Na mesa ao lado, dois senhores conversam em voz baixa, enquanto um se apóia na bengala, o outro ajeita o cachecol ao redor do pescoço e tosse feito um doente, mas ainda ri, antes de tudo. Na mão esquerda, o cigarro aceso denuncia anos de vício.
Na mesa do centro do salão, o saco da rifa vem acompanhado pelo grito do garçom: valendo um pernil. Compro um número, bebo meu chopp, olho e aguardo o sorteio. Dali a pouco, um grito: número 29!!! Olho e é o meu. Peço para guardar o pernil para hora de ir embora.
Mais um gole, vejo um casal entrar e sentar na mesa ao lado da porta. Duas empadas, dois chopp e um cinzeiro. Que alívio. A maioria do povo presente é fumante. Menos mal. Com a discriminação dos dias de hoje, daqui a pouco vão nos proibir de fumar em casa, mesmo sendo um problema de cada um, dentro de sua própria casa.
O Requião já proibiu o uso de termos em outra língua na publicidade em Curitiba. Que bela lei. O homem governa muito, mesmo. Mas deixemos a política de lado. Ela nada nos acrescenta.
No balcão, um executivo abre a gravata, mas fecha o casaco, procurando alívio para o gogó, já molhado por um gole de pinga, acompanhado de um golão de chopp. Profissional o rapaz.
O som da rua é maior do que o som do bar. Mesmo assim, todos falam alto antes da próxima rifa. O que será?
Na calçada em frente ao Maneco, um grupo de meninas pára e fica olhando para o interior do bar. Pode entrar, penso eu, mas elas desviam e seguem pela Praça Osório em direção a um novo porto.
O chopp termina, desce outro, mais um cigarro, mais observação em calçadas e automóveis.
Pessoas fazem a curva da Alameda Cabral com semblante carregado.
Idosos param e aguardam a vez para atravessar.
Crianças seguram nas mãos de mães carregadas de sacolas da Pernambucanas. Tudo quase sempre igual. Sacolas para todos os lados dão o ar da compra realizada. Reparo que é dia seis e que o povo saiu às compras.
O chopp me convida a saborear uma empadinha, especial do Stuart.
Não é mais a mesma de 20 anos atrás, mas é boa, de boa qualidade, boa massa.
Um grupo no fundo se anima e riem mais alto do que o normal.
Um deles está noivo e casa no próximo sábado. Estava entrando em férias do serviço e comemorando com os amigos. Noto que não tem nenhuma mulher na mesa comemorando junto. Apenas as que estavam ao redor sorriem para o noivo, anunciado e apontado pelos outros.
O noivo, apresenta aquele ar de feliz, de “bobão’ no bom sentido e toma mais um chopp.
O povo entra e sai, mas todos lentamente, como se fosse combinado. É proibido correr no Stuart.
Reformado, ficou com cara de bar novo, perdendo o charme do antigo, acolhedor e desarrumado, mas querido e estimado até hoje.
Uma mulher com um traje elegante entra e no balcão pede um chopp, em pé. O senhor ao lado oferece um banquinho, que ela educadamente agradece. Mesmo com frio, o chopp é o carro chefe da casa. Um minuto depois, um homem de blaser entra e abraça a mulher bem vestida. Beijos, sorrisos, olham para o relógio, sentam-se na mesa ao lado e começam a conversar, de mãos dadas e sorrindo sempre.
Um dos senhores, aquele do cachecol, apanha o celular, coloca os óculos e não consegue discar para a patroa, que já deve estar agoniada pelo horário próximo das sete da noite.
Disca com dificuldade, grita ao falar, chama a mulher três vezes em voz alta e o bar inteiro fica sabendo que a mulher se chama Erundina. Ele diz que está com o compadre no Stuart tomando a saideira. Tosse mais um pouco, guarda o celular e comenta com o amigo que estas máquinas são todas uma merda. Quando não existiam a gente dava menos satisfação.
Corre a outra rifa e a mulher elegante ganha um peru recheado. Ela não sabe o que fazer, todos batem palmas e ela pede para deixar no gelo enquanto toma o chopp. O homem que está com ela, observa os olhares dos presentes em direção à mulher bem vestida. Até os dois velhinhos atrás de mim ficaram olhando. Realmente, um espécime raro da beleza feminina, sorridente, cabelos pretos, camisa branca e paletó cinza, combinando com a saia igual. Um belo tailleur, feito à mão, com certeza.
Uma porção de bolinhos de bacalhau corre o salão em direção à mesa do noivo, recebendo aplausos de todos os convidados.
Sorrisos, abraços, comemoram a primeira mordida do bolinho com estilo. Este é dos bons, diz um em voz alta.
Eu ali, fumando e bebericando, observando o movimento e anotando detalhes das pessoas. Assim se memoriza melhor. A visão é fotográfica, mas os detalhes de seres humanos devem ser anotados para posterior interpretação.
E assim vai o Stuart. Garçons atenciosos, clientes felizes, gente de paz.
Nenhum incidente, nenhum problema, como deve ser um bom boteco. Ainda bem que ele ainda existe.
Mesmo sozinho, o que poderia parecer deprimente, o ambiente permite análises, divagações, goles que ajudam a engolir pensamentos.
Chamo o garçom, pago minha conta, apanho meu pernil e caminho pela XV, entulhada de gente. O friozinho continua, fecho o zíper da jaqueta, carrego a sacola do pernil e volto para casa.
O chopp deu uma amortecida na tensão.
O caminhar é lento, como quem não tem hora.
Aliás, não tenho mais hora.
O tempo passa de qualquer maneira e eu passo com ele.
Este mesmo tempo que já foi importante, hoje é um mero detalhe.
Acendo mais um cigarro e passo pela Zacarias, rumo à Marechal Floriano.
Na esquina, pessoas aguardam para atravessar enquanto carros passam em agonia, uns empurrando os outros. É a vontade de chegar em casa. Ou chegar a algum lugar.
Caminho. Na esquina da Lourenço Pinto com a André de Barros, jogo o cigarro fora. Na cesta da esquina.
Já em casa, sento no sofá e vejo que o cachorro abana o rabo rapidamente, pula, me agrada.
Animal também faz carinho, por incrível que pareça. Só que também quer carinho.
Assim como eu. E recebo, diariamente, graças a Deus.
E no meio do silêncio e dos pensamentos, a Ouro Verde toca "As Times Goes By". Aí é de encerrar e apagar a luz.
Cai o pano.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

GUARATUBA. A DE ONTEM.....


A rua principal era um pó só.
Larga, anunciava a avenida que estava por vir. Mas naquele tempo, carros passavam na ida e na volta levantando a poeira típica da praia. Onde hoje é a Prefeitura, era o Hotel Belmar. Onde era a Rosi, na esquina da principal, as casas da frente, lado esquerdo de quem vai para a praia pela principal, eram da família.
E quem não era da família acabou sendo, pois em temporadas de praia começavam os namoros e alguns vingaram.
Mas Guaratuba era uma praia querida, meio vazia, mesmo sem temporadas. Nada de ruas asfaltadas, nada de revestimento,

nada de calçada a não ser na principal.
A praia central era segura, o povo tinha mais juízo, acho eu.
E eu, depois de ter morado um ano quando era guri de tudo,

todos os anos, ia para lá. Primeiro tínhamos uma casa legal
lá para o lado do Cristo. Numa rua onde na
esquina, existia uma confeitaria.
Aliás, na casa onde moramos por um tempo e onde a família

Kotzias se reunia nos finais de semana, minha mãe fez a maior
da vida dela.
Ganhou um Fusca zerinho, na praia. Emocionada, entrou para dar uma volta. Ao invés de engatar a ré, engatou a primeira, mas

olhou para trás. Ao acelerar, foi o carro para a frente e levou o tanque de lavar roupa, daqueles de cimento, antigos.
Mas não foi grande o estrago, apesar das gargalhadas.

Quando dava para rir, os gregos não achavam ruim com o
acontecido.
E Guaratuba era completamente diferente do que é hoje,

apesar de acolhedora, mesmo com inimigos públicos declarados.
O negócio de praia é viver a praia, desde a infância, curtir suas alterações, seu progresso, seu crescimento.
Hoje vejo casas e prédios onde existia mato e areia.
Hoje vejo gente da minha infância correndo atrás de netos,

mas ainda eu chego lá.
Guaratuba sempre foi um grande ponto de encontro de várias gerações. Que o diga a minha.
Desde pequenos mantemos as amizades daquela época.
Atividades não eram muitas, mas as que existiam, eram boas.
Iate Clude à tarde, praia pela manhã, pescarias com Tio Albino

e meu pai, jantares de fritadas de peixe e camarões, festa.
Sempre tinha um motivo para se fazer festa.
Com os gregos era sempre assim. Sorriu, comemora-se.
Nada mal crescer em meio a este clima.
E de quebra, sempre tinha um abraço e um beijo de mãe,

de tio, de tia, de pessoas amigas além de parentes.
Ao chegar em Guaratuba, antes de qualquer coisa, tinha

que buscar água na bica, na santa.
Garrafas e mais garrafas iam para os carros e lá íamos nós,

crianças, carregar tudo de volta para o carro, depois de cheias.
Mas era legal.
Ainda na bica já saía brincadeira, bagunça, com meus tios e

primos mais velhos terminando tudo numa aguaceira organizada.
Em casa, a água era guardada com cuidado, pois o estoque

deveria durar três dias.
Quando era na casa de minha mãe, a festa era sempre

na sala e na cozinha.Quando era na casa da minha tia Maria,
anos depois, a festa era na área, atrás da cozinha.
Quando era na casa do meu tio, na casa de pedra da principal,

a festa era no terraço da frente.
Tempos que se foram, pessoas que partiram, cenas que marcaram.
Parentes, antigamente, parece que eram melhores para se conviver.
Ao menos tenho esta impressão.
Mas tudo era muito bom.
À noite, perto das 21 horas, a luz apagava, ficando acesa

apenas a luz da principal. E os lampiões corriam pelas casas,
todos ligados, além das velas e do “boa noite’, aquele treco fedido para matar mosquitos. Até os mosquitos eram diferentes, mais encorpados, mais agressivos.
Dormia-se com mosqueteiros de renda pendurados no teto

e que cobriam as camas. Como crianças, dormíamos
nas salas, o que era uma desvantagem na guerra com
os mosquitos.
O morro do Cristo parece que era maior, ou nós que éramos

menores. A escada, até hoje, é a mesma.
Na pracinha, a vila tinha mais cara de vila e a confeitaria da Lili

já dava seus primeiros passos.
Crescer em Guaratuba foi algo muito bom e importante.
Como eu disse, desde crianças formamos uma turma de

amigos e parentes que se davam, fraternalmente.
Era o tempo do “caderno” na Rosi, onde o alemão anotava

tudo desde o primeiro dia da temporada e somente fechava a conta no último dia de praia, assim como o bar do Nelson,
na praia central.
Os pontos de referência eram quase iguais aos de hoje,

tendo a praia das Caieiras, o Prosdócimo, a Associação dos Magistrados, o Brejatuba, o Kurt e o hotel Cabana Suíça, onde tomamos alguns cafés da manhã, anos depois, já adolescentes.
Andar a pé era a lei, ou de bicicleta Monark, ou Caloi.

Um dia, de repente, perto de 14 anos, surge uma Leonete,
para quem nunca ouviu falar, uma motinho de algumas
cilindradas, mas que virou a sensação da praia.
O povo que freqüentava Guaratuba se conhecia de ponta a ponta

e no iate, nas manhãs de pescaria, o bom era a volta, com
histórias e gozações que fazem parte da boa pescaria.
O negócio era acordar às cinco da manhã, mas a gente ia.
E era muito bom.
De vez em quando, pescaria na Barra do Saí, onde os robalos nasciam, acredito.
Esta Guaratuba de hoje ainda é querida. Só que temos que

cuidar mais dela e visitá-la também, fora de temporada.
Vale a pena. Tudo indica que é para lá que eu vou e de
lá para Paranaguá, ser enterrado ao lado de minha mãe e de meu pai. Tomara dê certo.
Depois continuo a parte histórica. Pausa.