Grito.
Muito aflito, mas grito.
Ninguém ouve, ninguém...
Recebo ecos que vêm do além.
Grito.
Peço ajuda a quem me ouvir.
Peço caminhos pra poder sair.
E grito.
Me esgano, fico rouco, quase louco, mas grito.
Não canto samba e nem pagode.
Só grito.
O que fizeram comigo?
Ou será que eu mesmo fiz.
Não encontro quem ao contrário, diz.
E grito.
Pelas ruas, vielas, alamedas, grito.
Vez em quando, levo pito.
Olho, peço desculpas, ando, mas grito.
O que me resta é gritar.
Ninguém me ouve hoje, mas amanhã,
há de lamentar.
Tenho muito a dizer.
Com erros, com tropeços, com confusão.
Mas falo com o coração.
E grito.
Continuarei gritando.
Alí do carro bonito, alguém ouve o grito aflito.
Por isso, grito.
A cada 100, um me ajuda.
E aí a vida muda.
É um pão, um pingado, um rosto suado e salgado.
Mas comi.
Me alimentei.
Outra refeição? Nem eu sei.
Por isso, grito.
E mesmo que leve pito, continuarei a gritar.
Até o dia que a vida, lentamente,
me parar.
Enquanto isso, eu grito!!!!!
(foto de Fran Tonial - DIVINA).
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