QUE BOM TER VOCÊ AQUI

Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
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Que bom ter você aqui....

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O AMIGO MAR

Um barulhinho gostoso vem das ondas do mar.
Suave, calmo, como se quebrassem para chamar a atenção.
Quebram, espumam, molham, confortam.
Ondas que chegam em ciclos, assim como as novidades de nossas vidas.
Espalham-se, espumam-se, somem.
O som agrada aos ouvidos de quem caminha lentamente na areia.
Praia vazia, deserta, somente o mar por companhia e o barulhinho bom
das águas que não param de chegar.
E tem muita água.
Caminhando observo aquele ponto lá longe, que deve dar na África ou
em algum lugar. Imagino um jet ski que siga reto e desembarque em Joanesburgo. Já enviei gente para lá.
Imagino uma caravela, guiada por estrelas, que veio de lá, dando
a volta no oceano e chegando aqui.
Imagino quantos segredos estas águas guardam e não nos revelam.
Imagino quantas promessas foram feitas em alto mar, à beira da praia,
dentro d’água.
O mar convida a divagações.
A praia deserta convida a interpretações.
Imagens se misturam com a leve brisa e o ar meio friozinho do
mês de agosto.
Descalço, sinto a água abraçar meus pés e dizer que ainda é frio, não
é hora para entrar no mar.
Não quero entrar.
Apenas quero sentir, ouvir, caminhar.
Chutando grãos de areia indefesos, sigo a caminhada.
De um lado para o outro da praia, ainda vendo restos de um castelo que ruiu e foi destruído pela onda.
Caminho e penso.
Penso e analiso.
Analiso e sigo.
Melhor assim.
Mesmo com o silêncio da praia, sigo.
O mar é um bom e antigo companheiro.
Ele já viu coisas do outro mundo, de pessoas, de gente que sorriu,
sofreu, chorou, se perdeu.
Ele já levou esperanças embora, misturando em suas profundezas desejos que não se realizaram.
Fossem em garrafas ou em barquinhos, o mar aceita tudo. Menos desaforo.
Ele é dono do seu espaço. E quando o roubam, ele recupera. Mas não avisa.
Somente recupera.
Faz estragos, mortes, cenas horríveis, mas ele age como foi ensinado.
Tranqüilo e poético, traiçoeiro e mortal.
A mesma água que nos refresca e nos convida a sonhar, nos mata.
Caminho.
Passo a passo mantenho a distância do respeito para com o mar.
Ele não é de muitos amigos.
Assim como eu.
O barulhinho da onda me desperta para a realidade.
Tenho que seguir.
Hora de voltar.
E lá, na beira da praia, fica a vontade de sonhar.
Breve volto.
Tomara.

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