QUE BOM TER VOCÊ AQUI

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domingo, 14 de março de 2010

TOQUE DE RECOLHER.

De fato, as coisas mudaram.
Lá pelos idos de 1972, 73, as casas tinham murinhos baixos e ninguém sabia o que era alarme. Ao mesmo tempo, pessoas circulavam a pé, algumas a passos lentos, outras de mãos dadas, mas todas com a despreocupação de gente sem medo.
Quando muito, via-se uma ou outra casa com muro alto, mas de repente, começaram a aparecer grades, portões mais reforçados e cadeados onde antes havia uma simples chave.
Travas internas cresceram nas vendas, ferrolhos para trancar portas por dentro, barras que eram apoiadas no meio das portas, pregos que prendiam janelas de madeira no trilho, cães adestrados que latiam e afugentavam um ou outro menos avisado.
E hoje, passados estes anos, o que vemos é uma neurose acentuada com relação à segurança. Tanto de casas, quando de escritórios, que nem vigia tinham, mas que hoje tem alarmes eletrônicos com sirenes estrondosas.
E hoje, domingo, pontualmente às oito e meia, fui ao posto comprar cigarro e observei duas coisas: primeira - pouca gente na rua. A pé. Segunda - cada cara que a gente vê na esquina, desperta o medo, a desconfiança, o receio.

Não se sabe mais se o diabo veste Prada ou se o mano é gente de bem.
Nada contra os mano, mas que assustam, assustam.

O medo, que era sentido em filmes e madrugadas raras de andar a pé, agora é meio geral, com todo mundo de janela fechada, insul-film total, velocidade um pouco maior que o normal e furar sinais um atrás do outro.
Ainda ontem, em plena Avenida batel, 22 horas, um assaltante matou um policial que parou para abordar o carro dos malandros. Um tiro na cabeça e com a arma do policial. Mas notem: 22 horas, na Avenida Batel.
Logo depois prenderam os outros assaltantes e o que atirou foi baleado e ferido.
Pergunto: adianta prender? Para a pastoral e a turma dos direitos humanos, adianta. Para a maioria das pessoas que conheço, não deveria nem noticiar que prenderam. Leva dar uma volta na serra do mar e pronto. Deixa lá.
O que preocupa é esta juventude andando nas ruas nos finais de semana, alguns sob efeito de vodkas em exagero, outros sob efeito de drogas e poucos com medo de alguma coisa. Sem falar nos "pilotos" da morte que ainda trafegam por aí.
Não se pode falar mal da polícia em excesso, mas que ela falha, falha.
Quando quer, descobre e resolve, mas na grande maioria, ela não tem como evitar este banditismo que está solto nas ruas de nossa Curitiba,que era pacata, tranquila e gostosa. Menos gente, menos tumulto.

Nos meus 14 anos, ia a pé da Praça Zacarias até a Benjamin Constant com a general Carneiro e nada acontecia. Existia a figura do Guarda Urbano que apitava e acompanhava o caminhar dos madrugadores. Na panificadora, entregava o pão às seis da manhã, de bicicleta e nunca aconteceu nada.
Hoje, não vou a pé nem a pau, Juvenal. E não entregaria o pão com aquela calmaria de antigamente.
De carro a gente já não sente mais a segurança que o carro dava e permitia.
Triste é notar que nós mesmos decretamos o toque de recolher.
Todo mundo em casa.
Será que melhora????

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