QUE BOM TER VOCÊ AQUI

Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
Assim, espero que você leia, goste, curta, comente, opine.
E tem de tudo: de receitas a lamentos; de músicas à frases: de textos longos a objetivos.
Que bom ter você aqui....

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

dezembro

Interessante nosso dia a dia.
Enquanto lá de um lado, amigos e parentes choravam a cremação de Alborghetti, aqui no centro a vida continuava e as calçadas, lotadas.
Estamos em dezembro. Estamos em época de compras.
Gente que vai e vem, sacolas, pacotes, sacolas cheias ou só com um presente, criançada de mão dada com mães aflitas que descem dos ônibus já sabendo para onde vão, mas mesmo assim, se perdem.
A Loja Americana com fila de entrada e fila de saída, o centro apinhado de gente, tendo em cada esquina policiais militares que dão mais "segurança" para os pedestres. Mal ou bem, estão alí. De vez em quando avistam um "sócio", dão sinal de gato e o "sócio" se manda.
Nos bancos as filas são maiores, a falta de respeito também, caixas reduzidos atendem público aumentado, eletronicamente ninguém se acha, o velhinho pede para que a mulher do banco leia sua senha anotada em um papel, criança lambuzada de sorvete, outra com o ranho na cara, outra chorando porque queria o boneco do Homem Aranha, assim vai. Sem falar no pastel do coreano que dominou o centro da cidade. E porque coreanos não sorriem??? Algum problema genético?
Andar pelo centro nestes dias requer paciência, mas isto me sobra, ainda mais para observar pessoas, reações e comportamentos.
No calçadão da XV acendo um cigarro e fico na esquina da Monsenhor Celso apenas olhando. Quanta gente!!!
E muita gente com cara diferente, que vem não sei de onde, que vai para não sei onde, mas que passa pra lá e pra cá no compasso das compras de natal.
Na Marisa, Deus o livre tentar entrar. Calcinhas a partir de nove reais! Como diz "seu" Machado, "só anda nú quem quer".
3 DVDs por dez reais, lona pronta para sair em disparada, dois CDs de Viver a Vida por 8 reais e assim segue o baile. Por isso meu amigo Savarin chora a cada dia. Vender CDs e DVDs legalizados e com nota nos dias de hoje está cada vez mais difícil. E o camelô ainda tem o sócio que é fiscal da prefeitura. Em dezembro, pode. Ganham os dois.
TV de 42 polegadas quase a preço de custo, Notebooks com preços menores, sapatos de todos os tipos a partir de 45 reais, rasteirinhas por 70 reais, bolsas por 40 reais, assim segue o baile. Qualidade não se discute. O que vale é a lembrancinha de final de ano, presente de amigo secreto, um "regalo" para quem precisa.
Nas farmácias, fila no caixa, seja qual for a farmácia.
Aliás, o que menos são hoje, são farmácias. Tem de tudo lá dentro. Até ração.
Nas panificadoras, também. Tem de tudo, do lanche ao cigarro, da Maionese Hellman's mais cara ao saco de lixo. No meu tempo, vendíamos pão-manteiga-café-leite-cuque e só.
Pontos de ônibus com filas, sacolas saindo pelas janelas, gente animada e reclamando que ainda terá que voltar outro dia, pois faltou alguma coisa.
E carteiras somem suavemente das bolsas e "gatunos" fazem a féria com maestria.
E o melhor disto tudo, é ver que vitrines não falam.
Apenas absorvem olhares perdidos e tristes, dirigidos a produtos que não podem ser comprados, mas podem ser sonhados.
Crianças que, em silêncio, apenas limpam a lágrima, pois não foi desta vez que veio o Play Station, mas veio o tênis para jogar futebol na areia.
Vitrines que olham e vêem como as pessoas admiram, apreciam, ficam de olho para depois entrar na loja.
Ainda bem que vitrines não falam.
E em algumas lojas, o atendimento precário, mas a loja cheia.
"Gostou Nega?", diz a balconista para uma senhora dos seus 65 anos.
Nega?
"Vai levar querida???", diz a outra para uma moça provando a rasteirinha.
Querida?
"Não fazemos pacote de presente. Apenas damos a folha e a senhora faz em casa." E pronto. Se quiser, leva assim mesmo.
"Esta calça laceia. Pode levar que ela cede", diz a moça para a gorducha que estoura dentro do jeans apertado e de cintura baixa.
"A senhora tem trocado? Não tenho troco para cem reais", diz a moça do caixa sem a menor cerimônia, enquanto miúdos pulam da gaveta para fora.
"Eu queeeeeerrrrroooooooo", grita a criança sendo arrastada pelo braço para fora da loja. E dê-lhe lágrima.E dê-lhe grito. E dê-lhe frustração.
E tem a mulher que fica no celular, dentro do shopping, falando com a amiga sobre a cor da bolsa e não vê a filha sumir. Depois de dez minutos, começa a gritar e a chorar, atrás da filha. E a segurança do shopping tem mais de 20 crianças perdidas na área destinada a isto. Tem mães que vão procurar filhos no "achados e perdidos". Normal.
Isto é dezembro em Curitiba.
Sem falar no trânsito. Melhor nem falar.
Isto é dezembro e espero que todos lembrem o que se comemora no dia 25.
Espero.

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