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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

HISTÓRIAS DO LE PIÈGE

Lá em 1986, hábitos e costumes eram diferentes dos de hoje.
Uma das coisas mais interessantes daqueles tempos chamava-se motéis.
E se já existiam motéis com cara de hotéis, refinados, elegantes e
desenvolvidos por arquitetos, também ainda havia os simplezinhos,
aqueles para o chamado “instante”, que muitas senhoras da vida
utilizavam para a chamada rapidinha.
Estes ainda existem, pois a profissão mais antiga do mundo precisa de giro.
E um dos motéis da época, refinado, bonito, novo e atraente, era o Le Piège.
Na Rodovia dos Minérios, também chamada de rodovia da porra(!), o Le Piège
ocupava um espaço no mercado com o conteúdo de bom gosto, boa comida, detalhes em ordem para a melhor acomodação do cliente, preços acessíveis para um padrão mais elevado, capricho em seus mínimos detalhes. Aliás, na época, a suíte mais
nobre da cidade era a de 3oo metros quadrados, com camas, piscina, bar
dentro d’água e, a pedidos, um piano na parede da sala de jantar. Hoje
não sei mais se ainda está lá, mas esteve, com certeza.
Todo cuidado com higiene permitiu ao Le Piège ser selecionado pela Secretaria de Saúde como modelo e exemplo. Mas além disso, a cozinha do Le Piège era de
dar inveja a muito restaurante bom. Aí alguém pode dizer: mas vai ao motel
para comer? Sim, em todos os sentidos, claro. Mas depois de uma ação física acentuada, nada melhor que degustar um bom prato, com um bom vinho, e, preferencialmente, numa boa companhia.
Mas todo motel tem suas histórias. E uma delas, ocorrida no mesmo motel aqui
citado, foi a de um cliente, muito bem de vida, que logo depois da
inauguração do motel, passou a freqüentar uma vez por semana todas as suítes disponíveis.
Um belo dia, a camareira foi arrumar o quarto depois da saída do cliente.
Conferiu o frigo bar, passou para a recepção e pronto. O cliente foi embora e, para o susto de todos, “cadê” o quadro da gravura sensual que estava na parede?
Olha de lá, olha daqui, demoraram a dar falta do quadro em função de que a
decoração acaba entrando na memória visual de quem ali trabalha e passa desapercebida. De olho na parede, o gerente do motel na época, grande amigo
até hoje, teve a idéia de pintar um X na parede, enorme, na cor vermelha.
Assim, quando a camareira entrasse para arrumar o quarto, veria o X na parede e avisaria a recepção. Com isso, praticamente cessaram os roubos de gravura e o cliente, aquele de sempre, acabou sendo pego pela direção do motel.
Conversa daqui e de lá, acabou pagando pelas gravuras sensuais e bonitas,
que já estavam em seu apartamento.
Esta é apenas uma das tantas histórias do motel.
E ainda tem histórias dos “feirantes”, clientes que iam das nove ao meio dia.
Dos vespertinos, aqueles que iam das 14 às 18 hs. Das mães apressadas, que
sempre saíam às 17hs para buscarem filhos nos colégios e de quartas-feiras
com futebol, onde pontualmente às 23 hs, a fila de saída era enorme.
Mas voltaremos a elas. Todas têm seus causos, todas tem suas
particularidades.
Algumas são mais divertidas e outras, nem tanto.
Voltaremos, sem dúvida.

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