QUE BOM TER VOCÊ AQUI
Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
Assim, espero que você leia, goste, curta, comente, opine.
E tem de tudo: de receitas a lamentos; de músicas à frases: de textos longos a objetivos.
Que bom ter você aqui....
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E tem de tudo: de receitas a lamentos; de músicas à frases: de textos longos a objetivos.
Que bom ter você aqui....
domingo, 12 de julho de 2009
O QUE FAZ UM BOLERO....
O corpo já não respondia mais e estava cansado de tanta estrada.
A cabeça não raciocinava mais, pois o movimento da estrada estava infernal.
Beirava 19 horas quando ele chegou em casa, abraçou os filhos,
deu um beijo na esposa, sentou no sofá e respirou fundo.
Apesar do horário de verão, parecia que a cama esperava por aquele corpo moído,
pertencente a um homem feliz, a um profissional realizado, a uma pessoa
em paz com ela e com o mundo.
Preparou uma dose de uísque, ligou o som da sala e colocou o Cd da Mariah Carey,
novo e inédito para ele. A cada gole, a sensação de leveza entrava na alma e a concentração diminuía, lembrando apenas do chuveiro forte ligado ao máximo e a água abraçando-o.
Lá pelas oito horas, a esposa lembrou-o do jantar do final de ano do compadre,
festa especial num buffet, comparecimento obrigatório, pois era o amigo de todas
as horas e o compadre de guerra.Ele argumentou que não iria, estava morto,
ligaria depois para mandar um abraço para o compadre, mas iria tomar
um banho e ficar no sofá até pegar no sono.
Ele era partidário do sono no sofá, a terapia que é de graça e que funciona.
A esposa argumentou que não tinha cabimento, ele deveria ir, imagine faltar,
aquelas coisas.
Então, perto das nove da noite, ele se arrumou, desceu, apanhou o carro e
seguiu para o jantar de final de ano do compadre.
Em lá chegando, buffet arrumado, gente e mais gente, a maioria conhecida,
vem o garçom e diz que aquele litro de uísque era só para ele, por ordem do compadre.
Abraços, cumprimentos, sorrisos. O corpo ainda morto sustentava um sorriso de boa
noite para todos.
Sentou com mais dois bons amigos, bebericou, falou, conversou e jantou.
Agradável o papo, a comida, o visual, tudo. Olhou no relógio, viu que passava das onze, discretamente foi dar boa noite para o compadre, quando este disse que não,
ele que apanhasse as fitas k-7 no carro pois iria começar a dança. Dança?
Ele mais queria uma cama, um silêncio, um momento de relaxamento.
Mas compadre é compadre e lá foi ele apanhar as fitas para começar a fazer o som da festa.
Em um canto do buffet, sentou-se no banquinho atrás do balcão, regulou o
som e começou a tocar de tudo um pouco, ainda bebericando o uísque,
que já estava no final da garrafa, sem provocar nenhum efeito mais grave.
De repente, ele sentado no banquinho, sem ver o salão, escolhendo as
próximas músicas, um vulto para ao seu lado. Um par de pernas estonteantes, um corpo maravilhoso, uma moça que ele havia conhecido 10 anos atrás,
mas que agora, ali parada, era uma mulher – e que mulher – que o olhava e sorria.
Ela disse lentamente para ele: dança comigo? Ele pensou, olhou, levantou,
disse para a moça que era melhor não, pois ele cuidaria do som mais
um pouco e iria embora. Ela disse novamente dança comigo, e ele concordou,
somente pedindo um segundo para preparar uma fita especial que ele tinha,
dançante e dirigida a momentos de suavidade.
Colocou a fita, foi para o espaço destinado à dança e a voz de Altemar Dutra
começava a cantar o bolero Laura, de autoria de Antonio Carlos e Jocafi.
No passo e no compasso do bom bolero, ele dançou com a moça um bom tempo,
desligando do ambiente e saindo dali, como se fosse levado pelo bolero e pela
voz do falecido que ainda era tão bonita como no tempo em que ele era vivo.
Dançam, param, conversam, bebericam, ele passa o som para outra pessoa cuidar,
volta para uma mesa, começa a conversar com a moça, ainda impressionado
com a beleza dela, o jeito dela, a boca, os olhos, o rosto, o corpo, as mãos, o cabelo, tudo.
Quando bateu duas e meia da manhã, despediu-se da moça, deu um abraço no
compadre e foi para casa, já não sabendo mais se era cansaço, se era sonho,
se era o quê, mas alguma coisa dentro dela estava levando sua atenção para a
moça de preto, a moça bonita, a moça que havia “tirado” o DJ para dançar.
Chegou em casa, tomou um banho, deitou e dormiu.
Mas ele sabia(ou sabia) que ali começava um relacionamento que durou dois anos
e que alterou a vida dele no campo do sentimento, no campo do companheirismo,
no campo da aventura e de momentos vividos que até hoje são inesquecíveis.
O que faz um bolero.......
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