QUE BOM TER VOCÊ AQUI

Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
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Que bom ter você aqui....

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

a carta

Dia desses, pra meu espanto, recebi uma carta.
Carta mesmo, daquelas com envelope e tudo, seladas, lacradas,
como se enviava antigamente.
Ainda no elevador vi o remetente e reconheci a letra de uma grande companheira de faculdade da PUC, anos atrás, mas bota anos nisso.
No sofá, abri o envelope e lá estava a carta, escrita à mão, naquelas folhas de bloco de cartas(pra quem não sabe, vendia-se blocos antigamente em papelarias).
O texto, saudoso, dava conta das novidades, dos filhos dela, do casamento,
da cidade nova lá no interior do Mato Grosso e das saudades que ela estava sentindo de um tempo que passou.
Ao mesmo tempo, conseguiu meu endereço com um amigo antigo de colégio, através de um email que ele enviou para ela.
E na carta, com letra bonita e parágrafos corretos, ela dizia que não
achou legal mandar email, pois no tempo da faculdade, escrever cartas
era o meu hobby. Daí, a homenagem em enviar a carta.
Ao terminar de ler linhas gostosas e bem escritas, fui à papelaria e comprei
um bloco de folhas para carta.
A vendedora ficou me olhando, meio assustada, como se aquilo fosse uma compra irregular.
Voltei, apanhei minha caneta preferida(todo mundo tem uma caneta preferida), sentei e comecei a responder a carta, ainda achando tudo aquilo muito estranho, sem digitar nada, sem ajustar ou escolher a fonte.
À mão livre, a fonte foi a minha própria, escrevi três folhas, obedeci às
normas da língua mãe e no envelope também novo, preenchi os dados
exigidos pelos Correios.
A pé, fui ao correio e postei a carta. Que coisa mais estranha e antiga.
Enviar cartas.
Mas gostei do negócio.
Aos poucos, vou fazer um levantamento de endereços de pessoas que me são especiais e vou começar a enviar cartas.
Tá certo que o email veio e dominou os contatos entre amigos e conhecidos, mas a carta, assim como recebi e enviei, fica mais pessoal e aproxima mais pessoas que se dão bem e se gostam. Aliás, pessoas que se gostam e se amam, não deviam usar emails. Numa desavença eles são apagados, quando chegam, é claro. As cartas, por tradição, são guardadas em uma caixa, em uma gaveta, em um lugar que não se joga fora, a não ser por motivo sério ou por falta de sensibilidade.
Aliás, dia desses fui rever emails recebidos tempos atrás. Nenhum arquivado. Mas não tinha nada para ser arquivado. Não recebi nenhum. Sempre enviei.
Se fossem cartas, guardadas estariam e poderiam ter sido relidas, alimentando a saudade que se instala e a alegria em rever certos momentos e assuntos.
Cartas.
Gostei.
Vou adotar. E ir ao Correio, como antigamente, ainda é uma coisa salutar.
Escrever cartas.
Taí um novo hobby para ser alimentado.

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