QUE BOM TER VOCÊ AQUI

Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
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Que bom ter você aqui....

terça-feira, 6 de outubro de 2009

PUXÃO DE ORELHAS...

Um belo dia, tinha eu 13 anos de idade, cheguei na panificadora
que meus pais tinham na Rua Riachuelo e comecei a brincar
com um cavalinho novo e um soldadinho do Forte Apache.
Na época, era moda e tínhamos fortes, índios, canoas,
tudo o que o velho oeste nos ensinou por aqui.
De repente, sutilmente, minha mãe me pergunta de onde aquele cavalinho novo com aquele soldadinho?
Aterrorizado, disse que "afanei" na Americana naquele dia pela manhã, com mais alguns amigos. Matamos aula e fomos para a Americana só para afanar brinquedinhos.
De imediato, com a orelha presa entre os dedos, senti que não caminhava, mas sim flutuava sob a coordenação dos passos
de minha mãe.
Na rua, ainda sentindo a dor agúda do puxão bem dado, fomos
a pé até a Americanas, ao lado da Biblioteca Pública e ela me fez devolver o cavalinho e o soldadinho para o gerente da loja e pedir desculpas. E o mundo assistia àquela cena. Horrível, mas justa.
Aquilo ficou gravado em minha memória para sempre.
Uma atitude tão sem prejuízos financeiros, mas com enormes prejuízos morais.
Daquele dia em diante, tudo o que foi ganho e comprado, o foi com muito valor, principalmente para quem vendia.
Hoje, sinto que minha mãe tenha falecido, pois senão eu diria
para ela puxar várias orelhas, as quais eu não consigo puxar.
Orelhas de espertos, de vilões, de políticos, de pessoas que
agem de qualquer forma e não se incomodam com ninguém,
de pessoas que faltam com respeito para com os outros,
de amigos-da-onça que ainda existem, de amigas de ontem
que se foram e de você, que roubou o amor que eu tinha dentro
do peito e sumiu.
Viu só do que você escapou?

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