QUE BOM TER VOCÊ AQUI

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Que bom ter você aqui....

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

OMBROS DE AREIA

A noite chegou tranquila.
A lua, dona do céu como sempre, aos poucos foi encoberta pelas nuvens.
Com elas, raios foram chegando e alterando o compasso das ondas.
Em alguns minutos, o mar, antes convidativo e tranquilo, agora estava descontrolado, com ondas maiores que o barco a vela solitário naquelas águas.
Ondas gigantes, vento forte, chuva, raios, trovoadas.
Em um lance, o barco virou. Uma onda enorme foi o bastante.
A nado, o sobrevivente conseguiu se safar. Foi duro, mas conseguiu.
Chegou perto de uma ilhota e viu uma mão que acenava para ele.
Quase sem forças, recebeu a ajuda da mão amiga e chegou na prainha.
Estava salvo.
Ao menos achou que estivesse.
Respirou, descansou, aliviou o pavor dos últimos minutos.
Realmente tinha sido um susto e tanto, inédito para navegador experiente.
Mas estava vivo.
Abraçou o amigo da mão amiga e contou-lhe sua vida.
Nos mínimos detalhes. Vagarosamente, o amigo ouviu e entendeu, aconselhando-o em vários pontos.
Ao se levantar, apoiou-se nos ombros do amigo da mão amiga.
E caiu.
Os ombros eram de areia e se desmancharam, assim como castelinho de praia.
E ele caiu novamente.
Caiu e machucou-se.
E doeu.
Escapou de uma tempestade para cair na ilha da fantasia.
Mesmo machucado, voltou para o mar, começou a nadar e foi em busca de salvação.
Assim é a vida.
Quando se pensa que se está a salvo, puf!
Nada.
Ombros de areia são perigosos, pois com um leve peso, eles desmancham.
E você volta ao ponto zero.
Mas com vontade, a nado, ele seguiu.
E em pleno alto mar, viu uma canoa de pescador.
Este deu-lhe a mão e ele subiu.
Subiu e por alí ficou sem dizer nada.
Melhor esperar um tempo para ver se a canoa não era furada.
E seguiu.....doído e machucado, mas seguiu.
A mão amiga largou-o e o pescador acolheu-o.
Melhor seguir na canoa.
Se furada ou não, só depois ele saberia.
E contaria, caso sobrevivesse.

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