Este texto foi escrito originalmente em dezembro de 2008 para um artigo no Jornal Com Você Curitiba.
O pessoal da Mercearia Bresser gostou e colocou em um quadro que deverá ser pendurado no restaurante. Além de eu ter ficado feliz e emocionado, abro o texto no blog para leitura de alguns, saudades de outros e conhecimento de todos.
OS BARES DE ONTEM.
E ponha ontem nisso!!!
Hoje, o que se vê é uma verdadeira invasão de bares e botecos em comparação
à década de 70 e início dos anos 80.
Longe ficam lembranças dos locais por onde andávamos, alguns excelentes,
outros meia-boca, mas todos inesquecíveis. Mesmo os ruins eram bons, pois não tínhamos tantas opções quanto as de hoje.
Confeitaria Cometa, na Rua XV, marcou época com seu sanduíche de pernil
com verde e mesa de mármore branco, garçons profissionais e cerveja Antártica gelada. Grandes prosas, grandes porres, grandes chás com tortas
(à tarde, claro) e carros passando na XV.
Stuart, que já mereceu texto exclusivo aqui no blog, mas o modelo antigo,
cheio de gente e sorteio atrás de sorteio. Eram pernis, chesters, carnes, uma zona organizada. A famosa empadinha, que a qualquer hora ia bem. Vozes que se
misturavam, mas todos falavam a mesma língua: a língua de bar.
“Lá no Pasquale”, no Passeio Público. Marcou época devido à presença do
ex-prefeito Jaime Lerner e de artistas, boêmios, compositores, poetas,
escritores, enfim, gente diferente que fazia a diferença. Era point nos anos 80, ainda mais aos sábados(ou somente aos sábados), servia um chopp delicioso e
petiscos feitos na hora, com qualidade e competência.
Túnel, na Comendador. Mais lanchonete que bar, mas era um retângulo comprido(?),
que abrigava mesas e uma turma animada, alguns indicando ali seus primeiros goles – que duram até hoje, felizmente.
Rainha Careca, do meu amigo Rodrigo, onde toquei muito piano em companhia de
gente querida da época e de meu compadre, o fiel Marco Bassetti, que bebeu
muito comigo ao redor de um piano. Na época, o Rainha Careca, no alto do
Batel, era um senhor bar e uma freqüência animada.
Meio Fio, na rua do Rosário, passando o Colégio Divina Providência.
Um barzinho pequeno, um piano afinadíssimo, uma turma que começava a chegar pela meia noite. Petiscos de primeira linha e vinho tinto selecionado. No piano,
sempre a cuba libre para acompanhar.
Cirandeiro, na esquina da Augusto Stellfeld, com a rua dos Chorões.
Grandes rodas de samba, e noitadas de MPB em apenas 40 metros quadrados
(se tinha) de felicidade e de gente bonita.
Velha Adega, desde o início até os tempos do Tatára. Um grande botequim,
um som ao vivo de primeira linha, MPB a todo momento, uma escadaria sem
vergonha para sair(para chegar era mais fácil).
No Velha Adega, nasceu o romance de Cristóvão Tezza, O Trapo.
Ali escapei de levar uma grande surra, salvo pelo meu amigo Aldo Malucelli.
Coisas da cerveja e de mulheres bonitas que sorriam a todo instante.
Calabouço, no Largo da Ordem. Um “buraco” com estilo que abrigava umas
200 pessoas e um dos primeiros bares de verdade a ter música ao vivo.
E lá, nos idos de setenta e poucos, tomava-se Norteña, a cerveja uruguaia.
Hoje se encontra por aí. E é boa.
Nilo Samba e Choro, aquele da Mateus Leme. No tempo em que a MPB e o chorinho
eram tocados com maestria e valia o momento da interpretação. Um regional de primeira linha e um bar de alto astral, mesmo conhecendo os problemas de
bastidores em que o Nilo se metia, mas foram águas passadas. Ali no Nilo,
muitas madrugadas foram vividas, regadas a chopp, vodka e MPB na voz de
Leninha, além da pizza no palito e do amigo “Zé Gotinha”, um motorista de
praça animado que sempre marcava presença, cada vez com uma deusa diferente.
Aliás, ele só bebia chopp com Coca-Cola.
Nas mesas do Nilo, muitos textos foram escritos em guardanapos,
inclusive um para o filho da Leninha, que ela guarda até hoje na carteira.
Sombrero, na Sete de Setembro, que existe até hoje, mas o astral daqueles
tempos era diferente.
O primeiro Kapelle, na Barão do Serro Azul, entre a 13 de Maio e a Carlos Cavalcante. Saía eu da faculdade, perto das dez da noite e já ia direto para lá, encontrando amigos com Enio, Paulinho Almeida, Eduy e mais alguns.
Um ambiente de chopp bem tirado, vodka honesta e a preço honesto,
carne de onça com broa preta e batata frita à inglesa com maionese Hellmann's,
uma novidade para a época.
Ali, o saudoso Osvaldo atendia com simpatia, ao lado do John e da Mara.
Bar do Alemão, no Largo da ordem. Este resiste ao tempo e permanece bom, com chopp de primeira e a lingüiça alemã com mostrada preta, além de outras guloseimas
de qualidade, com um astral fora de série para um bar.
Hummel Hummel. Mais restaurante do que bar, mas o ambiente era acolhedor e
serviam um Hering com Nata de primeiríssima qualidade.
Lá, meu amigo Klein, de São Paulo, tomava cerveja à temperatura ambiente e contava histórias de Ibirubá, a cidadezinha do Rio Grande. Não esqueço da Broa úmida
do Hummel Hummel.
Brasileirinho, perto do alto de São Francisco. Soninha recebeu amigos sempre
com um sorriso no rosto e um atendimento de primeira qualidade. Aliás, grandes bebedeiras com o fiel companheiro Antonio Labatut, que ainda encontro por aí.
Old Friends, na Saldanha Marinho, um dos melhores bares de todos os tempos,
tocado pelo saudoso Toninho, com sua coleção de LPs e seu bom gosto musical.
O bar tinha um astral diferente e o inesquecível Palmito Blues, à milanesa e
somente lá. Meu amigo Décio Vômero e eu temos histórias do Old Friends, bem
como eu e JJ Werbitzki também. Mas foi uma época de ouro, tanto na propaganda
quanto na vida, tendo o Old Friends como pano de fundo, como cenário de grandes encontros. Até as mulheres eram mais bonitas e atenciosas neste tempo.
Sem dúvida, foram momentos vividos com profissionalismo e honrando sempre
a frase de Mano Velho: “ a noite é um filtro. Só passam os bons”!
Bares que não tinham a sofisticação dos dias de hoje, mas que eram tocados por amantes da noite e de botecos. Bares que testemunharam histórias impublicáveis
e outras contáveis. Além de lendas que nasceram nas noites.
Bares que sobreviveram e que sobrevivem alimentando sonhos, momentos de alegria, porres e desamores, encontros às escondidas e em público, contas assustadoras ou contas honestas, enfim, bares que abrigam pessoas solitárias, mesmo em mesas
cheias.
Este blog tem por finalidade contar histórias, estórias, causos e trazer
para a leitura de gente mais jovem, um pouco da Curitiba de ontem, que valeu
a pena ser vivida e conhecida, mesmo que isto não nos dê diploma nenhum.
Comente, opine, pergunte, sugira, participe.
Claro que faltaram alguns bares neste texto, mas daí, ficaria comprido demais.
E, nas noites pela aí, outros serão lembrados e poderão entrar nas próximas postagens de textos.
Afinal, na mesa de um bar nasceu a vontade de escrever sobre isto e com apoio
de bons e fiéis companheiros. E companheiras, também.
Fica o registro.
Ula,Ula:
ResponderExcluirDa presença do Zé Gotinha,no Nilo,sou testemunha!!!
Abraço,
Guido
Muito bom...........com certeza tem muitos bares a ser mencionados como por exemplo o John Bull, passei por todos e todos de alguma maneira deixarao saudades.
ResponderExcluirEsqueceu do Porto Velho???
ResponderExcluirEu sinto saudades do Old Friends, dos encontros com amigos, da boa musíca, do bom atendimento do Toninho, bons tempos, que só alguns poucos puderam aproveitar.
ResponderExcluirHoje eu nem frequentos bares, pois igual ao OLD, nunca mais haverá outro. Cris
Saudoso Old Friends,noites e noites passei ali,final dos anos 70.Lugar maravilhoso,bom atendimento,preço honesto,boa musica,boa comida e as mulheres,ah...as mulheres!!!Nunca conheci lugar parecido.Amaro Faria
ResponderExcluirExcelente texto......conheci muitos desses bares. Realmente o Old Friends marcou os anos 80. Gostei da lembranca do Porto Velho um dos primeiros bar que fequetei.
ResponderExcluirta...vamos la....acrescentem ai....Padock, do Nuno, O Potato do Junior, Espalha Fato, onde o Jared mandava umas musicas show, Quadra Bar do Gildo, Sarinha onde o Ivan do Blindagem mandava um acustico legal, os espetinhos da Cruz Machado onde o Waldo começou, Gato Preto, Meia Oito, e tantos outros que podia falar aqui ate amanha..kkkkkk
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