Lentamente São Pedro entra na sala principal do céu.
JC estava lendo o último artigo do Jabor, deliciando-se com as críticas bem temperadas e dirigidas.
Depois de alguns minutos, JC olha para São Pedro e pergunta qual era o problema. São Pedro, com ar de preocupado, abre o Notebook Positivo e diz para JC que a pressão estava muito grande, o movimento a favor da causa havia crescido, centenas de reivindicações haviam chegado por email e que ele, na qualidade de Administrador do céu, não sabia mais como proceder. Então, nada melhor do que falar com quem manda em tudo.
Assim, ali estava ele, de posse de centenas de informações que JC não tinha conhecimento.
Primeiro, a reivindicação que crescera e tomara forma, era capitaneada por Tom Jobim e Frank Sinatra, com aval de Vinicius de Moraes e outros nomes de peso, incluindo um tal de Noel Rosa, aquele quietinho da ala sul, quadra 146.
O movimento crescera pois todos eram unânimes na reivindicação.E era chegada a hora de tomar uma decisão. Ou atendia-se a reivindicação, ou encerrava-se o assunto, com algumas “transferências” de setor para acalmar os ânimos.
JC estuda, lê os relatórios dos anjos das fronteiras e vê que, em menos de um mês, mais de 300 garrafas de Johnny Walker haviam sido apreendidas.
Lê o manifesto assinado por mais de 1500 pessoas, almas do bem que por ali viviam e olha fixamente para São Pedro.
Vamos atender a reivindicação desta gente. Eles merecem. E além do mais, são pessoas do bem. Nada mais justo. Comunique-os para uma reunião de apresentação do projeto todo. Amanhã, 11 horas, aqui em minha sala. São Pedro levantou-se, fez o sinal da cruz e agradeceu a JC.
Ele ia comunicar a todos que estava liberada a inauguração do SKY PIANO BAR. E seria dentro do que eles, os reivindicantes, queriam.
Logo após a decisão, São Pedro reuniu todos na sala do bate-papo e deu a notícia, deixando claro que o planejamento deveria ser apresentado para JC no dia seguinte.
Tom Jobim tomou a palavra, abriu o notebook e começou a explanação.
Nome: Sky Piano Bar.
Projeto: Julio Pechamnn – sob autorização especial de Davi.
Capacidade – 500 pessoas
Mesas – madeira com cadeira de palha e toalhas xadrez em vermelho e branco.
Cinzeiros liberados. Sem ala de não fumantes. Ali todos fumavam.
Bebidas – todas, de cerveja a uísque, passando pelo Fernet e pela Pirassununga, com alguns refrigerantes para quem quisesse Cuba ou Hi-Fi.
O caixa ficaria por conta do Arcanjo Gabriel, pessoa de extrema confiança pelos arredores.
Na cozinha, Sênior Alvarez, antigo cozinheiro de Chico Recarey, nos bons tempos do Scala do Rio de Janeiro, bom amigo de todos os brasileiros.
No comando da orquestra, rica pelos nomes selecionados, Glenn Miller.
Na apresentação de inauguração, Pavarotti teria uma condição especial para cantar La Donna El Móbile.
Promôter especial, ninguém mais, ninguém menos do que Lady Di, que havia chegado do purgatório recentemente. E linda.
Relações Públicas Internacionais – Jacqueline Kennedy Onassis.
Recepcionista Oficial- Aristóteles Onassis, agora já conformado com a separação de Jackie O.
Bar man –Dean Martin, com unânime apoio de todos os participantes.
Convidado Especial – Madre Teresa de Calcutá, para a benção inicial e para a primeira noite.
Forma de pagamento – minutos e horas de orações sob o comando de São Pedro e Lucas, o apóstolo preferido de todos, considerado o jornalista da época de Jesus Cristo na terra.
E assim, São Pedro e JC aprovaram no dia seguinte tudo o que foi apresentado, importando dentro das leis todas as bebidas que eram trazidas por um tal de Al Capone, que não entrava, só descarregava.
Passados 60 dias, tudo pronto para a inauguração do Sky Piano bar.
Coube a Tom Jobim e Franka Sinatra cortarem a fita azul e branca, cores oficiais do céu.
Os convidados foram chegando, todos de smoking e mulheres de longo, sem ostentação nenhuma, apenas o sorriso de alegria pela noite que chegava.
No palco, Glen Miller preparava os detalhes finais, o próprio Steinway afinava seu piano e testes finais de luz eram feitos.
No camarote principal, JC, São Pedro e demais convidados aguardam a hora inicial. Em silêncio, Karol Woytila observava tudo, ao lado de Albino Lucianni, o papa relâmpago.
Tudo pronto, apagam-se as luzes e entra no palco Geraldão Campelo, paranaense de longa história, escolhido por eleição para ser o mestre de cerimônias da noite da inauguração.
Discursos foram cancelados para que fosse exclusivamente uma noite musical. Um minuto de silêncio para que Wando vivesse 130 anos e não chegasse tão cedo por lá.
E assim foi.
Nat King Cole abriu o espetáculo, tendo Liberace ao piano.
Glen Miller tocou os acordes iniciais de I’ll be There e Michael Jackson, todo de branco, literalmente, cantou suavemente.
Aplausos, anjos correndo com bebidas para todos os cantos.
Baldes de gelo e água mineral para todos os cantos.
Tom Jobim ao piano dedilha e canta três músicas, levando todos ao delírio.
Aquele quietinho do Noel Rosa canta uma de suas principais músicas: “quando o apito, da fábrica de tecidos, vem ferir os meus ouvidos.....”
Dolores Duran dá um show de voz e sensibilidade.
Gente emocionada e limpando lágrimas.
A noite ia seguindo, a fumaça do cigarro dominando o ambiente, Humphrey Bogard na mesa, de "summer" e gravatinha borboleta, sentado ao lado da Princesa Grace Kelly.
Jackie O bebendo sua champagne Don Perignon com Onassis, sempre de cigarro na mão e smoking bem cortado.
Paul Newmann, com o charme de sempre, conversava com uma recém-chegada, que ninguém sabia o nome, mas de beleza inigualável.
Dick Farney arrasou com a voz de veludo e o piano maravilhoso.
Tudo andava conforme o planejado, até que anjos da recepção chamaram São Pedro. Tumulto na entrada.
Gritaria, seguranças(?) fazendo uma parede humana e São Pedro aproximou-se para ver o que era.
Numa noite linda daquela, nada podia dar errado e não havia quem pudesse ser barrado.
E ao ver o tumulto, viu que tinha procedência.
Tim Maia queria entrar a qualquer custo e apresentava um
passaporte do purgatório, especialmente emitido para a tal noite.
Gritos, empurrões, Me Dê Motivo e tudo o mais, mas não teve como.
Até que uma voz baixinha intercedeu, apanhou Tim Maia pela mão e entraram no Sky Piano Bar.
Ele, carregando o litro de Chivas Regal, seu amigo inseparável.
Sentaram-se na mesma mesa, Tim ficou calmo, acenou para
amigos e conhecidos, recebeu sua dose de uísque Johnny Walker(patrocinador da noite) puro e agradeceu ao dono da voz sensível.
Foi aí que Airton Senna e Tim Maia começaram uma grande amizade.
Lá pelas sete da manhã, bar cheio, arcanjos e anjos cansados, música de boa qualidade tocando, que JC olhou para São Pedro e disse: "deveríamos ter feito isto há mais tempo. Olha que demonstração de música de boa qualidade e gente civilizada. Deixa o Tim Maia por aí mas já pede pra Van ficar na porta para leva-lo de volta ao purgatório. Em breve ele vem para cá.
E parabéns, Pedro.
Valeu a reivindicação de todos.
Deixa o bar aberto. Pra sempre.
Temos aqui o que o povo da Terra não tem mais.
Ouçamos, então.
Daqui a pouco chega mais um.
E eles merecem ter o lugar deles."
Costinha, mais um muito bom!
ResponderExcluirEspetáculo, já passei no Twitter para @Ocriador, não esqueça de segui-lo, vai gostar muito.
Ah, não esqueça de colocar um link aqui no seu Blog para seguir o Cossstinha no Twitter.
Abs @chycoo
Beleza,Ula Ula:
ResponderExcluirBoa semana