Hoje, depois de muito tempo, descobri a diferença entre olhar as pessoas quando se está
caminhando lentamente na rua e olhar as pessoas quando se está por detrás de uma vitrine.
Não intencionalmente, mas por coincidência, entrei numa lanchonete para comer alguma coisa
e beber uma Coca Cola e sentei naqueles banquinhos rente à vitrine, pelo lado de dentro, claro.
E olha só que maravilha: olhar as pessoas alí de dentro, pois elas nem imaginam que estão sendo olhadas, observadas, criticadas, até, se bem que criticar não é o caso.
E é impressionante.
Detalhes de seres humanos ficam mais claros quando você "espia" e não olha.
As pessoas características de uma cidade passam por alí, ainda mais nesta rua de movimento, que não vou citar o nome para não estragar meu ponto de observação.
Um dia, eu conto onde é e a delícia do salgadinho de palmito, também chamado de risoles.
Passa a mãe puxando a criança pelo braço, cena tradicional em Curitiba e em várias cidades do Brasil. E quando eu digo puxando, é puxando mesmo, não conduzindo.
Algumas lágrimas se misturam com o ranho do nariz e a criança vai, mesmo a contragosto, mas puxada com gosto pela mãe.
No banco da rua, 4 libaneses sentados falam na língua deles, riem e mexem o "rosário" que acalma, mas que tem um nome, mas eu só sei em grego, que se chama "combolóia".
Olham para as meninas, olham para pessoas com pacotes e sacolas, procurando ver de que lojas são os pacotes. Eles tem interesse nisso.
Vindo de lá para cá, a menina de seus 19 anos caminha apressadamente, com uma sacola de loja em uma mão e a bolsa no ombro, maior do que ela, mas é a moda. e "centos' piercing no rosto, no nariz, na orelha, na língua......
Passam duas amigas de braços dados, uma falando mais alto e dizendo para a amiga que a Fulana é metida e que se acha a tal. Mas observo que esta não deve ter espelho em casa, pois gorducha daquele jeito e de calça jeans de cintura baixa, estava muito ridícula.
O velhinho anda lentamente fazendo com que a bengala toque o chão e traduza o barulho de um cansaço de muitos anos. Anda e olha, olha e anda. Dez por hora é muito para o compasso do caminhar daquele homem. E de chapéu e tudo o mais, como manda o figurino.
Dois garotos passam cheirando cola e de olho em todas as pessoas à sua volta.
Vai ver que alguém bobeia, lá se vai uma carteira.....
Executivos de terno e gravata andam apressadamente, seja para o que for, mas nem sabem qual é o piso da rua. Alguns com processos nas mãos, fazendo carga para não perderem prazos.
A madame, ainda existe isto, anda vagarosamente e com o olhar superior a tudo e a todos, olhando para os cantos da rua, tanto para cima quanto para baixo.
Parece que está em Londres, se bem que nossa cidade é mais bonita que Londres.
Roupa elegante, bolsa apoiada no braço, leve maquiagem para não chamar a atenção, lá vai ela, em direção a quê, só ela sabe.
Enquanto saboreio o risoles, me divirto com tudo o que vejo.
No bom sentido, claro.
Tem gente pitoresca nesta cidade.
Melhor que escrever, seria fotografar e apresentar a sequência, tal e qual vi.
O casal que canta música sertaneja já se apronta para ir embora, auxiliados por duas bengalas e dois óculos escuros. Cegos, mas que enxergam tudo o que a cidade lhes prepara todos os dias, no mesmo lugar.
De súbito, um gordo passa com o dedo no nariz, limpando o salão sem a menor preocupação.
Atrás dele, um entregador de alguma coisa passa correndo e esbarra no gordo. Pronto: perdeu o tatu.....que droga!!!
E assim, durante 15 minutos, olhei e observei uma série de pessoas, engraçadas, outras nem tanto, outras normais, outras bem diferentes das normais.
Isto é a rua.
Um lugar que abriga a todos, acolhe de tudo, recebe gente de tudo o que é tipo e continua no dia seguinte.
Diferente mesmo, só eu comendo um risoles e olhando tudo isto.
Legal.
Vou repetir a dose.
Depois conto onde é......
legal pai! agora, um texto deste tipo sobre a praia em maceió também faria "muitio" sucesso.... rsrsrs
ResponderExcluirolha q louco!!! eu, isabella q escrevi o comentario acima e saiu com o nome do mig?!?!?!?!?
ResponderExcluir