QUE BOM TER VOCÊ AQUI
Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
Assim, espero que você leia, goste, curta, comente, opine.
E tem de tudo: de receitas a lamentos; de músicas à frases: de textos longos a objetivos.
Que bom ter você aqui....
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E tem de tudo: de receitas a lamentos; de músicas à frases: de textos longos a objetivos.
Que bom ter você aqui....
quarta-feira, 22 de julho de 2009
GUARATUBA. A DE ONTEM.....
A rua principal era um pó só.
Larga, anunciava a avenida que estava por vir. Mas naquele tempo, carros passavam na ida e na volta levantando a poeira típica da praia. Onde hoje é a Prefeitura, era o Hotel Belmar. Onde era a Rosi, na esquina da principal, as casas da frente, lado esquerdo de quem vai para a praia pela principal, eram da família.
E quem não era da família acabou sendo, pois em temporadas de praia começavam os namoros e alguns vingaram.
Mas Guaratuba era uma praia querida, meio vazia, mesmo sem temporadas. Nada de ruas asfaltadas, nada de revestimento,
nada de calçada a não ser na principal.
A praia central era segura, o povo tinha mais juízo, acho eu.
E eu, depois de ter morado um ano quando era guri de tudo,
todos os anos, ia para lá. Primeiro tínhamos uma casa legal
lá para o lado do Cristo. Numa rua onde na
esquina, existia uma confeitaria.
Aliás, na casa onde moramos por um tempo e onde a família
Kotzias se reunia nos finais de semana, minha mãe fez a maior
da vida dela.
Ganhou um Fusca zerinho, na praia. Emocionada, entrou para dar uma volta. Ao invés de engatar a ré, engatou a primeira, mas
olhou para trás. Ao acelerar, foi o carro para a frente e levou o tanque de lavar roupa, daqueles de cimento, antigos.
Mas não foi grande o estrago, apesar das gargalhadas.
Quando dava para rir, os gregos não achavam ruim com o
acontecido.
E Guaratuba era completamente diferente do que é hoje,
apesar de acolhedora, mesmo com inimigos públicos declarados.
O negócio de praia é viver a praia, desde a infância, curtir suas alterações, seu progresso, seu crescimento.
Hoje vejo casas e prédios onde existia mato e areia.
Hoje vejo gente da minha infância correndo atrás de netos,
mas ainda eu chego lá.
Guaratuba sempre foi um grande ponto de encontro de várias gerações. Que o diga a minha.
Desde pequenos mantemos as amizades daquela época.
Atividades não eram muitas, mas as que existiam, eram boas.
Iate Clude à tarde, praia pela manhã, pescarias com Tio Albino
e meu pai, jantares de fritadas de peixe e camarões, festa.
Sempre tinha um motivo para se fazer festa.
Com os gregos era sempre assim. Sorriu, comemora-se.
Nada mal crescer em meio a este clima.
E de quebra, sempre tinha um abraço e um beijo de mãe,
de tio, de tia, de pessoas amigas além de parentes.
Ao chegar em Guaratuba, antes de qualquer coisa, tinha
que buscar água na bica, na santa.
Garrafas e mais garrafas iam para os carros e lá íamos nós,
crianças, carregar tudo de volta para o carro, depois de cheias.
Mas era legal.
Ainda na bica já saía brincadeira, bagunça, com meus tios e
primos mais velhos terminando tudo numa aguaceira organizada.
Em casa, a água era guardada com cuidado, pois o estoque
deveria durar três dias.
Quando era na casa de minha mãe, a festa era sempre
na sala e na cozinha.Quando era na casa da minha tia Maria,
anos depois, a festa era na área, atrás da cozinha.
Quando era na casa do meu tio, na casa de pedra da principal,
a festa era no terraço da frente.
Tempos que se foram, pessoas que partiram, cenas que marcaram.
Parentes, antigamente, parece que eram melhores para se conviver.
Ao menos tenho esta impressão.
Mas tudo era muito bom.
À noite, perto das 21 horas, a luz apagava, ficando acesa
apenas a luz da principal. E os lampiões corriam pelas casas,
todos ligados, além das velas e do “boa noite’, aquele treco fedido para matar mosquitos. Até os mosquitos eram diferentes, mais encorpados, mais agressivos.
Dormia-se com mosqueteiros de renda pendurados no teto
e que cobriam as camas. Como crianças, dormíamos
nas salas, o que era uma desvantagem na guerra com
os mosquitos.
O morro do Cristo parece que era maior, ou nós que éramos
menores. A escada, até hoje, é a mesma.
Na pracinha, a vila tinha mais cara de vila e a confeitaria da Lili
já dava seus primeiros passos.
Crescer em Guaratuba foi algo muito bom e importante.
Como eu disse, desde crianças formamos uma turma de
amigos e parentes que se davam, fraternalmente.
Era o tempo do “caderno” na Rosi, onde o alemão anotava
tudo desde o primeiro dia da temporada e somente fechava a conta no último dia de praia, assim como o bar do Nelson,
na praia central.
Os pontos de referência eram quase iguais aos de hoje,
tendo a praia das Caieiras, o Prosdócimo, a Associação dos Magistrados, o Brejatuba, o Kurt e o hotel Cabana Suíça, onde tomamos alguns cafés da manhã, anos depois, já adolescentes.
Andar a pé era a lei, ou de bicicleta Monark, ou Caloi.
Um dia, de repente, perto de 14 anos, surge uma Leonete,
para quem nunca ouviu falar, uma motinho de algumas
cilindradas, mas que virou a sensação da praia.
O povo que freqüentava Guaratuba se conhecia de ponta a ponta
e no iate, nas manhãs de pescaria, o bom era a volta, com
histórias e gozações que fazem parte da boa pescaria.
O negócio era acordar às cinco da manhã, mas a gente ia.
E era muito bom.
De vez em quando, pescaria na Barra do Saí, onde os robalos nasciam, acredito.
Esta Guaratuba de hoje ainda é querida. Só que temos que
cuidar mais dela e visitá-la também, fora de temporada.
Vale a pena. Tudo indica que é para lá que eu vou e de
lá para Paranaguá, ser enterrado ao lado de minha mãe e de meu pai. Tomara dê certo.
Depois continuo a parte histórica. Pausa.
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