Linda manhã.
Sol misturado à leve névoa do dia que promete ser bonito.
Nas ruas, sorrisos em rostos que caminham sustentados por corpos
de vários estilos e formas. Na menina moça de tudo, um sorriso
acompanhado de um fone de ouvido de celular. Ela fala,
alegremente e bem alto. Não se preocupa com quem pode ouvir.
Ao lado dela, uma adolescente curte um som que deve vir de
um mp3 ou de um celular, mas cantarola em voz normal uma
letra em inglês, enquanto caminha.
Na banca da esquina, o jornaleiro fica ao lado de fora, sorrindo e
de manga de camisa. Na Tribuna, um assaltante rouba no Cajuru e
morre no Uberaba. Menos um.
No tubo da Linha Verde, centenas de pessoas descem rumo a mais
um dia de trabalho. Mas um dia especial. Com sol, com alto astral,
com um final de semana que poderá ser bom ou ruim, ninguém sabe.
Mas pelo jeito, quer-se viver o hoje.
Na Praça Carlos Gomes, ambulantes mais organizados com o espaço
em frente à Gazeta do Povo e carros estacionados decentemente.
Menos vagas para os flanelinhas que viviam daquilo.
Aliás, era daquilo que se podia viver?
Na esquina da Marechal com a Marechal, mulheres sorriem,
comentam, falam, gesticulam, todas com o mesmo traje.
Funcionárias de rede, de loja, de empresa. Caminham a passos largos.
Quase oito e meia da manhã. Na faixa de pedestres, uma senhora
atravessa a rua lentamente e o sinal já vai abrir. Coloco-me ao lado dela
e faço sinal para os carros esperarem. Atravessamos os dois. Lentamente.
Ela sorri, agradece e sobe a Marechal Floriano. Eu viro à esquerda e
vou em direção à Zacarias. Lentamente. Aliás, lentamente seguem meus dias.
Parecem ter 48 horas cada, apesar da correria e do grande volume de trabalho.
E semana que vem recomeçam as aulas. Já era hora. Os vírus que
nos dêem licença, mas precisamos trabalhar e tem aluno que quer aula.
Vejam só: alunos querendo aula.
Mudança dos tempos. Fosse antigamente, estaríamos não sabemos onde,
menos aqui.
Na Zacarias, filas de ônibus e pessoas que vão e vem naquele passo do “preciso trabalhar”, normal para o horário matinal. Paro no café, peço um cafezinho,
bebo lentamente. E lentamente acendo um cigarro e continuo olhando o
povo na rua.
Bom isso.
Quantos rostos diferentes, quantas cenas iguais, quantos perfis conhecidos, quantos esteriótipos manjados, quantas coisas que se repetem.
Mães que carregam filhos pequenos no colo, mães que arrastam filhos
maiores pelo braço, mães que seguram com firmeza as mãos de duas crianças,
uma de cada lado. Pouca gente com sacola. Não é hora.
A invasão das sacolas começa depois de meio dia. E tem de tudo.
De Mercadorama à Pernambucanas, de açougue a feirão. Tem de tudo.
Terminado o café, sorrio para a simpática balconista e sigo meu caminho.
Minha reunião começa às 09 e meia. Mas lentamente, sigo. Olhando,
pensando, vendo, registrando.
No banco ao lado do HSBC, quase com a XV, três libaneses conversam na
língua deles e fumam. Riem, se olham, falam aquela língua estranha, mas
comum para eles. Assim é quando falo grego com algum parente.
Ninguém entende, só a gente.
Na Boca Maldita, nenhum conhecido. Alguns tomam café, outros olham
para o sol, o McDonalds está vazio. A antiga loja da Ika, fechada. O antigo
cine Palácio, virou faculdade, no Moreira Garcez.
Na Praça Osório, menos movimento.
E lentamente sigo para a reunião.
Chego.
Me anuncio.
Não conheço a cliente.
Pedem que eu aguarde. Já serei atendido.
Olho os quadros na recepção, imagino que seja aquilo. Ainda não sei.
Me convidaram para analisar um projeto novo.
Sou chamado.
Entro em uma sala de reuniões grande, com uma mesa oval, linda e
cadeiras de espaldar alto.
Entra o cliente. Na verdade, a cliente.
E que cliente.
Com todo o respeito, bela reunião.
Mais ouvi do que falei.
Mais sonhei do que entendi.
No fim, não era para minha área.
Mas valeu a reunião.
Dois cafés, três sorrisos, cartões trocados, comentários breves sobre
soluções possíveis.
Levanto para ir embora.Belo início de dia. Tomara todos fossem assim.
A dama me pergunta se pode me enviar um email. Digo que sim.
Cumprimentamo-nos e vou embora.
Na calçada, lentamente caminho de volta para meu escritorinho para
reiniciar tudo de novo.
Novos textos, novas ações, novas idéias, novas coisas.
Outro café na Zacarias, mais um sorriso lindo da moça do balcão, outro
cigarrinho.
Lentamente desço a Marechal Floriano e chego em casa.
Abro o computador, acesso meus emails para ver o que o dia me reservava.
Ta lá: email da dama.
Mas já?
Conteúdo legal, papo bom, agradecimento pela reunião e pelas orientações.
No final, um “Apareça e Dê Notícias” muito interessante.
Mas me aposentei.
Lentamente respondo, deleto o endereço e o email enviado.
Chega.
Vamos trabalhar que ganhamos mais. Com todo o respeito à dama.
Mas aposentado só observa.
Observa, anota e sonha.
Isto basta.
Ao menos, por hora.
Finalmente Costa... Finalmente!!!
ResponderExcluirFinalmente é Sexta-Feira... Parecia que nunca chegava...
Finalmente amanhã é Sábado... Dia de descansar e aproveitar em casa...
Finalmente poderemos voltar às aulas.. Não vejo a hora de poder começar a terminar!! (Que lindo, não?)
Finalmente chegou a hora... Desligo o PC e vou-me embora!!! Graças a Deus!!!
Grande Abraço e Excelente final de semana...
E que nos venha o "bicho"!!!!