MINHAS PANTUFAS

Pé ante pé caminho pelos espaços de minha casa.
O silêncio já é um amigo e não mais um inimigo.
Sons que brotam da rua não mais interferem em meus pensamentos.
Apenas a imagem da fumaça de meu cigarro me acompanha
e o paladar da cerveja gelada.
No som, qualquer música que toque me provoca.
Vagarosamente me mexo para apanhar outra cerveja.
Lá fora, nem imagens enxergo e nem sons ouço.
Apenas meu interior fala comigo.
E parece que a voz dele é mais alta do que a minha.
Ele ralha, censura, questiona.
Eu respondo, argumento, explico.
Ele discorda, me alerta, me chama.
Silencio, ouço, repenso.
Assim vão-se as madrugadas e a Ambev agradece, bem como
a Souza Cruz.
E quando bate 4 da manhã, me retiro, pé ante pé para não
acordar sequer meus pensamentos, que já se deitaram.
Nada mal a idéia que tive semana passada.
Comprei um par de pantufas na feirinha de domingo.
Pronto.
O silêncio me acompanha, em todos os momentos de meu caminhar.
Um par de pantufas.
Achei a solução.
Quanto ao resto, com o tempo eu administro.
E olha que acordo feliz e contente, mesmo depois de um tsumani destes,
todas as noites.
Mas é assim que a gente aprende.
7 graus na escala Richter é pouco pra mim.
Se for pra acontecer, manda um bem mais forte.
Tô ficando macho para enfrentar de tudo um pouco.
E agora, com minhas pantufas, não tem mau tempo que me pegue.
Não mesmo.......