EU GOSTO DE COCA-COLA

Eu gosto de Coca-Cola.
Não tanto do líquido, mas da garrafinha pequena.
Ela me lembra você.
Pequena.
Mesmo pequena, uma grande mulher.
Querida, meiga, singela, como a garrafa.
Suas curvas se assemelham às da garrafa.
A diferença é que você não tem tampa.
Ao menos que aparente.
A delícia do líquido gelado se compara
à delícia do teu beijo quando chego.
A garrafinha vazia me mostra o interior dela.
Limpo como o teu.
A satisfação de beber um gole, na garrafa,
é igual à satisfação do teu abraço quando
damos adeus por mais um dia.
Bom tomar Coca-Cola pequena.
Bom lembrar que você existe.
Uma coisa puxa a outra.
E na tua casa, nunca recebi uma Coca.
Ironia do destino.
Mas ainda assim, é tudo 10 para este menino.
Que gosta de Coca-Cola, só porque ela lembra você.
Que ingenuidade.
Claro que seu corpo é muito mais interessante.
Claro que nossos goles são muito mais desgastantes.
Mas com isso eu vivo.
A cada gole, uma lembrança.
A cada lembrança, uma esperança.
De ver você todos os dias.
Sorrindo, brincando, como a maioria das gurias.
Continue assim minha pequena.
Pra sempre, se puder.

(redação feita em 1973, no Colégio Camões, para o Prof. Élio, de português, com a qual ganhei o primeiro lugar. Reparem na ingenuidade da época em comparar uma namorada com a garrafa de Coca, pequena. Santa mãe.......E pensar que esta redação, a menina nunca leu e nunca soube, pois alguns dias depois, ela terminou o namoro. Coisas do destino, deste pobre menino).