QUE BOM TER VOCÊ AQUI

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terça-feira, 1 de setembro de 2009

CASAMENTO EM CASCAVEL

A festa prometia.
Convites oficiais, gente em cima de gente, multidão.
E não era popular.
Apenas um casamento em Cascavel. Mas de gente querida.
De Curitiba, partiram ônibus, carros e dezenas de pessoas.
Foram na sexta, para aproveitar o final de semana, visto que o

casamento seria no sábado.
Já na sexta, à noite, galinhada para os convidados no Country Club,

cercados de atenção e carinho da família da noiva. E que bela família.
Meio porrinho armado, para todos. E foi.
Dos mais tímidos e tímidas ao mais faladores.
Porrinho generalizado. De leve. Sem compromentimento.
Hotel Copas Verdes, caminha, soninho e pronto.
Paz na terra aos homens de boa vontade.
Abraçados às generalas, todos dormiram.
Amanhece o sábado.
Todos se encontram no café da manhã, conforme o combinado da véspera.

Não lembro, mas fui.
Depois do café, carros em fila, ruas principais de Cascavel, fila indiana e

todos para o Paraguai. Destino: prateleiras de uísque e utensílios para as senhoras. E não foram poucos.
Na viagem, fitas K-7 de um carro para o outro. Alegria generalizada.
A noiva e o noivo ficaram em Cascavel e recomendaram: não voltem tarde.
Antes tivéssemos voltado mais tarde.
Lá pelas duas da tarde, tudo pronto. Volta para Cascavel.
Ao chegar ao hotel, dia lindo, todos juntos, piscina.
Inevitável.
Piscina regada a uísque. Cada um trazia um litro. E de tudo.
De Pinwinnie à Johnny Red.
Não vai dar certo, pensei.
Pensei, mas embarquei. Golinhos e bebericos para todos.
Lá pelas 19hs, a noiva chega à piscina e pede a todos que subam para se arrumar, visto que as mulheres já tinham ido para o pet-shop arrumar cabelos, unhas, etc...
Todos “balão”. Todos mesmo.
Até quem não era de beber, cantava La Traviatta de trás para a frente.

A noiva veio para pedir que parássemos de beber. Todos aplaudiram, mas ninguém ouviu.
E dá-lhe terno.
Nó de gravata feito não se sabe como, banho tomado com cantoria,

enfim, um grande porre. E risos.
Tudo isto antes do casamento.
E lá fomos para a igreja.
No fundão, os mais balões ficaram ao vento, visto o calor de quase

30 graus, mesmo à noite.
E nós, de terno e gravata. E elas, lindas e impecáveis.
Mulher não transpira. Que raiva!!!
Termina a cerimônia, todos melhoram um pouco, vamos para o clube,

onde seria a recepção.
Na entrada, quase todos sentados, cai o mundo.

Temporal em Cascavel.
Chuva para filmar uma tragédia.
Resultado: cai o forro do clube bem na hora da entrada da mãe da noiva.

Susto.
Mas não foi nada. Desarrumou o cabelo e a festa começou.
Nas mesas, Johnnie Black para todos. À vontade.
Aperitivos, goles, mulheres bonitas e a melhor banda dos últimos 20 anos:

a banda do padre (era o apelido do vocalista principal).
Um som de primeira qualidade.
Eu, tomando uísque.

Como se fosse um piloto de provas contratado para ver até onde o fígado agüentava e a bebida também.
Ganhei.

Das nove da noite às quatro da manhã. Uísque e água. Deu um litro e meio.
Jantar servido. Não fui comer. Apenas circulei de mesa em mesa, falando com todos, bebendo em cada mesa.
Dança.
Música.
Festa.
Os noivos, animados e felizes, como era de se esperar.
Ela era da alegria e ele, meio reservado, mas companheiro.
Os convidados, a esta altura, somente riam. Riam e bebiam.
Eu apanhei guardanapos de pano e saí abanando pelo salão.
Resultado: em cinco minutos, todos os convidados dançavam com os guardanapos na mão. Virou festa grega. Alegria geral. Olha o porre!!!!
Lá pelas 4 da manhã, capotei.
Troquei nomes, chamei Hugo de Pedro, Maria de Joana, enfim, o porre era declarado. Mas animado. Ria feito uma criança.
Nada de escândalo.
Da mesa, dona Bethy apenas me dizia que era hora de ir para o hotel.

Santa paciência de quem já vira este filme. Até em preto e branco.
Como todo bêbado, disse que não. Eu estava bom. Bom para virar suco.
Ar.
É preciso respirar.
Lá fora, na calçada do clube, Dr. Boscardim e o filho Paulo, carregam o balão.

E o balão era eu. Completamente fora do ar. Exalava uísque e sorrisos.
Cantorias, discursos, mais sorrisos. Não dava mais.
Um grande e homérico porre me dominava.
Mas alegre. Feliz. Como raramente consegui ficar.

Apagou a minha luz, cortou o circuito.
Nos braços do compadre Ricardo e no colo de Dona Bethy, fomos para o hotel. Caminho longo. Cantando no carro.
No quarto, só de cuecas, vou respirar fundo na janela do hotel Copas Verdes e me debruço. Cataratas de Cascavel. Inédito, mas real.
Quase me vou. Quase me fui. Quase caio lá de cima. Beiral mais baixo.
Dona Bethy puxou a cueca e eu vim junto.
Sorte minha.
Poderia ter encerrado ali uma carreira que só começava. E ela até hoje coça

o queixo.
Salvei-me. Mas com a cueca rasgada.
Depois que o mundo girou como em desenho animado, dormi.
Cinco da manhã.
Pelas oito, o “tarado” do compadre Ricardo chama para ir tomar café

e ir embora. Eu pedia para o mundo parar de girar.
No banho, me senti o campeão de natação. Ainda estava de porre,
às oito da manhã. Pasta de dente com gosto de uísque. Boa experiência.
Toma o café, paga a conta, se despede de quem estava por ali e pegamos a estrada.
Na saída, peço ao compadre que pare para comprar água.
Muita água.
O radiador do greguinho estava furado. Eu precisava de água.
Ele não parou. E eu não sabia bem onde estava indo. Mas fui....
E de Cascavel a Palmeira, paguei meus pecados.
Ressaca encomendada pela falta de bom senso. Minha falta.
Pra quê beber daquele jeito?
Mas bebi.
Bebi, bebi, bebi.
E na estrada, lembrei, lembrei, lembrei.
De garganta seca. Pecados passando à minha frente. Lentamente.
Em Palmeira, paramos no Girassol.
Moça, me dá 4 garrafinhas de água.
Quatro?
Sim, para já.
Para levar, mais duas.
Parecia uma areia quando recebe água.
A vida lentamente volta dentro de mim.
Flashes da festa aparecem em minha memória.
Grande casamento.
Grande festa.
De dois amigos do coração até hoje. Júnior e Taninha. Deus os abençoe.
Grande porre.
Ficou na história.
E o filho da puta do meu compadre, que me matou de sede, só ria.
Brigar com ele? Não. Aceitar a besteira.E a experiência.
Mas uma besteira, profissional.
Coisa de profisssional.
Um porre que ficou gravado em DVD e que vi somente uma vez.
Mas que ficou na história, ficou.
Bons momentos.
Boas lembranças.
Saudades do tempo que tinha fígado.......

2 comentários:

  1. Grande Costa

    Retrato fiel do nosso casamento com a participação especial de grandes amigos como voces

    Um beijão
    Junior e Taninha

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  2. Só de lembra o que fiz lá , me dá uma vergonha danada.
    Beijão
    Pimpa

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