QUE BOM TER VOCÊ AQUI

Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
Assim, espero que você leia, goste, curta, comente, opine.
E tem de tudo: de receitas a lamentos; de músicas à frases: de textos longos a objetivos.
Que bom ter você aqui....

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

PRÉ-FERIADO

Segunda-feira de fazer inveja a quem gosta de dia de sol.
Imaginem se onde é o Centro Politécnico, tivéssemos uma praia.
Deus o livre!!!!!
Mas o sol é sempre bem vindo, ainda mais para todos os que moram

pela cidade e vivem com o clima tradicional desta querida cidade, já não
tão igual há tantos anos atrás, mas ainda meio sacana.
E numa semana que antecede um feriadão, com certeza a malevolência

do ser humano vai aparecer com mais nitidez.
Na sexta-feira próxima, duvido que as reuniões aconteçam e que as salas

de aula lotem, se bem que sempre alunos comparecem.
Como eu estou livre às 6as.feiras, pretendo arrumar a sacolinha, pegar a

minha Betinha e fui.........
Só falta chover.
Mas com chuva e tudo, o importante é tirar o chip, abrir a cabeça,

não pensar em nada que atrapalhe bons momentos de lazer em companhia
de quem se ama e de quem curte tudo de bom que a vida oferece e você conquista.
Cds preparados, sonzinho no carro ainda não concluído, trocados no bolso, estrada e vamo que vamo.
A gente merece.
O mais simples dos mortais merece, quem dirá quem trabalha feito um

louco para conquistar mais clientes e atingir um objetivo, como eu.
E, em meio à correria, trabalhar é bom, faz bem, anima, provoca a capacidade

da gente, mesmo que estejamos mortos, como fico em alguns dias, mas basta entrar na sala de aula que tudo recomeça, o astral sobe, o humor melhora,
a fala muda e tento passar o que sei para alunos interessados e dedicados.
Um barato ver o desenvolvimento deles, a partir do terceiro período

até o sétimo.
Quem odiava escrever acaba gostando. E alguns até se identificam e vão em frente.
Isto só me anima a continuar.
E ao chegar em casa, perto das onze da noite, aquela cerveja, um abraço gostoso, uma música boa, uma respirada de soltar o ar do dia todo e

uma comidinha feita com carinho e amor, geralmente inovando as receitas.
Um bom papo na cozinha, um cheirinho de tempero, o barulhinho da

fritura e pronto: alguns golinhos de cerveja e ta feito o rolo.
No feriado quero ver se aprendo algumas receitas de peixe e camarão

para depois trocar aqui com meus seguidores, leitores, amigos e anônimos,
que sempre se fazem presentes e aos quais eu agradeço.
Torçamos para que nosso amigo sol fique por aí e que faça mais gente feliz,

além de mim.

FIZ AS PAZES COM JC

Fiz as pazes com JC.
Depois de quase 120 dias, Ele me mostrou que o errado era eu.
Sentei, falei, expliquei, deixei claro o que me moveu a brigar com Ele.
Como sempre, Ele somente ouviu.

Manifestou-se depois, por sinais, como Ele sempre faz.
E ao ver que a presença dEle é uma coisa real, que eu já tinha visto,

nada melhor que dar-lhE a mão para que Ele soubesse de minha posição.
Arrependimento não foi a palavra encontrada, mas reconhecimento pela intervenção dele, sim.
E fazer as pazes com JC é algo muito bom.
Queira ou não, é com Ele que teremos nossa última conversa,

antes de saber se vamos para um lado ou para o outro, segundo aprendemos.
E Ele me questionou sobre continuar pagando meu camarote no inferno.

Eu disse que iria tentar resolver isto.
Não que Ele tenha me dito que eu irei para o céu, mas que não assuma o pagamento de algo que ainda não se sabe se vai – ou não – acontecer.
Ele me disse, ainda, que já paguei várias coisas aqui na terra.
A bem da verdade, já passei por poucas e boas.
Mas estou aqui.
Firme e forte, ciente e esperançoso, acordado e em busca de momentos de paz.
Só disto que preciso.

E hoje, mesmo sem esperar, Ele me mostrou que é possível.
Respiro mais aliviado e acredito que poderei dormir melhor.
Fiz as pazes com quem de direito.
E não pretendo brigar mais com Ele.
Nada que uma boa noite de sono não me permita pensar melhor.
Obrigado, JC.
Você é, de fato, um senhor companheiro.

TEXTO DE RUBENS ALVES

Recebi email de grande amiga e companheira com o texto abaixo.
Corretíssimo.
Vale a leitura.

Rubens Alves: “Se eu pudesse viver minha vida novamente”?

"(...) Se eu pudesse viver minha vida novamente,
Eu queria vivê-la do mesmo jeito que a vivi,
Com seus desenganos, fracassos, e equívocos.

Doidice?
Imaginem se eu estivesse infeliz.
Eu teria então razões e tentar voltar atrás
e consertar os lugares onde errei...(...)
e por vezes errei com prazer ou por prazer.
Mas não estou infeliz..
Vivo um crepúsculo bonito,
com a suíte número 1 de Bach, para violoncelo.
Se houve sofrimentos pelo caminho,
imagino que, se não os tivesse tido,
talvez a suíte de Bach não estivesse sendo ouvida e
nem devidamente apreciada.
ESTOU ONDE ESTOU PELOS CAMINHOS E DESCAMINHOS QUE PERCORRI..
Feliz, sereno, em paz e valorizando os grande presentes que a vida me oferece:
música linda,

bons amigos,
crepúsculos únicos
e a certeza de ter tentado ser e viver o melhor para mim e para os meus."

Foi bom ler. Vale ler sempre.
E ouvir Bach, que é sempre bom.

PULGAS.....MUITAS

Janeiro de 95.
Calor, sol, todo mundo animado e feliz. Mulheres na praia, crianças também.
Aqui, nós soltos e preparados para "relaxar" um pouco. Como de costume.
Temporadas de praias tem várias histórias. Algumas públicas, outras nem tanto.
E foi neste janeiro que meu compadre Marco Heller me convida para ir com ele
até o Atami para avaliar uma casa, que ele tinha possibilidade de pegar a opção
de venda. Disse que ia, ajeitei as coisas na agência, tudo sob controle e fomos.
Calor de matar.
Chegamos no Atami com um sol de quase 35 graus, nada de brisa, um inferno.
Entra, acha a casa, abre, vistoria, olha, argumenta.
De repente, Marco e eu começamos a notar alguma coisa diferente em nossas calças
e em nossas pernas. Pulgas. Centenas, milhares, pulgas de todos os tamanhos, de
filhotes à mães. Uma loucura.
Saimos correndo da casa, sacudindo calça e batendo barra.
Lá fora, já na estrada, vimos que não era brincadeira. Meia e calça forradas de
pulgas.
Paramos à beira da estrada, pedimos álcool para um morador e ele nos trouxe.
Só de cuecas, sacudimos as calças e passamos álcool até nas partes íntimas.
Jogamos álcool no chão do carro e fomos para Guaratuba ver outro assunto.
No ferry boat, ainda víamos pulgas andando pelas meias e pelas calças, novamente.
Foi divertido, apesar do susto.
Quem passava na estrada e via dois marmanjos sacudindo calças e só de cuecas,
não entendia muito bem.
Quem nos viu no ferry boat fazendo a mesma coisa, também não entendeu nada.
Mas rimos muito mais que nos coçamos.
Ao voltar para Curitiba, banho demorado e calça para lavar de molho no tanque
com sabão em pó, quiboa, querosene, o que tivesse.
A calça estragou, claro.
Mas a aventura das pulgas, ficou na história.
E o Marco comunicou o proprietário da casa e ele disse que era normal.
Coisas da vida de um corretor de imóveis, na época.
Abraço para ele que comemorou 50 anos de idade.

domingo, 30 de agosto de 2009

CHICO BUARQUE DE HOLANDA

Estava quase encerrando minha sessão musical de sábado
quando coloquei um Cd antigo, que começou com esta música.
Uma obra de arte, com MPB4 e Chico Buarque.

AMIGO É PARA ESSAS COISAS.
- Salve!
- Como é que vai?
- Amigo, há quanto tempo!
- Um ano ou mais...
- Posso sentar um pouco?
- Faça o favor
- A vida é um dilema
- Nem sempre vale a pena...
- Pô...- O que é que há?
- Rosa acabou comigo
- Meu Deus, por quê?
- Nem Deus sabe o motivo
- Deus é bom
- Mas não foi bom pra mim
- Todo amor um dia chega ao fim
- Triste
- É sempre assim
- Eu desejava um trago
- Garçom, mais dois
- Não sei quando eu lhe pago
- Se vê depois
- Estou desempregado
- Você está mais velho
- É- Vida ruim
- Você está bem disposto
- Também sofri
- Mas não se vê no rosto
- Pode ser...
- Você foi mais feliz
- Dei mais sorte com a Beatriz
- Pois é
- Vivo bem
- Pra frente é que se anda
- Você se lembra dela?
- Não
- Lhe apresentei
- Minha memória é fogo!
- E o l'argent?
- Defendo algum no jogo
- E amanhã?
- Que bom se eu morresse!
- Prá quê, rapaz?
- Talvez Rosa sofresse
- Vá atrás!
- Na morte a gente esquece
- Mas no amor a gente fica em paz
- Adeus
- Toma mais um
- Já amolei bastante
- De jeito algum!
- Muito obrigado, amigo
- Não tem de quê
- Por você ter me ouvido
- Amigo é prá essas coisas
- Tá...- Tome um cabral
- Sua amizade basta
- Pode faltar
- O apreço não tem preço, eu vivo ao Deus dará.

Lida é tão boa quanto cantada.
Um hino, sem dúvida.

COM PENSO OU SEM PENSO?

Dona Maria, amiga antiga de velhas paradas, encontrou comigo
no Stuart para tomar uma cerveja. Dia bonito, gente animada,
lá chega Nhá Maria e tomar seu lugar em minha mesa.
Papo alegre, causos e mais causos, me diz ela:
" Costa, tem uma diarista que vai na minha casa, que no primeiro
dia de trabalho me deixou pensativa. Ela chegou e eu perguntei
quanto custava a diária de trabalho dela, fora o vale-transporte.
Ela coçou o cabelo, olhou para o chão, bem cabocla, me olhou e
perguntou: com penso ou sem penso? Eu fiquei alí olhando para a
infeliz e tentando entender o que significava aquilo. Perguntei para
ela: o quê?? Ela, com aquela calma do pessoal da roça, me repetiu:
com penso ou sem penso?
Eu disse para ela me explicar o que significava aquilo.
Ela disse: "bão...se a senhora quisé que eu penso, é 70 reais. Se eu não
tivé que pensá, é 50."
Vê se pode.
Dona Maria bebeu a cerveja, contou mais algumas e levantou-se
para ir embora.
Eu fiquei alí pensando na cabocla e no sem penso ou com penso.
Ao ganhar um pernil no sorteio, levantei e fui para casa.
Cada uma.......

sábado, 29 de agosto de 2009

PÉROLA DA MÚSICA

A parceria de Francis Hime e Chico Buarque já produziu
centenas de coisas boas. Entre elas, a pérola abaixo deve ser lida
– e não cantada.
Uma letra que dificilmente alguém gostaria de ouvir ao vivo, ainda

mais dito da forma como está escrita.
Vale a leitura.
Se for ouvir, tem vários intérpretes, mas Nana Caymmi destroça e

mata a pau.

TROCANDO EM MIÚDOS.
“Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim

Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim?
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás, aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde”

Porrrra!!!!
Dói, mas imagine quanto doeu para quem escreveu......
Só escreve isto, quem sente.
Até a próxima......

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

UM FILME EM MUITAS MEMÓRIAS


Meu amigo Armando Pinheiro Machado me lembra que um texto escrito
tempos atrás deveria entrar no blog. Fiquei feliz ao saber qual era, mas
não tinha mais cópia. Coisas de computador. Então, gentilmente ele me
enviou e aqui está a reprodução, na íntegra, mesmo que repita algumas
coisas aqui já comentadas.
Lembro do dia em que escrevi este texto, acompanhado de uma garrafa
de uísque, um balde de gelo, fotos da família, num quartinho apertado de
Guarapuava, onde estava morando, na época.
Espero que gostem.

E para os mais jovens, um alerta: 80% do que aqui será comentado, vocês
não conheceram, infelizmente. Mas vale a lembrança para nós, velhinhos.


O cabelo era comprido.
Passava da nuca e cobria as orelhas. Basta ver as fotos.
A calça era toureiro, sempre feita sob medida.
Algumas no Fernandes, o Alfaiate do Moreira Garcez.

Outras, em algum alfaiate de confiança, como o Tercílio ou outro
conhecido da época. Até o Fedalto.
As festinhas de 15 anos eram o prato cheio. Ternos, eram Club Um.
Zona, nem pensar. De vez em quando, com amigos mais velhos.

Transar com namorada, nem a pau. No máximo, seios e toques.
Putas da Riachuelo eram conhecidas, mas nem sempre freqüentávamos.
O Sírio era o ponto da época. Sábados, era sagrado. E sempre havia

uma menina de plantão, na época chamadas de galinhas.
Som de fita K-7, cabine de acrílico, tipo da de telefone.
Isto ia até as cinco da manhã, fácil.

Teve até show dos Novos Baianos, um sucesso.
Maconha da entrada até a saída. Para eles e para os convidados.
Na saída, Luciano e Celina me levaram para casa.
Na saída, de carona ou já com o carro da mãe( alguns),

um sanduíche no Gaúcho da Marechal.
Isto ia lá pelos idos de 1974, ou antes até.
A rádio, era a Iguaçu, AM ainda.

Alguns ouviam a Atalaia e outros a Ouro-Verde AM.
LP's do James Taylor dominavam as salas das namoradas.

Bem como os da Carly Simon.
O Venha à vontade do Curitibano era endereço certo para quem

estava a fim ou levado um fim. Mas era certeiro.
Rodas de samba começavam a invadir ambientes até então dominados

por rock, Black Sabbad, Pink Floyd, Led Zeppelim, Credence Clearwater
Revival e outros. Os Beatles já haviam se separado, mas ainda tinha
gente que gostava.
Vinicius de Moraes era moda. Toquinho era pouco famoso, mas já fazia

dupla com o velhinho. Taiguara subia no conceito da boa música.
Aliás, com ele comemorei meu aniversário em 1973 - lembra Marco Bassetti?
O Teatro Paiol reunia musicais de primeira linha e o Guairão, nem se fala.

Uma atrás da outra.
O gravador do carro era um Mistsubishi, que não rebobinava a fita.

E só tinha rádio AM. Depois, surgiram outros, mas o som era com
tweeter e amplificador. Porrada!!
Sapatos plataforma não se usavam mais, tinham ficado para os anos

de 1972/73. Assim como calças da New Man ou da Gledson.
Aparece a Ellus, que até hoje está por aí.
Os cabelos diminuíram no comprimento, fomos tomando jeito e

cara de garotos de 18-20 anos mais ajuizados.
Maconha já existia, alguns fumavam e voavam, outros fumavam e

riam sem parar, sentados no chão ou em gramados, muito comum
naqueles tempos.
O Santa Maria, o Medianeira, Colégio Militar e o Novo Ateneu eram

os colégios de então. Além do Bom Jesus, claro.
E a rivalidade sempre presente. Cursinho, era o Dom Bosco, prenunciando

a chegada do Positivo,em 1973, em cima do Real da Vicente Machado.
Olha o que virou.
No fim, todos ficaram amigos e conhecidos.
A Zimbaloo fez sucesso na Marechal Deodoro, bem como a boate do

DANC, na rua Ébano Pereira, primeiro andar.
A Batika vendia roupinhas mais transadas e boutique Lixo dava seus

passos em direção ao sucesso. A coluna do Dino era lida diariamente,
onde apareciam as "panteras" e os "bem lançados".
Mulheres usavam collant da Smugller, um suplício para desabotoar

naquela região. E sempre com pressa. Isto incentivou a ejaculação precoce.
Surgiram os sapatos La Pisanina, e quem não teve um?
A Confeitaria da Comendador era o ponto de encontro. A Sinhá Doceira

já existia, A Kopenhagen também. Dá-lhe Maria Pia. Sempre no final da tarde. Mais pra lá, o Túnel também marcou sua época.
Tipiti Dog foi surgindo e foi ficando.

Madrugadas e cheese saladas marcaram a vida e todos nós.
E o garçom gordinho, o Perez, conheceu toda a cidade.
A esquadrilha da fumaça sempre presente. Bom evitar nomes.
A turma dos carros brilhando, também.
A caravana dos Chevettes rebaixados dominava as ruas,

com rodas brilhando e sempre andando devagar.
As Brasília, também.
Surge o Hamburgão, no Cabral.
Aparece o Polara, 1800, sensação daquele tempo.
Meninas ainda sérias, começavam namoros que duravam dois, cinco,

oito anos. Alguns duram até hoje. Casaram com seus primeiros namorados.
Estoura You've got a friend, com James Taylos e Carole King.

Feelings e She's my girl apresentam um Morris Albert até então desconhecido.
O jogo de truco aparece nas escolas e entra na vida de todos.

Mas todo mundo jogava buraco com as namoradas e os amigos.
Saídas de colégio eram obrigatórias, do Sagrado, do Caça, do Sion.
Roteiro infalível para ver a namorada, ver outras e ver futuras candidatas.

Ou ser visto.
Desfile de pessoas de bem, que nem sempre acabaram bem.
Porres eram normais, mas nunca de uísque. A cuba-libre era a preferida,

embora tenhamos tomado até Piper, conhaque e, vez em quando, cerveja.
Nosso gosto era mais apurado, acho.
Em Guaratuba, carnaval era de lei, até perder o posto para Floripa,

que virou filial de Curitiba. Vários anos seguidos, bailes do Doze ficaram
na história. Junto com o FLOP.
E veio o Flash.
Grande época. Grande fase. Não só pessoal para cada um de nós, mas musicalmente.
O Palazzo Pizzaria era onde íamos jantar com as namoradas de então.

O Frao Léo também. E o Matt Horn em ocasiões especiais.
O Magazin Avenida distribuía um isqueiro que todo mundo queria,

mas poucos tinham. Assim como adesivo da Hípica, que por um ano
teve uma das melhores boates da época, sempre às 6as. Feiras.
Curitiba era uma puta cidade pra se viver e se andar.

De carro ou a pé, de táxi ou de carona, mas era diferente.
Surge o Jackie-O, impacto fulminante que agradou a muitos e muitas.

Barry White e Donna Summer davam o tom.
Na esteira, aparece a Papeete, na Vicente Machado, sempre lotada e cheia

de conhecidos. Sem esquecer da DiG It, e da Disco Sundae.
E dá-lhe Bee Gees. Ir para o Rio em julho, era obrigatório.
E lá, a Hippopotamus, a Privé e outras, incluindo a Erótika.
E dá-lhe gonorréia.
Depois, a Chamonix, mas aí já era final de 1980.
É muita coisa para ir seguindo ano após ano.
Melhor misturar, pois cada um vai lembrando aos poucos e até existem

coisas que não cabem aqui. O texto ficaria longo.
Mas, como fiz em 1993, num artigo publicado em um revista,

vou enviar outro mais completo, com quase tudo.
Abraços e completem a lista.
Será útil.
Afinal, quem viveu esta época que vivemos, não esquece jamais.
E foi muito boa.
Puxe sua memória. Aqui vai. Um resumão de uma época que marcou demais. Não só para mim, mas para todos que hoje beiram os cinqüenta.

"É calmo o inicio da madrugada em Curitiba"....dizia Ivan Cury na Iguaçu,

sempre à meia noite.
Quem matou Salomão Hayala? Na novela O Astro, da Janete Clair.
Venha a vontade, no Clube Curitibano....
Tipiti da XV e Comendador.
Brunetti Discos, Wings ( Dá-lhe Savarin) e o Rei do Disco.
Alcides Vasconcelos, na Rádio Independência.
Pizza do Acrópolis, com vitamina.
Debutantes do Clube da Lady, com Baile no Palácio Iguaçú e Curso da Socila.
Boatinha do Sírio, da Hípica.
Bruna Lombardi, Rose de Primo, benza Deus.
Maverick 8 cilindros, Opala 250-S, Charger RT, não lembro mais.
Baile do Choop no Concórdia.
Aquarius Band, Sam Jazz Quintett, no Santo Mônica.
Sandra Busato, a eterna glamour girl.
Um chopp no Jangil, na Praça Ozório.
Serra da Gaciosa: uma hora subia, outra descia.
Pick-Up automático, da Rádio Ouro Verde.
Quatro no Prato, da Cruzeiro do Sul.
A Hora do K-7, na Iguaçú, oferecimento da Ótica Boa Vista.
O Café Avenida.
Frank Sinatra.
Lojas Mazer, na Praça Generoso Marques.
Blusa Cacharrell, Sapato de Plataforma, Calça New Men. Veludo Velnac.
Oh Me Oh MY, com B J Thomas.
Beto Rockfeller, na Rede Tupi.
Saídas de colégio: Sion, Sagrado, Caça-Marido(s).
Chop kapelle, na Barão do Serro Azul.
Canal 4, TV Iguaçú.

Machado Netto no futebol e Nestor Batista nos cometários.
Cine Vitória....Dr. Jivago.
Sessão da Meia-Noite, no Cine Astor.
Bar Palácio, Mignon à Grisè na madrugada.
O Pôquer, toda sexta-feira, na Minha Casa Da Benjamim Constant.
O Bloco "Não Agite".
O crepe do La Cave.
Um piano com Strega no Frao-Leo.
A Turma da Saldanha, da Faivre.
Avenida Luiz Xavier com trânsito livre.
Motos da P.M. chamados de "padeiros".
O Canal 12, na Emeliano Perneta.
Rinoldo Cunha – O locutor esportivo.
Marumba Querida.
Bar Triângulo, na XV.
Jovem Guarda, com Roberto Carlos, Wanderléia e Erasmo Carlos.
Dirceu Graeser, PONTO 6.
Gilda, a bicha da XV.
Bamboliche, na Mal. Floriano.
Calça Boca-de-Sino, com mais de 40 cm de boca.
BR-3, com Tony Tornado.
Camisas Ronnie Von, da Mazer.
Calças Tremendão. Calça "wandéka", com duas cores: uma na frente e outra

atrás.
Anéis Brucutu.
O Mug, do Simonal.
Show de Jornal na TV Iguaçú, Com Hortência Tayer, Haroldo Lopes,

Jamur Jr e as barbadinhas do Rafael Munhoz da Rocha.
A Família Trapo Na Record.
Ronald Golias.
Festivais da Canção, Malcom Roberts, Sabiá, ETC...
I Starded a Joke, Bee Gees.
Cirandeiro, na Augusto Stellfeld.
Casa Sloper, Joalheria Kopp, Boiko, Menil Montant,
Lojas HM, Mala Ika, Bamerindus.
Calça Brim Curinga, da Curitex.
Calça Lee, do Lucilo, no Moreira Garcêz.
Inter-Americano, o curso que ensinou muita gente.
Boatinha do Iate, em Guaratuba.
Cines: Avenida, Ópera, Arlequim, Palácio, Marabá.
Serenatas em Guaratuba com Gerson Fisbein.
A Turna da Tia.
Hippopotamus, no Rio.
Privé , no Rio.
Erótika, no Rio.
M Rosenmann Joalheiros – "Um diamante é para sempre".
Colégio Estadual do Paraná.
A Revista TV Programas.
Um Instante, Maestro!
Bat Masterson, James West, Little Joe, Bonanza.
Big Gincana Duchen.
Restaurante Bologna na Praça Osório.
Restaurante Zacharias, aos domingos.
Confeitaria Iguaçu, na Praça Ozório – Era proibido beijar na boca.
Ayrton Cordeiro, Lombardi Junior, Capitão Hidalgo, Carneiro Neto,

Durval Leal, Nei Costa.
Coritiba de Célio, Hermes, Nico, Oberdan e Nilo.
Atlético de Belllini, Djalma Santos, Charrão, Nilson Borges.
Confeitaria Schaffer.
Cometa
Paulo Pimentel – "PARANÁ, AQUI SE TRABALHA".

E por aí vai. Contribuam e acrescentem o que lembrarem. Vale a pena.

Por Deus do céu: me senti agora com 18/19 anos. Deu vontade de
pegar o Chevette e ir comer um Au Au.

A LISTA

Recebo um email de grande amigo e companheiro das aventuras da
década de 70, coisas de alguns aninhos atrás, que me pede para
selecionar as 15 melhores músicas da época da discotéque. E ele
foi taxativo: as 15 melhores e só.
Tarefa difícil para quem gosta de música como eu, além de ter sido

uma década rica em termos musicais, não só de discotéque.
Mas, após pincelar algumas pérolas e ouvir tudo novamente, aqui

vai a relação, sujeita a críticas e a erros, pois cada um gostava mais
desta do que daquela e assim por diante.
01 – DONNA SUMMER – LOVE TO LOVE YOU BABY
02 – BARRY WHITE – YOU’RE THE FIRST THE LAST MY EVERYTHING
03 – DANCE AND SHAKE YOUR TAMBOURINE – UNIVERSAL ROBOT BAND
04 – GET UP AND BOOGIE – SILVER CONVENTION
05 – YOUR SONG – BILLY PAUL
06 – I WILL SURVIVE – GLORIA GAYNOR
07 – NIGHT FEVER – BEE GEES
08 – DISCO INFERNO – THE TRAMPS
09 – YOU MAKE ME FEEL LIKE DANCING – LEO SAYER
10 – LOVE UNLIMITED ORCHESTRA – I’M SO GLAD THAT I’M A WOMAN
11 – BARRY WHITE – WHAT I’M GONNA DO WITH YOU
12 – ODYSSEI – NATIVE NEW YORKER
13 – THE RITCHIE FAMILY – THE BEST DISCO IN TOWN
14 – VOLARE – AL MARTINO – VERSÃO DISCO
15 – TAVARES – HEAVEN MUST BE MISSING AN ANGEL

Obviamente, centenas de músicas destes tempos são marcantes e

inesquecíveis, mas procurei na listagem acima, deixar as que iniciaram movimentos de boates, LPs sensacionais e fitas K-7 carros afora.
Esta relação dá um Cd de primeira linha e para ser ouvido em volume alto. Lembrem: não se ouve este tipo de música com o som baixinho.
Não combina. É como chupar Chicabon com o papel junto.
Como o assunto é extenso, volto semana que vem com mais pérolas

da década de 70, que em termos musicais, não se compara com os dias de hoje.
Até a próxima.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

UM ADEUS PARA AS CALÇADAS

Conheço cada buraco das calçadas de Curitiba. Além de andar a pé,
andei muito tempo de cabeça baixa, pensando na vida e não querendo
ver muita gente.
Mas hoje,certo do que a vida me mostrou e do que ela me revela para

o futuro, resolvi ir trabalhar a pé,mas de cabeça erguida.
E qual não foi minha surpresa ao ver centenas de pessoas bonitas,

sorrindo, pensando, fumando(na rua ainda pode), conversando ao
celular, andando com pressa, andando com calma, apreciando vitrines, carregando sacolas (sempre tem), puxando filhos pelos braços,
cruzando as pernas na esquina para o farol abrir.
E, depois de trabalhar com mais vontade que antes, ao voltar para casa

notei que realmente, é muito melhor andar de cabeça erguida e observar
tudo à sua volta. O mundo, apesar de suas indiferenças, é algo que
deve ser admirado, bem como as pessoas que compõem este cenário
maravilhoso chamado Curitiba.
Calma e lentamente, andei pelo mesmo caminho de sempre, descobrindo novidades, sorrisos e olhares singelos, por onde antes somente via

penumbra, ninguém e nada de leveza.
A cidade é a mesma, as ruas são as mesmas, as pessoas também.
Eu é que mudei.
Parece que liberei uma carga de minhas costas e de minh’alma,

permitindo com isso, respirar mais tranquilamente e fumar menos,
ao menos por um dia.
Ao chegar em casa, um breve descanso no sofá, uma música e uma

Coca gelada me permitiram sorrir sozinho. Coisa mais gozada:
sorrir sozinho.
Agora, depois de muito tempo, descubro que a vida é muito curta

para a gente perder tempo se preocupando com o que passou.
Passou, passou.
Cuidemos do que temos e do que somos, do jeito que sabemos ser.
Tiremos lições do que vivemos, mas enfrentemos a realidade de hoje

com serenidade, tranqüilidade, amor no coração e muita vontade de vencer, todos os dias.
É muito melhor andar de cabeça erguida, mesmo que você vire o pé

naquele buraco ou tropece naquele petit-pavè que está solto.
Olhar as pessoas de frente e sorrindo, ainda é a melhor coisa para

quem gosta de gente, como eu.
Feliz de mim que consegui abrir a cortina e ver que existe sol.
É com ele que pretendo levar meus dias futuros. E é com ele que

pretendo cuidar de quem cuida de mim e gostar ainda mais de quem
me gosta.
Feliz de mim....

ÓTIMA

" NUNCA DERRUBE UM LÁPIS NO CHÃO.
ELE PODE FICAR DESAPONTADO"!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

DICAS DE SÃO PAULO

Não há dúvida nenhuma que São Paulo é uma cidade fora de série. Não só para trabalhar, mas também para viver e curtir o que ela guarda em suas ruas e ruelas.
Assim sendo, coloco aqui apenas algumas dicas para quem quiser aproveitar na próxima ida a São Paulo.

Esta cidade guarda histórias de milhares de pessoas e algumas minhas, mais para a frente eu conto. Por hora, vejam que
coisas boas estão aqui relacionadas.....

1. Provar o bolinho de bacalhau e o chope do Bar do Leo, que,

desde 1940, sai religiosamente abaixo de zero grau e com colarinho, na rua Aurora, 100, em Santa Ifigênia. Telefone: (11) 221 0247

2. Experimentar os docinhos de festa da doceira Di Cunto, na

rua Borges de Figueiredo, 61, na Mooca ( http://www.dicunto.com.br )

3. Devorar uma pizza calabresa no Castelões, na rua Jairo Góes,

126, no Brás, com um bando de amigos. Telefone: (11) 229 0542

4. Almoçar nas bancas de comidinhas das feiras de antiguidades

das praças Benedito Calixto, em Pinheiros, e Dom Orione,
no Bexiga, que acontecem no sábado e no domingo,
respectivamente.

5. Circular pelas bancas do Mercado Municipal, na avenida do Estado, e consumir, sem medo de ser feliz, toda a sorte de guloseimas que encontrar pela frente ( http://www.mercadomunicipal.com.br )

6. Comer uma das especialidades do Bar Sujinho, o frango caipira,

a qualquer hora da madrugada. A salada de repolho já faz parte do couvert. Coma sem preconceitos, é divina. O Sujinho fica na rua da Consolação, 2063. Telefone: (11) 3231 5487

E boa viagem. Se não tiver companhia, me avisa. Numa dessas, vou junto.

bom trabalho gráfico


terça-feira, 25 de agosto de 2009

a capela do erasto gaertner

Hoje cedo, ainda quando o dia não havia se definido se
seria bom ou feio, fui a um compromisso muito importante,
mais na qualidade de consultor do cliente e autor das peças
gráficas elaboradas para tal compromisso, do que colaborador
da inauguração da nova Capela do Hopistal Erasto Gaertner.
A Associação de Decoração Ponto de Apoio, para quem presto consultoria de comunicação, fez a entrega oficial da nova

Capela, projeto inovador criado pelo Jayme Bernardo,
talentoso arquiteto e ex presidente da Associação.
Em lá chegando, a incansável Elisabete, secretária da entidade,

já havia preparado quase tudo, faltando apenas detalhes de
última hora para ver quem faria o discurso, quem faria o quê.
Tudo pronto, inicia-se a celebração de um culto ecumênico

para a entrega da Capela.
Fala o padre, fala o pastor e fala o rabino. Todos, em comum,

a crença e a fé manifestadas no poder da cura, da oração, do encontro com Deus, seja ele do credo que for.
Eu ali, em pé, prestando atenção e observando a reação das

pessoas, que acompanhavam as falas, a música de fundo brilhantemente tocada pela pianista do Coral da Rede Feminina
do Hospital.
E fiquei a pensar: existem vários tipos de câncer, infelizmente. Alguns, detectados, têm cura. Outros, um prolongamento da vida para que a esperança se manifeste e o paciente não sofra muito.
Mas em todos os tipos, existe um ponto em comum: a fé, a esperança, a renovação do contato com Deus, a troca de

confidências com Ele, que permitem a amigos, parentes,
doentes e pacientes, uma melhora no estado de espírito,
que auxilia o conforto.
Aprendi, sozinho, que se encontra Deus em duas situações: no amor e na dor.
Na dor, encontrei-O e Ele me auxiliou a sair do pedaço que vem depois do fundo do poço. Ele e uma mão amiga, uma pessoa

a quem serei eternamente grato, mesmo que distante.
No amor, encontrei-O e brigamos, mas isto é assunto de ordem particular.
Voltando à fé manifestada na manhã de hoje, ao mesmo tempo

em que oramos, deveríamos manifestar nosso repúdio ao pouco
que se faz para auxiliar pessoas portadoras de câncer, que são muitas, mas muito mais do que você imagina.O Erasto faz demais
e consegue resultados positivos. Mas só ele? E nós?
Como disse a letra da música de hoje cedo,

“se você acha que fez muito, faça um pouco mais.”
E quando vemos centenas de milhões sendo gastos em outros assuntos não tão certos assim, como armamentos, guerras e conquista do espaço, ficamos coçando a cabeça e perguntando

o que será que está sendo feito para tentar achar a cura do câncer, sua origem, como ele nasce, como ele pode ser morto, enfim, como eliminar este sofrimento da vida de milhares de pessoas?
Só o conforto não basta.
Só a oração não salva.
Pesquisas, investimentos, cuidados, avaliações, enfim,

não sei o que pode ser feito, mas me parece que ainda
existe muita coisa para ser feita.
A Capela ficou linda, perfeita, correta.
Ali, orações serão feitas e pedidos dirigidos ao Criador.
Ele atenderá, na medida do possível.
Mas como dizem os árabes, MAKTUB – está escrito.
Não conforta, mas serve de início para mais pensamentos.
Ao voltar da solenidade, vi que meus problemas são nada perante

o que se apresenta naquele hospital e nas dezenas de rostos com olhares perdidos ao longe.
Vi que minha dor, seja qual for, é nada se comparada ao que

existe ali no corredor, na realidade que afeta o doente e os seus.
Vi que, mesmo preparados, médicos sentem e sofrem ao tratar

de crianças, de adultos, de pessoas atingidas por este mal.
Apesar do abatimento, resolvi colocar uma pedra em cima do

que eu achava que seriam meus problemas e viver de uma forma diferente.
Primeiro, agradecendo a Deus, mesmo que separado dele, a vida

que ele me dá.
Segundo, orando pelos que precisam – e não são só os doentes -, mas muita gente.
Terceiro, me conscientizando que a vida que tenho, é uma benção dos céus e um esforço de minha parte.
Por último, repetindo, diariamente, o que a música diz:
“SE VOCÊ ACHA QUE JÁ FEZ MUITO, FAÇA UM POUCO MAIS!”


ESCALOPE DE MIGNON AO MOLHO DE UÍSQUE

Tal seria não ter uma receita onde entrasse uísque.
E recomendo.
Passo a passo, aquela musiquinha ao fundo, avental, cigarrinho,
astral, boa companhia e um bom proveito.
Só faça direito.
Mulher gosta de homem que tem peito
para fazer comidinhas assim.
E de receita em receita, nunca se chega ao fim.

Ingredientes
4 escalopes de filé mignon

1/4 de cebola picada
2 colheres (sopa) de uísque
1/2 xícara (chá) de creme de leite fresco
1 fio de azeite de oliva para fritar
sal e pimenta-do-reino a gosto

Modo de Preparo
1. Tempere os filés com sal e pimenta-do-reino.

Leve uma frigideira grande, e de preferência antiaderente, ao fogo alto.
Deixar aquecer bem e regue um fio de azeite.
Coloque 2 escalopes por vez e deixe dourar por 1 minuto, sem mexer.
Vire-os e deixe fritar por mais 1 minuto ou até que fiquem dourados.
2. Retire os filés e coloque-os em local aquecido.
Repita o procedimento com os filés restantes.
3. Retire a frigideira (onde os escalopes foram dourados) do fogo,
acrescente o uísque com cuidado e raspe o fundo com uma colher
de pau para aproveitar o sabor deixado pela carne.
4. Volte a frigideira ao fogo, acrescente as cebolas picadas, o creme de leite e deixe ferver por 1 minuto.
Retire do fogo e sirva a seguir com a carne.

Daí me conta. Bom apetite!!!

MÁRIO QUINTANA

DO AMOROSO ESQUECIMENTO

"Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?"

AUGUSTO DOS ANJOS

Versos Íntimos
(Augusto dos Anjos)

"Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!"

CONSELHOS ÚTEIS

Em meio a dúvidas, tumultos mentais e preocupações, eis que me
aparece um email que diz ter sido escrito por uma senhora de 90 anos, aconselhando os mais jovens.
Muito útil.
Mas antes, muito certo.

ESCRITO POR REGINA BRETT, 90 ANOS, AMERICANA.

Sele a paz com seu passado para que ele não estrague seu presente.

O que não te mata, realmente te torna mais forte.

O tempo cura quase tudo. Dê tempo.

Tudo o que realmente importa no final é que você amou.

A vida é muito curta para perdermos tempo odiando alguém
.

Precisa dizer mais alguma coisa?


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

De um grande escritor paraibano......

Eterna mágoa

O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!


Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.


Sabe que sofre, mas o que não sabe
E que essa mágoa infinda assim não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda


Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!

AUGUSTO DOS ANJOS

O AMIGO MAR

Um barulhinho gostoso vem das ondas do mar.
Suave, calmo, como se quebrassem para chamar a atenção.
Quebram, espumam, molham, confortam.
Ondas que chegam em ciclos, assim como as novidades de nossas vidas.
Espalham-se, espumam-se, somem.
O som agrada aos ouvidos de quem caminha lentamente na areia.
Praia vazia, deserta, somente o mar por companhia e o barulhinho bom
das águas que não param de chegar.
E tem muita água.
Caminhando observo aquele ponto lá longe, que deve dar na África ou
em algum lugar. Imagino um jet ski que siga reto e desembarque em Joanesburgo. Já enviei gente para lá.
Imagino uma caravela, guiada por estrelas, que veio de lá, dando
a volta no oceano e chegando aqui.
Imagino quantos segredos estas águas guardam e não nos revelam.
Imagino quantas promessas foram feitas em alto mar, à beira da praia,
dentro d’água.
O mar convida a divagações.
A praia deserta convida a interpretações.
Imagens se misturam com a leve brisa e o ar meio friozinho do
mês de agosto.
Descalço, sinto a água abraçar meus pés e dizer que ainda é frio, não
é hora para entrar no mar.
Não quero entrar.
Apenas quero sentir, ouvir, caminhar.
Chutando grãos de areia indefesos, sigo a caminhada.
De um lado para o outro da praia, ainda vendo restos de um castelo que ruiu e foi destruído pela onda.
Caminho e penso.
Penso e analiso.
Analiso e sigo.
Melhor assim.
Mesmo com o silêncio da praia, sigo.
O mar é um bom e antigo companheiro.
Ele já viu coisas do outro mundo, de pessoas, de gente que sorriu,
sofreu, chorou, se perdeu.
Ele já levou esperanças embora, misturando em suas profundezas desejos que não se realizaram.
Fossem em garrafas ou em barquinhos, o mar aceita tudo. Menos desaforo.
Ele é dono do seu espaço. E quando o roubam, ele recupera. Mas não avisa.
Somente recupera.
Faz estragos, mortes, cenas horríveis, mas ele age como foi ensinado.
Tranqüilo e poético, traiçoeiro e mortal.
A mesma água que nos refresca e nos convida a sonhar, nos mata.
Caminho.
Passo a passo mantenho a distância do respeito para com o mar.
Ele não é de muitos amigos.
Assim como eu.
O barulhinho da onda me desperta para a realidade.
Tenho que seguir.
Hora de voltar.
E lá, na beira da praia, fica a vontade de sonhar.
Breve volto.
Tomara.

A FORMATURA

Não foi uma chamada qualquer.
Embora todos ali estivessem e teriam recebido presença, não foi
uma chamada qualquer.
A começar pela roupa, com todos de preto, faixa vermelha,
cabelos arrumados, meninas maquiadas e mais lindas do que normalmente o são.
No palco, sentados e postados para receberem o diploma, alvo atingido
após 4 anos de lutas, de desafios, de conquistas, de alegrias, de aprendizado.
Eu, sentadinho na ponta da mesa diretora, na qualidade de professor homenageado, mais feliz do que eles, emocionado e segurando lágrimas teimosas que
insistiam em cair.
Felicidade ver amigos e alunos recebendo um diploma que poderá ser útil
na vida, defendido com unhas e dentes, apresentado com orgulho.
Cada diploma que se conquista, é exclusivo de quem o conquista, não
admitindo meiar com ninguém, apesar dos apoios e das ajudas que vão
se recebendo no decorrer da estrada.
E a turma merece um aplauso especial.
Ralf, Cindy, Ju, Hérica, Enrico, Renatinha, Fernanda, Fabiele, e outros,
foram alunos que se destacaram pela educação, pelo companheirismo, pela
agilidade e rapidez de raciocínio, mesmo quando eu aplicava criação de spot em apenas dez minutos.
Saíram-se bem, desempenharam bem, foram leais ao objetivo inicial.
E no sábado, a emoção só não foi maior porque eu não estava lá para dar
vexame, mas que é difícil segurar, é.
Uma sensação de ter contribuído, ao menos um pouco, é muito grande.
Grande e feliz.
Ao ver estes alunos formados, um pouco a gente fica certo de ter feito a
coisa certa. Ao menos tentado fazer a coisa certa.
Os professores presentes devem ter sentido a mesma coisa.
Os pais e amigos se emocionaram e ficaram felizes, assim como eu.
Ao abraçar Carlo Nora, fiel companheiro e bom amigo, eu e ele tivemos
a certeza de termos subido mais um degrau em nossas vidas.
E com uma festa animada e feliz, pudemos abraçar a todos e ouvir comentários
de pais, satisfeitos e agradecidos, pois na extensão da sala de aula,
somos um pouco pais também.
Parabéns aos alunos e amigos.
E que a vida lhes traga sorrisos e mais desafios.
Ser publicitário é mais do que ter uma profissão.
É ser criativo, talentoso se possível, encontrar soluções para um cliente,
redigir de forma tentadora e fazer com que o consumidor responda ao seu apelo.
É ser diferente dos normais, mesmo porque os normais assim o são, mas não
estamos ao lado deles.
Temos que convencer pessoas, conquistar corações, orientarmos um ator ou
uma atriz para que leve nossa mensagem.
Ser publicitário é mais do que um estado de espírito.
É uma condição de vida diferente.
E por ser diferente, é muito gostosa.
E, de quebra, nos traz felicidade quando menos esperamos.
Ganha-se razoavelmente, vive-se intensamente, trabalha-se duramente.
Mas ser diferente, já é uma benção.
Parabéns, amigos-sempre alunos-companheiros.
Sucesso!!!!

sábado, 22 de agosto de 2009

CD MALHINHO COM ABAJOUR

Estava devendo para algumas pessoas que pediram.
Trata-se de um Cd especial para namorar, daí o nome.
Não precisa falar, conversar, discutir relação ou coisa que o valha.
Basta apenas ficar de mãos (e tudo o que der) dadas e ouvir.
O que rolar, rola em nome do malhinho, do carinho, do amorzinho,
do momentozinho que pode se transformar em um momento.
A relação de músicas obedece ao bom senso da calmaria e pode ser
o começo de uma fase de calmaria.
Recomendo.
BEN WEBSTER - WHEN I FALL IN LOVE
CHET BAKER - THESE FOOLISH THINGS
DAVE BRUBECK - GEORGIA ON MY MIND
HARRY CONICK JR - CRY ME A RIVER
JAMMIE CULLUM - A TIME FOR LOVE
NAT KING COLE - NATURE BOY
NAT KING COLE - THESE FOOLISH THINGS
BILLY HOLLIDAY - I GET ALONG WITHOUT YOU VERY WELL
EARL KLUGH - A TIME FOR LOVE
BEN WEBSTER - HOW DEEP IS THE OCEAN
OSCAR PETERSON TRIO - GEORGIA ON MY MIND
CHET BAKER - DON'T EXPLAIN
CHET BAKER - MY FUNNY VALENTINE
GERRY MULLIGAN - MY FUNNY VALENTINE
MARY BLACK - DON'T EXPLAIN
THE THREE SOUNDS - WHEN I FALL IN LOVE
MICHAEL BUBBLÈ - LOST
GEORGE BENSON - BEYOND THE SEA
ELIANE ELIAS - A HOUSE ITS NOT A HOME

Repararam que algumas músicas se repetem, mas são totalmente diferentes
em função de arranjos e interpretações.
Além do mais, músicas que são boas em sua origem, mesmo maquiadas, continuam
boas.
E a seleção acima, antes de qualquer coisa, é para acalmar ouvidos e mentes
e abrir portas para um momento a dois.
Bons momentos, pois.

O CENÁRIO

Não sou analista político, colunista político e especialista em política,
mas ao ler os jornais e ver a atitude do Mercadante, depois de ter trabalhado
anos na política, a gente aprende a ler nas entrelinhas.
De início, publicamente o cara se manifesta que vai tomar uma atitude por discordar dos arquivamentos das denúncias contra José Sarney.
Passadas 24 horas, publicamente, o cara dá a ré e diz que não vai tomar
a atitude imaginada pois conversou com o “amigo” Luis Lula, que por acaso é presidente desta nossa República e, com base na amizade, não poderia ir
contra o presidente e contra o amigo. Caixinha, obrigado!!
Ora, pois, como diria minha mãe: “vão à merda!!!!”
Claro fica que aconteceu alguma negociação em cima desta atitude que não foi tomada.
O PT, Lula antes de todos, tem o rabo preso com Sarney, assim como a
maioria do congresso e da classe política do Brasil.
E celulares, telefones fixos e emissários transmitem recados ameaçadores
a quem quiser se manifestar contra a permanência do Sr Sarney na presidência
do Senado.
Fica a dúvida, nas entrelinhas, de quanto o Mercadante teria capitalizado
para ele, seja em espécie, seja em dividendos, seja em barganha, pois é disso que vive a maioria da classe política. Me dá isso que eu faço aquilo. Me ajuda
lá que eu remanejo aqui, me prestigia lá na eleição que eu ajudo você agora aqui.
A mudança de postura, de posicionamento, apenas deixa claro a falta de caráter que domina a classe política do País, antes(muuuuuito antes) portadora de certa
vergonha na cara.
Certo está um email que circulou esta semana com uma foto do astronauta na lua,
ao lado do módulo lunar, andando na superfície com uma cerca à sua frente,
com uma placa dizendo: propriedade da família Sarney.
Vivemos um momento (de alguns anos) de falta de vergonha, falta de caráter e
de falta de palmadas na bunda. E o que é pior: a maioria desta camarilha será reeleita no próximo ano, sem problema nenhum. Basta levar uma cesta básica,
pagar a conta da luz, anistiar o IPTU, liberar uma verbinha para o prefeito analfabeto da cidadezinha do interior, que está feito.O eleitor quer troca
de b ens materiais e não ideológicos.
Centenas de brasileiros nem sabem o que é o congresso e a que se destina,
para que serve(ou deveria servir). Sabem, isto sim, que o Coronel Sarney pode
fazer coisas contra opositores e ainda aparecer na GloboNews dizendo que é vítima
de uma campanha contra sua pessoa, sua moral e seu currículo.E faz, manda, assina, apita e ninguém abre a boca. Atos secretos ou públicos, o povo que se foda.
Ora, pois, como dizia minha mãe: “vão à merda!!!”
De Sarney a Lula, de Mercadante a Collor, de Calheiros a Romero Jucá.
Por muito menos, um ladrão de galinhas está preso e apanha todos os dias
em alguma Colônia Penal Agrícola.
Eita paisinho de merda quanto se trata de política.
Mas um dia, chove no Ceará. Um dia, meus netos quem sabe tenham a honra de
dizer que o deputado fulano de tal é sério, honesto e vale a pena ser
merecedor de um voto.
Por enquanto, sou eleitor de mim mesmo.
E com slogan: Bosta por Bosta, vote no Costa.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ACORDEI SAUDOSO

Acordei saudoso.
Não saudosista, mas saudoso.
Acordei com vontade de querer de volta.
Ter de novo, ser de novo, viver de novo.
Mas, nem tudo é possível.
Aliás, quase tudo o que me deu vontade, já passou.
Uma vontade de “quero de volta”, entendem?
Quero de volta meu piano, com quem curti momentos
exclusivos que me permitiram sonhar ainda mais na vida.
Quero de volta minha mãe no sofá da sala, da casa da
Benjamin Constant, onde tomávamos chá ou uma cerveja gelada
e colocávamos as idéias no lugar.
Quero de volta meu quarto de solteiro, recheado de fotos
da Bruna Lombardi, a paixão platônica de uma adolescência
cheia de paixões.
Quero de volta meus LPS, onde a cada faixa, uma emoção se renovava.
Quero de volta meus amigos de recreio, naquelas manhãs frias do
ginásio, do científico, do Medianeira.
Quero de volta uma boa aula de literatura com Leopoldo Scherner, na PUC.
Quero de volta as costelas do Caça e Pesca, com Alceu Lobo, eu e Henrique
Phelps todas as terças-feiras. Era muito bom e matávamos aula na faculdade
para comer uma boa costela.
Quero de volta a PUC ainda no início, onde o carro ficava na lama e a
cantina era ruim pra cassete, mas vivíamos lá.
Quero de volta o beijo demorado da namorada carioca, silencioso,
gostoso, incentivador de sonhos maiores que não podíamos ter, naquela época.
Quero de volta meu Chevette branco, com Mistsubishi no painel e
rodas Scorro polidas. E minhas fitas K-7, especialmente gravadas para
qualquer ocasião.
Quero de volta a boatinha da Hípica, todas as sextas-feiras, bons
momentos, grandes cenas, boas companhias.
Quero de volta a boatinha do Sírio Libanês, onde eu fui DJ algumas
vezes e onde vivi momentos sensacionais e bem acompanhado.
Quero de volta a primeira ida à Confeitaria Cometa, tomar cerveja e
comer pernil com verde, saindo de lá somente à meia noite e indo a
pé para casa.
Quero de volta um jantar no Pahy, um carneiro numa noite de frio, onde
minha vida alterou-se por completo.
Quero de volta a Festa da Vodka, em Guarapuava, onde o porre foi lindo,
mas a festa foi mais. Obrigado, Ro.
Saudoso, sim. Triste, não.
Quero de volta uma viagem a Foz do Iguaçu, especial e bonita,
trabalhando em um congresso no hotel Mercury. Um abraço para a baiana.
Quero de volta meu barco de Bombinhas, com quem cruzei mares difíceis,
superei momentos não imaginados, desabafei frases particulares.
Um barquinho vermelho, que suportava bem todos os golpes do oceano
que era a minha vida.
Quero de volta meu relógio de Golf, bonitinho, simples, perfeito,
lindo, presenteado em um aniversário, com certo amor pelo meio.
Quero de volta minha eleição de prefeito em Itaparica, minhas
risadas à toa bebendo água de côco com uísque, vendo a Tita
trocar de roupa para ser a bandeira da ilha e eu, prefeito, desfraldando
a bandeira.
Quero de volta meus momentos em Guaratuba, esta praia que não me
sai da cabeça, para onde devo ir brevemente, morar, viver, escrever, sonhar,
ter mais paz ainda.
Quero de volta os lanchinhos de final de tarde, cafés coloniais da cidade,
sorrisos em volta, mãos dadas na mesa, torta de limão com uma pitada de amor.
Quero de volta bilhetes românticos, escritos a lápis, impressos em
mimeógrafos, que traduziam lindos sentimentos de uma adolescência agitada.
Quero de volta a saída do Inter, atrás do Guaíra, onde fiz e desfiz centenas
de coisas, algumas até indevidas, mas não proibidas.
Quero de volta os churrascos em minha casa, na churrasqueira mais “torta”
do mundo, mas que eram cercados de alegria, festa, risadas e músicas que somente uniam, jamais separavam.
Quero de volta um bolero dançado a convite, um rosto colado e tranqüilo,
um par de pernas que flutuavam no piso, um vestido preto que envolvia um belo corpo.
Quero de volta momentos da madrugada no Bar do Nilo, a Leninha sentada
no palquinho, cantando somente músicas do Roberto Carlos. Que belo momento, que bela madrugada, que bela cena.
Quero de volta o abraço do Ula Ula, do Veio, do Marco Bassetti, do Baggio,
do Paulinho, do Enio, do Heliomar, do Werner, do Ciro, do Paulo Chaves, do Rodrigues, do Norberto Castilho, do Edson, do Marco Heller, do Teigão do Cacimba, do Simão do Mangiatto Bene, da tia Glaci de Guarapuava, do Jairton
da Don Nunez, do Osmar, eterno amigo, da Madi Correa, da Réco, da Liseglê,
da Silvia, da Silvinha, da Boneca, da Suzana, da Lidiane, da Christiane Hufe,
da Preta, da Jú, de uma churrasqueira que tinha um quadro com um texto meu,
da casa da Rozangela com a rede, de pessoas que me são importantes mas não
as tenho mais visto.
Quero de volta as rodas de samba com Gerson Fisbein, meu atabaque, a praia lotada, o sorriso da moçada, a alegria em ver o sol nascer sóbrio, a casa da Tia Mirthes.
Quero de volta um momento de preguiça na areia de Porto Seguro, em
Cabrália, onde desceu o português mais inteligente do mundo.
Quero de volta um LP do Cat Stevens, onde tinha Father and Son, Wild World,
Sad Lisa e outras músicas excelentes, ouvidas mais de 3 centenas de vezes.
Saudoso, sim. Triste, não.
Quero de volta o ônibus da J.Araújo que me levava e me trazia, às vezes
desolado, às vezes animado, quando me esperavam na rodoviária.
Um rosto que sorria ao descer do ônibus, um abraço sincero recebido
na chegada.
Quero de volta o banco de madeira da casa do Rura, onde conversamos
as vidas dos dois, antes e depois, de lá pra cá e de cá pra lá.
Quero de volta os churrascos das quintas-feiras em Guarapuava, cerveja,
sorrisos, orações à meia-noite que nos permitiam sonhar. Lembrar,
sonhar, lembrar, sonhar, beber, cair, levantar, tudo aquilo.
Quero de volta uma viagem de carro com o Trio Favetti cantando, mãos
se dando, música no ar. Do passeio à meia noite, “mais uma voltinha’”,
mais um pouquinho.
Saudoso, sim.
Com isso, lembra-se de coisas boas, revive-se bons momentos, carrega-se a bateria e vai-se para a frente.
Quem sabe, num futuro próximo, eu queira mais coisas de volta.
Mas como eu disse no início, nem todas voltarão mais.
Ao menos, aconteceram.
Feliz de mim..........

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

PEDAÇOS

Ouço música todos os dias. Curto demais, desde arranjos e teclados
(piano, de preferência) até letras, pedaços, tons de vozes que
conquistam a alma.
Ontem, ao chegar da faculdade, um lanchinho rápido, cervejinha,
cinzeiro (aqui ainda pode fumar) e CDs.
Estou devendo um texto sobre um CD chamado “Malhinho na calmaria”,
mas vou colocá-lo em breve.
E depois de ouvir uma porrada de músicas, separei algumas coisas que
devem ser analisadas e memorizadas: pedaços de músicas.
Obviamente que Roberto Carlos é um grande poeta antes de músico.
Não um poeta de Academia, mas um cara que escreve o que viveu
(como alguns que conseguem expressar o sentimento através de
letras que viram músicas).
E as melhores composições do cidadão aí, foram quando ele estava
amando alguém, casado, juntado, sei lá, mas tinha alguém na parada.
Vejam só a preciosidade disto:
Na música FALANDO SÉRIO:
“você não sabe....mas é que eu tenho cicatrizes que a vida fez.....
e tenho medo...de fazer planos.....de tentar e sofrer outra vez...”
“ eu não queria ter você por um programa e apenas ser mais um
Na sua cama”....
E isto, na música COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ:
“ nem mesmo o céu...nem as estrelas...nem mesmo o mar...e o infinito....
não é maior que o meu amor, nem mais bonito...”
“nunca se esqueça nem um segundo, que eu tenho o amor maior do mundo....”
Pode parecer ingenuidade, mas isto lido, choca tanto quando ouvido.
E isto, na música NA PAZ DO SEU SORRISO:
“ na paz do seu sorriso, meus sonhos realizo e te vejo feliz......”
“ que a vida é isso, eu vivo por isso que você me dá...”
E no clássico do século, DETALHES:
“ detalhes tão pequenos de nós dois, são coisas muito grandes para
esquecer e a toda hora vão estar presente a toda hora, você vai ver...”
“ mas na moldura não sou em quem lhe sorri, mas você vê o meu sorriso
mesmo assim....e tudo vai fazer você lembrar de mim”
Quantos de nós já se colocaram nesta moldura........
Na música PROPOSTA:
“ eu te proponho, não dizer nada, seguirmos juntos a mesma estrada, que continua depois do amor ao amanhecer.....”
Na música AMOR PERFEITO:
“ vem, que eu conto os dias, conto as horas pra te ver....eu não consigo te esquecer...cada minuto é muito tempo sem você...”
Ainda na mesma:
“ vem que nos seus braços esse amor é uma canção.....e eu não consigo te esquecer...cada minuto é muito tempo sem você.....”
E na música ALÉM DO HORIZONTE:
“ se você não vem comigo, tudo isso vai ficar...no horizonte esperando por nós dois.....se você não vem comigo, nada disso tem valor....de que vale o paraíso
sem amor?...”
De fato, o cara é o cara. E quem entende um pouco o que ele quer dizer, vira fã. Esqueçam o visual, as roupas, o jeitão. Se concentrem apenas nas letras e nas músicas. Dá para fazer algumas laudas do Roberto, mas deixemos com estas.
E Gilberto Gil, na música SE EU QUISER FALAR COM DEUS:
“ se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós....tenho que apagar a luz....tenho que calar a voz.....”
Na música DOMINGO NO PARQUE:
“ o espinho da rosa feriu Zé e o sorvete gelou seu coração....”
Ainda:
“ o rei da brincadeira, é José....o rei da confusão, é João. Um trabalhava na feira, outro na construção....”
E o Gonzaguinha, na música É?
“ a gente quer suar mas de prazer.....a gente quer ter muita saúde.....”
“ a gente não tem cara de panaca, a gente não tem jeito de babaca, a gente não está com a bunda exposta na janela para passar a mão nela....”
Na voz de Gal Costa, a música VOLTA:
“ volta...vem viver outra vez ao meu lado....não consigo dormir sem teu braço, pois meu corpo está acostumado..... quantas noites não durmo, a rolar-me na cama, a sentir tantas coisas que a gente não pode explicar quando ama”....
Na voz de Fagner, uma obra prima da MPB, GENTE HUMILDE:
“ aí me dá uma inveja desta gente, que vai em frente sem nem ter com quem contar.....
“ são casas simples com cadeiras na calçada, e na fachada escrito em cima que é um lar....”
E Ivan Lins, em VITORIOSA:
“ quero, sua risada mais gostosa, este seu jeito de achar que a vida pode ser maravilhosa....”
“ quero, sua alegria escandalosa, vitoriosa por não ter, vergonha de aprender como se goza...”
Ainda Ivan Lins, na música BILHETE:
“ arrumei a sala, já fiz tua mala, pus no corredor....”
“ eu limpei minha vida, te tirei do meu corpo, te tirei das entranhas, fiz um tipo de aborto, e por fim nosso caso, acabou, está morto...”
“ jogue a cópia da chave por debaixo da porta para não ter motivo de pensar numa volta, fique junto dos teus, boa sorte e adeus....”
E se for a gravação com a Nana Caymmi, aí tira o tubo.
E Eliane Elias, na música de Tom Jobim, ESQUECENDO VOCÊ:
“ eu vou ter que lembrar tantas vezes o brilho dos olhos teus,
eu vou ter que passar minha vida tentando esquecer este amor...
eu vou ter que passar minha vida, só você não percebe porque....
eu vou ter que passar minha vida, esquecendo você....”
Dona Yvone Lara, na música do mestre Cartola, TIVE SIM:
“ tive sim, um outro grande amor, antes do teu....tive sim..
O que ela sonhava eram os meus sonhos e assim, íamos vivendo em paz....”
Tive sim....mas comparar com teu amor seria o fim
E vou calar, pois não pretendo amor, te magoar....”
E Djavan, na música de Paulinho da Viola, CORAÇÃO LEVIANO:
“ ah coração leviano, não sabe o que fez do meu.....”
“ trama em segredo teus planos, parte sem dizer adeus, nem lembra dos
meus desenganos, fere, quem tudo que perdeu.....”
E na música ESQUINAS:
“ só eu sei,,,,,,as esquinas por que passei....só eu sei.
Sabe lá...o que é não ter e ter que ter pra dar....sabe lá....”
Dick Farneu consagrou ESTE SEU OLHAR:
“ este seu olhar quando encontra o meu, fala de umas coisas que eu não
posso acreditar.....
Mas a ilusão quando se desfaz, dói no coração de quem sonhar, sonhou demais....
Ah seu eu pudesse entender o que dizem os teus olhos....”
Dá para ficar louco.
Ou de porre, no mínimo.
Mas se prestarem atenção em alguns pedaços acima comentados,
verão que a música brasileira é muito rica.
E ainda tem mais, muito mais.
Mais uma noite ouvindo, anotando, entendendo, admirando.
Enquanto isto, vamos com uma de Cazuza, que disse:
“ faço promessas malucas tão curtas quanto um sonho bom....
Sempre escondo a verdade, baby, pra te proteger da solidão....
“ te faço um filho, te dou outra vida, pra te mostrar que sou....
Vago na lua, nas pedras desertas do Arpoador.....
Faz parte do meu show....”
Do meu, também.
E a melhor de todas:
“simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti”.
Enviei mais de sessenta bouquets de flores durante minha vida
com a mesma frase.
Sempre deu certo.
Até a próxima.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

LEI DO CIGARRO

GAZETA DO POVO – 19 de agosto de 2009. - Beto Richa citou levantamentos que comprovam que a grande maioria da população é favorável à nova lei.
Entre eles, o prefeito destacou os números de uma pesquisa apresentada
pela Gazeta do Povo, segundo a qual 85,6% dos curitibanos maiores de 16 anos concordam com a medida. Em relação aos 71,4% que se disseram favoráveis
aos espaços exclusivos para fumantes, Richa afirmou que a maior parte da
população irá entender a importância do fim dos fumódromos. “O tabagismo é um problema de saúde pública, uma preocupação com o bem-estar das pessoas.
É um dever do poder público cuidar da saúde das pessoas, em primeiro lugar”, defendeu. “Nossa batalha não é contra o fumante, é contra o cigarro.
O fumante tem de entender que o direito dele vai até onde atinge o do outro.”
Então, tá. Agora é lei.
O cigarro incomoda, mata, atrapalha, perturba, mas ainda é um vício.
E como tal, deve ser tratado como uma dependência que o ser humano tem,
influenciado não se sabe por que, mas tem gente que não fica sem fumar nem 20 minutos. Proibido foi, proibido está, como dizia uma amiga minha.
Agora, do jeito que a coisa anda, vão se concentrar para proibir que bêbados se reúnam em bares e restaurantes, pois eles também incomodam. Beber também
é vício, tem gente por aí que bebe todos os dias. Nada contra, desde que
sobreviva e seja de boa paz. Em barzinhos, tem alegretes e balãozetes todos os dias. E alguns, até inconvenientes. Vão se mobilizar para que bêbados fiquem em
casa ou bebam na rua, enquanto dirigem, enquanto andam a pé, enquanto dormem,
menos em bares e restaurantes. Ou o alcoolismo não é um problema de saúde pública? Também vamos nos mobilizar para o combate à prostituição, que mesmo não sendo um vício, é uma prática condenável. Mesmo chic ou executiva.
O bem estar das pessoas, mencionado na lei e no comentário no nobre prefeito,
é um conjunto de coisas que compõem o momento do cidadão. Sentar em um bar para degustar uma caipirinha e depois comer uma boa feijoada, acompanhado de
um cigarro, é um momento de prazer e de relaxamento. E o pior: nem espaço
para fumantes terá mais. Uma discriminação a favor do bem estar das pessoas.
Com isso, o fumante deixa de ter seu bem estar atendido, enquanto bêbados profissionais continuarão a tomar seus porres e incomodar a terceiros,
sem lei que os regule, pois mesmo a tal da lei seca não passou de fogo de palha.
Broncas à parte, sugiro que cada um de nós, fumantes, aprenda a cozinhar
rapidinho, apanhe a receita preferida do seu restaurante e do seu bar de hábito, reúna amigos, compre cinzeiros e faça tudo em casa, o que também não é bom, pois deixa-se de freqüentar um local que se gosta em função de uma lei, que tem
multa prevista e tudo o mais.
Quero ver eu aprender o omelete com tomate seco do Folha Seca, a feijoada
do Fornão, o filé o Mangiatto Bene, a asinha a alho e óleo do Veneza, a paleta
de carneiro com fetuccini do Saanga Estação, o quibe do Bar da Brahma, a
costelinha borboleta do Serjão, além de outros que agora não lembro mas que são ótimos de serem degustados e saboreados em companhia de alguém especial, de
amigos, de uma boa caipira de vodka Smirnoff e um cigarrinho. Além do que, fica faltando a simpatia do dono do restaurante, amigo de longa data que te quer bem.
Aprender até que eu aprendo, mas perco o astral do local que sempre me acolheu
com elegância, fidalguia, bom atendimento e preparo alimentar exemplar.
Com esta lei, os não fumantes irão mais aos locais, pela lógica, mas o consumo
deles será uma coisa menor e mais triste. E aqueles espaços reservados aos
fumantes, simplesmente deletaram, cancelaram, suprimiram. Em nome do bem estar
dos não fumantes. E o meu bem estar? Não vale. Não tem. Lei é lei.
Criam-se leis para regular e melhorar a vida de pessoas. Concordo.
Quem não fuma, tem direito ao seu espaço. MAS QUEM FUMA TAMBÉM TEM DIREITO
A UM ESPAÇO RESERVADO. No fim, é até mais chic. A diferença entre eu e um não fumante, é o pulmão. A minha saúde é mais feliz do que a dele, meu astral é
melhor do que o dele, minhas realizações são melhores do que as dele. Ou não?
Quem fuma não se incomoda com a saúde e nem com a fumaça dos outros, mesmo
que de charutos. Quem fuma, não quer que o não fumante morra de câncer, pois
ele mesmo está se matando. Quem fuma, tem plena consciência do que é o fumo
e seus males. Ninguém fuma por bonito ou por auto-afirmação, como se dizia quando a gente tinha 15 anos.
É vício e como tal, merece respeito. Tive uma namorada que me amava perdidamente, dizia que beijava um cinzeiro, mas não me deixava um minuto sequer, mesmo com o cigarro. Ela não se importava e hoje goza de uma saúde de ferro. E goza.
Fica aberta a polêmica e o debate.
Mesmo não fumantes tem direito a opinar, mas lembrem-se: vocês viverão com
mais qualidade de ar, só que mais tristes. O fumante anima o ambiente,
anima a casa, anima as pessoas. É outro astral.
Mas como dizia aquela minha amiga, “resolvido está.”

terça-feira, 18 de agosto de 2009

UM BELO FADO

Um dos mais belos fados da música portuguesa, chama-se
PERSEGUIÇÃO, de autoria de Carlos da Maia, em parceria
com Avelino de Souza. Na interpretação de Amália Rodrigues
é de tirar o fôlego, ainda mais com as guitarras portuguesas
ao fundo. E na interpretação de Nara Leão, pelos idos de
1975, ficou muito bonito.
Como a letra é interessante, aqui vai.

“Se de mim, nada consegues,
Não sei por que me persegues
Constantemente na rua!
Sabes bem que sou casada
Que fui sempre dedicada
E que não posso ser tua!
Lá por que és rico e elegante,
Queres que eu seja a tua amante,
Por capricho ou presunção?
Ah, eu tenho o marido pobre
Que tem uma alma nobre,
E é toda a minha paixão!

Rasguei as cartas sem ler,
Nem nunca quis receber
Jóias ou flores que trouxesses!
Não me vendo, nem me dou,
Pois já dei tudo o que sou
Com o amor que não conheces!”

Carlos Da Maia - Avelino De Sousa

DONA ESMERALDA

E eis que começa o dia e chega dona Esmeralda, faceira e sorridente,
perto das sete da manhã. Sorrindo como sempre, já chega deixando a
sacola no banheirinho e coloca o lenço na cabeça, prendendo os cabelos
negros, lenço este, fiel companheiro de tantas jornadas como diarista
de dezenas de casas e apartamentos desta grande Curitiba.
Eu, tomando um café e lendo jornal, apesar do horário, causo espanto
para ela e ela sempre me pergunta: o senhor já acordou ou ta indo deitar agora?, com aquele ar de deboche que toda a diarista simpática tem.
Digo pra ela que acordei cedo pois tenho muito trabalho para fazer e
quanto mais cedo, melhor.
Ela olha de canto, já com a caneca de café na mão e me olha com ar de mãe, dizendo que minhas idéias saem com mais facilidade pela manhã.
Vai lá seu Costa e escreve um texto bonito como aquele do dia dos pais,
que tocou na rádio. Eu e minhas filhas ouvimos, em respeito ao senhor,
porque o pai delas é um vagabundo, cachaceiro que nos largou em 2001.
Digo eu para ela que não é bem assim e que ela deveria entender a posição
do seu Osvaldo. Ela disse que não entende nem a pau, principalmente
porque ele era um Bêbido, um arcoólatra inveterado e só queria saber de
ficar no bar da Vila Lindóia até cair. Isto quando não mexia com as menina da vila. Que vergonha, seu Costa. Ele mexeu até com a sobrinha dele, mas levou um chega pra lá da menina e afastou-se dela. Ficava agradando as perna da moça
até que um dia a moça percebeu que tinha algo errado, mesmo com 10 anos de idade.
Pergunto se ela está mal de vida e ela abre os olhos dizendo que não.
Trabalha feito uma louca de segunda à sexta, das sete às cinco e meia e
não tem patroa que reclame do serviço dela.
Digo para dona Esmeralda que ela toque a vida e esqueça o passado.
Ela me diz que tenho razão, até porque uma fia já é psicóloga da empresa murtinacionar e a outra já ta no terceiro ano de administração,
na federal, claro.
E lá vai ela começar seu trabalho, juntando seus apetrechos e saindo da copa.
Termino meu café e abro a janela da sala, para que entre o sol e o ar gostoso
de mais uma manhã típica curitibana. Esmeralda me olha e diz já vai
fumar, seu Costa. Digo que é um hábito e um vício e que não consegui
largar como pretendia. A vida mudou e o cigarro ficou companheiro
nas horas mais difíceis. Ela ri e diz que eu sou um frouxo, que não tenho
peito pra largar esta merda e que vou morrer disto. E o senhor que não
me espere no seu velório, a não ser que o senhor morra de outra coisa.
Aí, eu vou lá lhe dar um abraço de saideira.
Digo para Esmeralda que a vida ainda me reserva alguma coisa boa,
e ela só fica olhando de canto de olho. Pensando, ela diz que agora que
a gripe já passou, a vida volta ao normal. Hoje mesmo o ônibus tava
cheiinho e dei uma bronca num véio lá que começou a tossir dentro do ônibus. Disse pra ele por a cara na janela e deixar a gente respirar ar puro.
O véio ficou me oiando, mas mandei ele se dependurar na janela e pronto.
As pessoas gostaram, seu Costa.
Disse pra ela que ela fez bem, mas tinha que ver o que era a tosse do véio.
Ela disse que quem tá doente, não pode sair de casa. Lá na Vila é assim.
Tá gripado, some daqui cabra da peste.
E lá foi Esmeralda limpar a casa, impecável como sempre, sabedora de
seu ofício como poucas, faladeira de tudo e conhecedora de tudo e
mais um pouco.
Lá pela hora do almoço, eu ouvindo música bem baixinho e escrevendo
meus trabalhos, ela entra no escritório, se apóia na beirada da porta,
ajeita o lenço da cabeça e me diz, com ar de serenidade:
estas música ainda vão acaba com o senhor. Toca alguma coisa mais alegre,
seu Costa. Digo para ela que isto me faz bem e penso melhor com músicas
mais tranqüilas. Ela coça o queixo, me olha de novo e diz: ta certo.
O senhor vive em função do sentimento. Lhe conheço, seu Costa.
O senhor ainda vai sofrer muito na vida. Digo para ela que não mais.
Encerrei as atividades que me trouxeram dor e que agora, era viver em
paz e cuidar da família.
Ela olhou, piscou e me disse, tranqüila: sua família ta indo embora, seu Costa.
Vai ficar o senhor e a dona Bethy. Já já o Miguel se encaminha e larga doceis.
O senhor ainda vai morar em Guaratuba e eu vou ter que ir lá fazer faxina,
todo o sábado para voltar no domingo. Né seu Costa?
Eu digo que sim, que seria uma alegria ela ir até lá. E que eu faria uma
caldeirada para ela aproveitar a viagem.
Ela bate na barriga, me olha e fala: eu vou mesmo, até sem caldeirada.
O senhor é gente que eu quero muito bem. E a sua casa dá gosto de arrumar. Quase tudo fica arrumado, no lugar, parece que ninguém usa nada.
Aí é mais fácil, né seu Costa!
E Esmeralda toca seu serviço dentro do jeito que ela sabe e gosta.
Na hora do almoço, senta, come, não fala, reza, lava a louça e recomeça.
Perto das cinco horas liga do celular dela, fala com a filha, dá as ordens para o lanche da noite e volta a terminar o serviço.
Saio, volto e sento no sofá da sala, ouvindo uma música no fim do dia.
Ela entra na sala, me olha e diz novamente que aquelas músicas vão me matar.
E lá se vai dona Esmeralda, a fiel diarista, firme e decidida, sabedora de seus afazeres e uma pessoa de bem. Braba, determinada, de índole boa e
cumpridora de seus horários.
Vou com ela até a porta, ela me abraça e diz: fique com Deus, seu Costa.
E até a semana que vem.
Qualquer coisa, o senhor me liga. E muda essas música aí.
Semana que vem, vou trazer um Cd do Rick e Renner pro senhor trabalhar
mais alegre.
Dou um beijo na Esmeralda e ela se vai.
Volto para a sala, sento no sofá, acendo um cigarro e começo a achar
que Lembra de Mim, do Ivan Lins, é meio triste mesmo.
Levanto, mudo o Cd e coloco uma coletânea da Donna Summer.
Mata a saudade e anima um pouco.
Assim termina o dia, preparando a noite que ainda é segredo, mas que
não deverá trazer nada de novo.
Como sempre. E eu fico pensando se Esmeralda não tem razão.
Estas músicas ainda vão acabar comigo.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

DAR OS PARABÉNS

É sempre bom poder abraçar alguém na data do aniversário.
Um abraço sincero, acompanhado de sentimentos únicos, desejos eternos
e felicidade a dois.
Um abraço que seja portador da verdade, do amor, da vontade de que aquela
pessoa, a aniversariante, comemore muitos anos a mais este momento.
Dar um abraço em quem se ama é mais do que gratificante. Para os dois lados,
pois quem recebe sente a sinceridade. E se for acompanhado de uma lágrima,
de um silêncio, melhor ainda.
Abrace quem faz aniversário deixando claro que este abraço vem do fundo do seu coração. E se não sentir isto, apenas cumprimente, educadamente, cumprindo
normas do bom convívio.
Quem faz aniversário, ano a ano, conquista coisas boas que a vida reserva e
supera as ruins. Um sorriso aparente no rosto demonstra que a pessoa, a aniversariante, sabe que está feliz, vai ser feliz, merece ser feliz.
E o que é melhor, é poder abraçar alguém que está longe, que você ama,
só fala por telefone, msn, emails, torpedos. Ao vivo, a emoção toma conta e a felicidade fica estampada na face de cada um.
Comemorar mais um aniversário é ponto de alegria para quem está por perto e
vê a alegria do ambiente.
E quando se ama demais a pessoa, parece que cada gesto tem a sua importância,
a sua razão de ser.
Abraçar e ficar pendurado, por mais chato que possa parecer, é a lógica.
Dar os parabéns é mais do que sentir-se feliz e deixar a outra pessoa feliz.
Ainda mais quando é a filha caçula que chega aos 25 anos.
Aí, tomba o jipe e passa a régua.
Momentos inesquecíveis para quem está longe, mas vive perto, junto, no coração.
Felicidades, minha filha.
Que seus próximos 25 anos sejam mais felizes do que os primeiros.
E conte sempre comigo.
Do pai que te ama.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

SEXTA-FEIRA BONITA. DESDE O INÍCIO.

Linda manhã.
Sol misturado à leve névoa do dia que promete ser bonito.
Nas ruas, sorrisos em rostos que caminham sustentados por corpos
de vários estilos e formas. Na menina moça de tudo, um sorriso
acompanhado de um fone de ouvido de celular. Ela fala,
alegremente e bem alto. Não se preocupa com quem pode ouvir.
Ao lado dela, uma adolescente curte um som que deve vir de
um mp3 ou de um celular, mas cantarola em voz normal uma
letra em inglês, enquanto caminha.
Na banca da esquina, o jornaleiro fica ao lado de fora, sorrindo e
de manga de camisa. Na Tribuna, um assaltante rouba no Cajuru e
morre no Uberaba. Menos um.
No tubo da Linha Verde, centenas de pessoas descem rumo a mais
um dia de trabalho. Mas um dia especial. Com sol, com alto astral,
com um final de semana que poderá ser bom ou ruim, ninguém sabe.
Mas pelo jeito, quer-se viver o hoje.
Na Praça Carlos Gomes, ambulantes mais organizados com o espaço
em frente à Gazeta do Povo e carros estacionados decentemente.
Menos vagas para os flanelinhas que viviam daquilo.
Aliás, era daquilo que se podia viver?
Na esquina da Marechal com a Marechal, mulheres sorriem,
comentam, falam, gesticulam, todas com o mesmo traje.
Funcionárias de rede, de loja, de empresa. Caminham a passos largos.
Quase oito e meia da manhã. Na faixa de pedestres, uma senhora
atravessa a rua lentamente e o sinal já vai abrir. Coloco-me ao lado dela
e faço sinal para os carros esperarem. Atravessamos os dois. Lentamente.
Ela sorri, agradece e sobe a Marechal Floriano. Eu viro à esquerda e
vou em direção à Zacarias. Lentamente. Aliás, lentamente seguem meus dias.
Parecem ter 48 horas cada, apesar da correria e do grande volume de trabalho.
E semana que vem recomeçam as aulas. Já era hora. Os vírus que
nos dêem licença, mas precisamos trabalhar e tem aluno que quer aula.
Vejam só: alunos querendo aula.
Mudança dos tempos. Fosse antigamente, estaríamos não sabemos onde,
menos aqui.
Na Zacarias, filas de ônibus e pessoas que vão e vem naquele passo do “preciso trabalhar”, normal para o horário matinal. Paro no café, peço um cafezinho,
bebo lentamente. E lentamente acendo um cigarro e continuo olhando o
povo na rua.
Bom isso.
Quantos rostos diferentes, quantas cenas iguais, quantos perfis conhecidos, quantos esteriótipos manjados, quantas coisas que se repetem.
Mães que carregam filhos pequenos no colo, mães que arrastam filhos
maiores pelo braço, mães que seguram com firmeza as mãos de duas crianças,
uma de cada lado. Pouca gente com sacola. Não é hora.
A invasão das sacolas começa depois de meio dia. E tem de tudo.
De Mercadorama à Pernambucanas, de açougue a feirão. Tem de tudo.
Terminado o café, sorrio para a simpática balconista e sigo meu caminho.
Minha reunião começa às 09 e meia. Mas lentamente, sigo. Olhando,
pensando, vendo, registrando.
No banco ao lado do HSBC, quase com a XV, três libaneses conversam na
língua deles e fumam. Riem, se olham, falam aquela língua estranha, mas
comum para eles. Assim é quando falo grego com algum parente.
Ninguém entende, só a gente.
Na Boca Maldita, nenhum conhecido. Alguns tomam café, outros olham
para o sol, o McDonalds está vazio. A antiga loja da Ika, fechada. O antigo
cine Palácio, virou faculdade, no Moreira Garcez.
Na Praça Osório, menos movimento.
E lentamente sigo para a reunião.
Chego.
Me anuncio.
Não conheço a cliente.
Pedem que eu aguarde. Já serei atendido.
Olho os quadros na recepção, imagino que seja aquilo. Ainda não sei.
Me convidaram para analisar um projeto novo.
Sou chamado.
Entro em uma sala de reuniões grande, com uma mesa oval, linda e
cadeiras de espaldar alto.
Entra o cliente. Na verdade, a cliente.
E que cliente.
Com todo o respeito, bela reunião.
Mais ouvi do que falei.
Mais sonhei do que entendi.
No fim, não era para minha área.
Mas valeu a reunião.
Dois cafés, três sorrisos, cartões trocados, comentários breves sobre
soluções possíveis.
Levanto para ir embora.Belo início de dia. Tomara todos fossem assim.
A dama me pergunta se pode me enviar um email. Digo que sim.
Cumprimentamo-nos e vou embora.
Na calçada, lentamente caminho de volta para meu escritorinho para
reiniciar tudo de novo.
Novos textos, novas ações, novas idéias, novas coisas.
Outro café na Zacarias, mais um sorriso lindo da moça do balcão, outro
cigarrinho.
Lentamente desço a Marechal Floriano e chego em casa.
Abro o computador, acesso meus emails para ver o que o dia me reservava.
Ta lá: email da dama.
Mas já?
Conteúdo legal, papo bom, agradecimento pela reunião e pelas orientações.
No final, um “Apareça e Dê Notícias” muito interessante.
Mas me aposentei.
Lentamente respondo, deleto o endereço e o email enviado.
Chega.
Vamos trabalhar que ganhamos mais. Com todo o respeito à dama.
Mas aposentado só observa.
Observa, anota e sonha.
Isto basta.
Ao menos, por hora.