QUE BOM TER VOCÊ AQUI

Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
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Que bom ter você aqui....

sábado, 10 de outubro de 2009

HENRIQUE, O IKE.

“ Ele vinha sem muita conversa e sem muito explicar,
eu só sei que gostava de papo e gostava de mar....”
Parafraseando Chico Buarque, esta introdução serve para apresentar
meu concunhado Henrique Augusto de Brito.
Uma pessoa que faz uma falta imensa nos dias de hoje, e, quando vivo,
preencheu os espaços de quem convivia com ele. Todos.
Hoje, sentado na sala e ouvindo música, tocou uma música que ele

gostava muito e, em função disto, nasceu este texto.
Ike, como era conhecido e chamado, era um ser especial, diferente, raro.
Na cabeça, possuía um pentium, quando isto não existia, além de uma calculadora HP completa, quando ninguém sabia usar.
Ike era um homem de palavra, sério, aplicado, trabalhador, sonhador,

torcedor do Grêmio de Porto Alegre, natural de Carazinho, jogador de futebol com raça, meio-de-campo imbatível e ainda tinha um chute na direita que era mortal.
Amigo dos amigos, amigo dos inimigos, Ike sempre reuniu em volta de si

as pessoas que ele gostava. E eram muitas. Márcio, Gabino, Scorsim,
Mileque, Piabiru, Pitombo, e os amigos do bar da Rua Dom Pedro I,
onde o rock corria solto, assim como nas veias do Ike.
Gerou dois filhos, meus sobrinhos, que deram duas pessoas queridas e que levam muito dele.
O baixinho de Carazinho deixou histórias, memórias e exemplos.
Reunia roqueiros no bar Moinho, da Dom Pedro e fazia com que o rock

tomasse outra vida. Que contem os Blindagens de hoje.
Mesmo na hora do aperto, quase no final do tumor que lhe tirou a vida,

ainda falava palavras de apoio, de incentivo, de amor. E bebia sua bebida com classe.
Nunca foi ligado a Deus, sempre teve seus receios, mas sempre soube que

Ele existia.
Comigo, particularmente, viveu momentos felizes, alegres, sérios e delicados.
Era impossível nos encontrarmos no seco, sem nada para bebericar.

Fosse a hora que fosse, Ike sempre dizia que a garganta merece atenção.
E tomávamos o que tínhamos, sendo o preferido Jack Daniels nas horas
do papo sério.
Nos churrascos, além da cerveja, um traguinho antes de Johnny Walker

ou de cachaça, para limpar a serpentina.
Ike foi uma das pessoas mais fantásticas que conheci na vida – e com

ele aprendi muitas coisas - e hoje, me faz falta.
Como deve fazer para os seus, para mim faz uma falta tremenda, pois

ele sempre me chamava a atenção para o que eu não via, mas ele via.
Interpretava, estudava e falava. Com propriedade.
E hoje, ao ouvir Beguin to beguine, do Julio Iglesias, lembrei de uma noite

em que jantamos no Paraguai e ele me disse: adoro esta música.
De lá para cá, quando ouvíamos juntos, algumas lágrimas brotavam nos olhos.
Nas temporadas de praia, Ike sempre foi o melhor companheiro,

o genro dedicado, o amigo pra todas as paradas.
Carangueijada, feijoada, churrascos, enfim, fosse o que fosse, o Ike

nunca arredou pé e sempre esteve ao meu lado para fechar a copa.
Saudades do Ike.Saudades de um homem que o câncer levou, mas seus ensinamentos deixou para conosco, para com seus filhos e para com os

amigos, que são tantos.
Ike, me aguarde.

Logo estaremos juntos.
E prepare a cerveja, o Jack Daniels e tudo o mais.
Aí, eu sei que tem.
E você, está feliz.
Sua neta, cuidamos aqui.
Sua presença, ainda é forte.
E sempre será.
Deus te conserve aí em cima.
Logo chegamos.

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