QUE BOM TER VOCÊ AQUI

Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
Assim, espero que você leia, goste, curta, comente, opine.
E tem de tudo: de receitas a lamentos; de músicas à frases: de textos longos a objetivos.
Que bom ter você aqui....

sexta-feira, 24 de julho de 2009

1971, 1972 ...

Idos de 1971, 1972....
A vida era totalmente diferente do que é hoje.
Primeiro porque é óbvio, segundo porque o mundo girou
e evoluiu e terceiro, porque ninguém pára no tempo,
apesar da minha memória, que ainda me ajuda a escrever
alguns tipos de histórias que temos, todos nós.
Então, nos idos acima mencionados, tínhamos uma vida digna
de ser – e para ser - contada. Eu e a turma do colégio, foco específico desta crônica.
Enquanto as rádios tocavam BJThomas, com Rock and Roll Lullaby, nós íamos para o colégio, fazíamos amizades que duram até hoje e vivíamos o início de uma grande década: a década das descobertas, dos primeiros isso e aquilo, das paixões avassaladoras, dos amigos do peito, do companheirismo que hoje é cada vez mais raro. Não sei se por influência da educação que tivemos no Colégio Medianeira, não sei se pela educação que recebemos em casa ou da educação da época, onde não se chamava pessoas mais velhas de você e nem se imaginava chamar a mãe de “velha”, como hoje vejo por aí.
Pagar mico era uma expressão que não existia e tínhamos orgulho de nossos pais, mesmo com uma educação mais rígida, que conseguimos burlar em alguns momentos, mas soubemos
manter até os dias de hoje. E crescemos com o privilégio de ouvir

Vinicius de Moraes e assistir a inauguração do Teatro Paiol, com o show dele e Toquinho: inesquecível.
Então, voltando aos idos mencionados..... Curitiba era diferente e
a vida era diferente. Enquanto nossos pais, na quase totalidade, trabalhavam com afinco em seus afazeres, nós tínhamos que fazer os nossos. O principal: estudar. E tentávamos, apesar dos professores que, às vezes, nos impediam de obter o sucesso desejado.
Claro que nós não conseguíamos por sermos quase vagabundos, preguiçosos e donos da razão. Não todos, claro. Mas descobrimos,
na pele, que a razão ficava com os professores e, se fosse o caso, repetíamos de ano. E era feio. Nossos amigos nos apoiavam,

mas era feio. Repetente, naquela década, era mau exemplo.
Tô nessa leva. Reprovei em 1971 o primeiro científico.

Mas foi bom.
Pois bem...a rua XV ainda tinha carros passando, Jaime Lerner não havia assumido, a Confeitaria Cometa abrigava clientes tradicionais, inclusive nós, no início das atividades cervejísticas de cada um. A Loja da Slopper era o show, a Menilmontant abrigava grandes clientes e a classe era mais presente.
As festas de 15 anos tinham glamour, as meninas eram educadas ou levadas ( levadas não do verbo), mas eram poucas. “Ficar” naquele tempo, era ficar com dor de cabeça, ficar a pé, ficar de “bode” ou algo assim. Menina que “ficava” era chamada de “galinha’. Depois, agüente os comentários. Mas todas se deram bem, como vimos.
Esta cidade oferecia segurança, menos gente na rua, menos

carros na rua, menos agitação no dia de cada morador.
O aeroporto era longe, o Tarumã era longe, Colombo era uma viagem.
Vias rápidas não existiam. Mas algumas coisas são iguais até hoje.
Nós, alunos e amigos, armamos situações para serem vividas e foram muito bem vividas. Casos de colégio, de festas, de encontros, de desencontros, enfim, tudo o que a adolescência permitia, nós encarávamos.
As festas eram o ponto alto de cada final de semana. Festas onde o consumo de álcool era pouco e a transação, chamada de “flerte”, era muita. Aliás, eu sustento e defendo que nossa geração de 15 a 18 anos, bebeu muito menos do que esta de hoje. Brincadeira!!
Bebeu mesmo. Alguns se destacaram tanto que não estão mais

entre nós, não só pela bebida, mas por outros fatores.
Festa de 15 anos no Clube Concórdia era ponto fatal.
Festa de 15 anos na casa das amigas, era um show.
Som feito pela Party Box, luz negra com estroboscópica, LPs rodando em dois pick-ups, gravador Akai de rolo 476, mixer Quasar de 4 canais, enfim, uma época que hoje parece da idade da pedra.
Mas com tudo isso, dançamos muito – e músicas de qualidade.
Não vou falar em músicas, pois fica muito extenso o texto.
Na festa de 15 anos da Bebê Paula Soares, na casa dela, um show de festividade. Lá pela uma da manhã, o pai de um amigo nosso disse que era hora de irmos embora. Fomos. Ele também foi. Nós voltamos. Na saída, com o dia amanhecendo, fomos para a panificadora de meu pai comer pão de minuto e coca-cola. Depois, cada um foi para sua casa com pão quentinho no pacote.
Esta festa da Bebê foi um divisor de águas na vida de muitos.
Primeiro pelo smoking, peça usada pela primeira vez por todos nós.
Segundo, pela casa, que era – e é belíssima. Depois, pelas presenças de meninas lindas e maquiadas, longos e cabelos arrumados, etiqueta aprendida na Socila e tudo o mais. Parabéns Dona Aliete. A senhora criou e educou mulheres encantadoras. Aliás, me pergunto até hoje, se na Socila ensinavam as meninas a tomar chá em colher de prata.
Quem tomou, tem mais classe, mais charme, mais presença, mais berço. Até o minguinho fica erguido na hora do beber.
Quem não tomou, também pode ter, mas daí a andar descalça pela casa o dia todo, perde um pouco o charme feminino. E deixa o calcanhar mais feio, o pé mais solto, mais deformado. Mas tem gente que gosta. Respeite-se. Apesar de que mulher deve sempre ser feminina, em todos os seus gestos.
Meninas que foram criadas de forma diferente das de hoje, mas que souberam manter a dignidade, a seriedade e a presença, com charme. Algumas, até hoje, senhoras, mães e avós, com estilo.
Aliás, meninas de ontem tem mais estilo que as de hoje, embora as de hoje tenham destaque também, claro. mas falta o estilo, o comportamento, a postura. Mulher é alvo de conquista e não a ditadora da coisa.

Difícil encontrar uma amiga daquele tempo que tenha virado puta. Difícil mesmo.
Para ir namorar, íamos mais arrumados, mas encontrávamos a moça muito mais arrumada, roupa bonita, perfume, cabelo no lugar. Só pelos idos de 1978 que a coisa começou a se soltar, embora

existam meninas que até hoje se arrumam para esperar o marido ou o namorado na praia, todas as sextas-feiras. Meninas ?
No tempo das festinhas de 15 anos conseguimos reunir uma turma imensa de pessoas que se gostavam e que traduziam isto na hora do recreio, esta prática substituída pelo intervalo nos dias de hoje.
Fumar escondido era o desafio. Guardar cigarro no “saco”, dentro da calça jeans, ou na meia, coberta pela boca-de-sino de 40 cm.
No banheiro, na cancha de futebol, no bosque do Medianeira, mas tudo, tudo mesmo, sob o olhar de Padre Paulo Roden, uma figura que dificilmente será esquecida pela nossa geração. Além de enérgico, ele foi sábio. Notou a mudança dos tempos, dos comportamentos e nos deu condições de crescermos dentro da época em que vivemos e não da época passada.
Mas o pulso firme era dele. E hoje, passados estes alguns anos, reconhecemos na figura do Padre Paulo, um amigo, antes de tudo.
Só que em 1971, Padre não era amigo, embora fosse orientador.
E ali, nos corredores do colégio, grandes amizades se formaram e alguns casamentos saíram. E, para espanto de alguns, alguns casamentos duram até hoje, 2009.
Alguns acabaram, mas quê fazer?
Dentro das 4 paredes de uma casa, somente o casal pode decidir se vai, ou se deve parar.
Dado este preâmbulo longo, na próxima entramos em detalhes de pessoas, nomes, datas e acontecimentos que merecem ser contados.
Tem história aí.
E da boa.

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