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domingo, 12 de julho de 2009

OS KOTZIAS

Kastelorizo.
Nesta ilha da Grécia, começa a história de uma família chamada Kotzias. Os Kotzias.
Uma família marcada pelo trabalho, pelo amor, pela honestidade e pela emoção.
E quanta emoção.
João Kotzias conheceu Cristina Teodoris e se casaram.
Em meio a idas e vindas, da Grécia foram para o mundo com muita coragem.
E com eles, levaram filhos que hoje constituem o patrimônio maior da família Kotzias.
Um filho nascido em cada canto, mas em cada canto um ato de amor.
Nasceu Maria, a mais velha.
Na seqüência, Sevasti, a conhecida Sebastiana.
Depois, Demétrio, o filho mais velho.
Espiro, o segundo filho.
Costinha, o magro e peralta.
Pepinho, chamado Miguel.
Wanda, a terceira irmã.
Jorge, o caçula dos irmãos.
Ana, a caçula das irmãs.
Após participar da construção do Canal do Panamá,
foi em Paranaguá, pelo ano de 1912,que João Kotzias começou a vida
mantendo os filhos por perto, com Cristina envolvida diariamente na cozinha,
sempre atendendo os gostos diferentes de todos. E ela atendia. Sorria, corria, fazia.
Assim criou os filhos: sorrindo, correndo, fazendo e sempre batendo na barriga
dizendo que todos eles saíram dali.
E todos a chamavam de mamãe, até os dias de hoje.
O tempo passou. Os filhos cresceram e todos foram para o trabalho,
ajudando João na distribuição de bebidas e ficando conhecidos em Paranaguá,
a terra dos Kotzias depois do Kastelorizo.
Maria foi a primeira a casar. Casou com o grego Constantino Chirstófis e
deste casamento, nasceram três filhos. George, Helena e João.
Anos depois, casou-se com Albino de deste casamento nasceu Miguel.
Sebastiana também casou com Miguel Comninos, o Gabriel, também grego.
Deste casamento, nasceu Constantino.
Demétrio casou-se com a grega Essodia Atherino, começando a vida do zero.
Nasceram Maria Cristina, Elizabeth, João e Helena.
Costinha casou com Luíza, a moça dos olhos verdes. Deste casamento
nasceram Cristina, João e Leonor.
Espiro casou com Dionéa. Nasceram Ângela, Beatriz e Celso.
Pepinho casou com Glassilha, tendo dois filhos: Cristiane e João Eduardo.
Jorge casou-se com Miriam e deste casamento nasceram três filhos:
João Jorge, Constantino e Roseane.
Wanda casou com José Caldas e teve dois filhos: Zezinho e Wanda Cristina.
Ana casou com Aldo Brock e teve duas filhas; Ana Cristina e Aracy,a Cizinha.
Todos mantiveram a tradição na hora de batizar os filhos:
os nomes dos pais sempre presentes, conforme a orientação grega.
Por isso, na família Kotzias existe um hábito parnanguara: ao referir-se
a um parente, obrigatoriamente coloca-se o nome da mãe logo após.
Assim é com Constantino de Sebastiana, Helena de Maria, Helena de Demétrio e outros.
E cada um dos irmãos seguiu sua vida.
Trabalhos diferentes, trabalhos parecidos, todos sempre correram e suaram
a camisa atrás de dias melhores para os filhos ainda pequenos.
O comércio foi a marca registrada da família e caminhos diferentes foram
trilhados por homens e mulheres corajosos e com muita garra. Nada foi fácil para
os Kotzias no início da vida de cada um. Sérios e dedicados, criaram
e educaram os filhos atrás de um balcão. Mas fizeram o certo.
Amizades que foram feitas e marcadas pelo respeito e pela honradez.
Não tem quem não sorria ao falar de um Kotzias.
Estes gregos conquistaram pessoas com o olho no olho, com a manga arregaçada e com o sorriso na hora certa.
Linha dura, educação severa, correção nas atitudes permitiram que os filhos,
todos os filhos, crescessem com honradez e fartura.
E cada qual teve seus momentos marcantes. Tanto de alegria quanto de dor.
Esta dor que nasceu com a partida de alguns é substituída quando vemos netos
e netas dando continuidade a uma história. A história dos Kotzias.
Se Costinha foi a pé para Joinville, vale a pena ouvir a Tia Luíza contar.
Se Jorge dirigia caminhão sorrindo, vale a pena ouvir a Tia Miriam falar do Jojó.
Se Tia Maria conquistou o Juvevê vendendo pão, vale a pena ouvir o relato dos filhos.
Demétrio fazia fila na hora da polistrina para a criançada.
Sebastiana cozinhava com Marigó aos domingos e reunia a família em torno de mesa farta,
jogos de buraco e muita conversa. Cada almoço era uma festa.
E em aniversário, então, a festa era maior.
E isto os Kotzias sabiam fazer muito bem: festa.
E assim cada um dos Kotzias tem um passado recheado de histórias,
fatos e atos que fizeram de seus descendentes, pessoas honradas.
O orgulho de pessoas como George Christófis, que dedicou uma vida para o amor da mãe,
a família e a Federação do Comércio Varejista.
O orgulho de pessoas como João, Helena, Bethy e Maria Cristina,
que acompanharam todos os passos de Demétrio, ao lado de Essodia. Da padaria
da Comendador Macedo à Lanchonete Colombo, na Muricy.
A saudade de João Jorge, Constantino e Roseane ao ouvirem histórias do Jorge
e ao verem o orgulho da Miriam em ter sido esposa dele. Mesmo sozinha na padaria
da Dias da Rocha ela foi em frente. Com a ajuda dos cunhados Espiro e Gabriel, ela venceu.
Dionéa, sempre ao lado de Espiro, mesmo que alimentando uma fila do ferry-boat,
mesmo que trabalhando no balcão da padaria ou estudando com os filhos.
O sorriso aberto de João Eduardo e Cristiane ao abraçarem seus pais, Pepinho e Glassilha.
A saudade presente em todos os dias da vida deste que vos escreve
ao lembrar da santa Sebastiana, que dedicou uma vida para a harmonia
da família e para a educação do filho.
A garra da Tia Ana, que levou o ensino para as salas de aula e
obteve vitórias na vida, realizando o sonho com duas filhas queridas.
O sorriso da Tia Maria ao ver netos e mais netos chegando no
apartamento da Vicente Machado ou na casa de praia em Guaratuba.
Histórias de cada um.
Histórias de pessoas que mantiveram a família por perto, mesmo que afastados.
Histórias de irmãos que acabaram se encontrando, mais dia, menos dia.
Histórias que devemos lembrar, memorizar e passar aos nossos filhos.
Ser Kotzias é uma alegria, é uma honra.
Ser descendente dos Kotzias é um diferencial para quem entende os
gregos e conhece o comportamento passional que cada um teve em benefício
da felicidade de seus familiares.
Erros todos tiveram, mas os acertos foram maiores. Tanto foram que aqui estamos.
Nossos pais tiraram deles para benefício nosso.
Somos 23 primos-irmãos que fomos privilegiados pela educação,
pelo amor e pelo orgulho deles ao nos verem crescer.
Se não tivemos de tudo, tivemos sempre a noção do tudo, tivemos sempre a
mão amiga do pai ou da mãe quando precisamos.
Conversas que aproximaram parentes, amigos, pessoas que conviveram com um dos Kotzias.
E conviver com um Kotzias era uma aula de vida.
Do trabalho duro ao amanhecer à mesa farta de uma festa, viver era com os Kotzias.
Onde foram e por onde passaram deixaram suas marcas positivas.
Costinha na política, Demétrio e Essodia no comércio, Sebastiana na padaria
com o Gabriel, Maria e Albino no Juvevê, Pepinho no porto de Paranaguá,
Ana na sala de aula e com as filhas, Espiro com Dionéa
no vai e vem da padaria e dos armazéns, Jorge vendendo café e
agradando a Miriam, enfim, todos tiveram momentos que nos são inesquecíveis,
mas principalmente para aqueles que conviveram de perto.
Cada um a seu modo.
E hoje, cá estamos com nossos filhos. Nossa alegria, nosso orgulho.
Assim como fomos para nossos pais, os Kotzias ou descendentes diretos deles.
Que nossos filhos no futuro, façam almoços e lembrem de nós assim
como estamos lembrando nos nossos. È isto que vale.
Lembranças de família devem unir, devem ensinar, nunca separar ou gerar mal estar.
Estamos hoje ao lado de filhos, tios, tias, pessoas que constituem uma família. A família Kotzias.
E em todos, uma coisa deve ser comum e marcante: educação, amor e alegria.
Esta é a história resumida dos Kotzias.
Apenas uma lembrança de uma saga que daria um excelente livro.
Um filme para ser dirigido por Costa Gavras e ser assistido ao som
de Zorba, o Grego ou com a música de Nana Mouskouri.
Um livro recheado de trabalho, amor, emoções e sorrisos.
Um livro marcado por encontros, desencontros e união.
Um livro marcado pela tradição grega, que devemos levar em frente
e passar para nossos filhos, com amor.
Os Kotzias.
Uma família emocionante.

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