QUE BOM TER VOCÊ AQUI
Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
Assim, espero que você leia, goste, curta, comente, opine.
E tem de tudo: de receitas a lamentos; de músicas à frases: de textos longos a objetivos.
Que bom ter você aqui....
Assim, espero que você leia, goste, curta, comente, opine.
E tem de tudo: de receitas a lamentos; de músicas à frases: de textos longos a objetivos.
Que bom ter você aqui....
domingo, 19 de julho de 2009
E A FILHA FICOU NOIVA....
Janeiro de 1983.
A vida estava difícil para quem trabalhava em propaganda e a crise chegava com mais detalhes que notícias ruins.
Em uma garagem, eu tocava a CK Propaganda, sempre com o fiel amigo Luis Paulo, o Lizpa, ao lado e enfrentando praticamente tudo junto comigo. Clientes pequenos aqui e ali permitiam sobreviver ao tumulto do início do ano. Mas sempre fui teimoso: mesmo deixando de ganhar algum dinheiro sendo empregado em alguma agência, me propus a ver como seria levar a coisa no peito, mesmo sem toda a experiência necessária.
Quase no final do mês, toca o telefone. Era o aviso que faltava: maternidade, correria, bolsa estourada, sacolas, sogra, mãe, o filho pequeno com alguém, rumo à maternidade Curitiba, aquela atrás do Jumbo.
Chega, prepara, vai para a sala de parto, um calor infernal em Curitiba e eu marinheiro de segunda viagem, mesmo assim, nervoso, tenso, preocupado. O nome estava escolhido: ISABELLA, com s e dois “eles”.
Momentos depois, os doutores Carlinhos Souza e Braga, a dupla mais competente da cidade, avisavam: tudo normal, tudo bem, linda. Dois quilos e novecentos gramas, 49 cm, uma coisinha.
No dia seguinte, 29 de Janeiro, corri para vender meu piano para poder tirar a mulher e a filha da maternidade. Naquele tempo, difícil pedir dinheiro emprestado para alguém. Triste por vender o piano, mas feliz por ter vendido para um pianista profissional e talentoso, dia 31 fomos para casa. Tudo pago, ainda sobrou um troco para passar o fevereiro, diante das incertezas.
Isabella crescia junto do irmão, sempre cercada de mimos e carinhos, a neta esperada, a filha desejada, a criança que somente recebia amor e sopas feitas com centenas de legumes. Saúde perfeita, lá foi Isabella para o jardim, depois para o prezinho e, anos depois, para o Medianeira.
Gorduchinha e querida, cabelos longos em cachos caídos no rosto, ia para o colégio como uma manequim e voltava sob efeitos de tiros de guerra e correrias, como todas as crianças da idade.
Na Benjamin Constant, na casa onde morávamos, Isabella “dava aulas” para suas alunas imaginárias imitando as professoras que havia tido e conhecido, memorizado e guardado cacoetes e termos.
Já com a irmã ao lado, Anna Elisa, as duas arrumavam o quarto como uma verdadeira sala de aula e lá passavam bons momentos.
Cresceu, foi levando, sendo uma menina que tinha três avós:minha mãe, minha sogra e minha “tia” que morava ao lado da casa e “adotara” Isabella como neta.
Até loja de sapatos com o nome dela existiu: Beloca Calçados.
Em casa, Isabella dava gargalhadas e sorria o tempo todo, até que chegavam estranhos(para ela) e a timidez dava lugar à alegria diária de uma menina contagiante.
Em alguns momentos, parava, pensava, deduzia, conversava, escrevia e tocava a vida para a frente.
Já maiorzinha, a fiel e eterna amiga Camila se fez presente e as duas descobriram o mundo juntas. Amizade que dura até hoje e pelo visto vai até uma das duas partir daqui para outra.
Mesmo com a timidez fazendo parte da vida, somente pelos idos de 1993 Isabella começou a conviver com outras meninas e meninos, permitindo que, aos poucos, sua privacidade fosse conhecida e compartilhada.
Passada a fase do estranho, do tudo novo, da mudança da Benjamin Constant para o Cabral, Isabella, já no Santa Maria, começava a se preparar para o mundo que estava logo ali, bem à sua frente.
E preparou-se com determinação e competência.
Dos três vestibulares, muros enormes que foram colocados à sua frente, passou nos três, cagando e andando para os muros, mas sorrindo e chorando de emoção a cada resultado.
Lá ia minha filha em busca de um sonho, de um ideal, de uma realização, mesmo que ainda jovem, mas ciente do que queria.
Aos 15 anos, antes de tudo isto, debutou com estilo e elegância, uma menina linda, quase mulher, de porte elegante como é até hoje, embora eu seja suspeito para falar.
Passados alguns anos de convivência e de vida, sempre foi quem esteve mais perto de mim, mesmo em momentos de alegria, de silêncio e de perdas e danos.
Falava, escrevia, aconselhava, perguntava, sonhava, chorava, mas seguia ao lado do pai, como ela sentia que era o que ela devia fazer.
Até hoje guardo um bilhete na carteira, escrito com o coração, não com as mãos.
Eis que Isabella decide trabalhar, a vida mudara um pouco, o relacionamento entre eu e ela mudou também, fui morar em Guarapuava e falávamos por email, celular e messenger, menos nos dias em que eu vinha a Curitiba e ficávamos colocando os assuntos em dia, sempre com música pelo meio.
Fã de Mariah Carey, aprendeu a gostar e conhecer Roberto Carlos somente agora, quando conheceu Alexandre e descobriu o que significava amar, gostar, conviver, trocar idéias e experiências.
E não é que ontem, de surpresa, com os pais do Alexandre juntos, fizemos um jantar e reunimos os 3 casais: Bethy e eu, Eduardo e Olga, Isabella e Alexandre. O genro, ainda nervoso, puxou o discurso e comunicou o noivado, ao pedir ao mesmo tempo, a autorização não formal, mas em uma linguagem que deixava claro o nervosismo tão grande quanto o amor demonstrado pela minha filha.
Momento de felicidade, alegria e emoção, acompanhado de lágrimas que eu não esperava, principalmente de minha parte.
Minha filha, noiva.
Abraços, beijos, palavras, champagne, sorrisos. O sorriso dela era maior do que aquela gargalhada de menina. A certeza dela, é maior do que um simples sonho para ser realizado.
A emoção toma conta da gente, na qualidade de pai.
Bom ver uma filha dando os primeiros passos de forma correta.
Tomara assim continue e possam ser tão felizes quanto eu acho que serão.
Mas cá comigo, uma dorzinha apareceu, mesmo sabendo que a gente não perde a filha, nunca, mas logo logo ela irá embora, segundo os planos do casal. Mesmo assim, parece que uma parte da gente também vai, ainda mais que minha filha caçula já foi e leva a vida em São Paulo trabalhando feito louca, mas do jeito que ela gosta. A Anna Elisa faz muita falta, mas quem pode segurar filhos ao lado dos pais? Ainda mais na era de hoje, quando, aos 18 anos, eles já sabem para onde querer ir, o que fazer, como fazer e etc.....
Só peço a Deus que, diariamente, ilumine o genro, “caboclo” bão, gente boa, trabalhador, sério e digno e que ao mesmo tempo ilumine minha filha para que juntos, mantenham o amor, o respeito e a felicidade em primeiro plano, aliando tudo isto a um trabalho sério, honesto e correto para poderem viver suas vidas.
Deus tem que dar muita força para os pais neste momento.
E deu....
Felicidades, filha minha.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário