QUE BOM TER VOCÊ AQUI

Quem escreve, raramente escreve somente para si próprio.
Assim, espero que você leia, goste, curta, comente, opine.
E tem de tudo: de receitas a lamentos; de músicas à frases: de textos longos a objetivos.
Que bom ter você aqui....

terça-feira, 10 de abril de 2012

A PROFESSORA

Não sei porquê e nem de onde, acordei e lembrei da professora que tive no primário.
Uma moça elegante, alegre, firme e determinada, mas que apresentava um olhar cândido, sereno e transmitia confiança para todos. Seu nome guardo na memória sigilosamente, assim como o carinho que adquirimos um pelo outro. Eu era uma criança e ela uma moça de seus 20 e poucos anos. Cabelo curto, saia azul(até o joelho), blusa branca, sapato branco, olhos claros. Pra mim, um exemplo de moça bonita, pois ainda não tínhamos a malícia do olhar e do julgar. Apenas era uma professora querida, bonita e que mexia com nossos sentimentos do "gostar". Para mim e para centenas de alunos do antigo Colégio Medianeira, ainda no pavilhão do bosque, nas salas de aula antigas e espaçosas.
Aí começamos a gostar de alguém. Sem motivo, sem provocações, sem necessidade, apenas gostar.
Um gostar que se comprovava no final do ano, quanto o encerramento já provocava mudanças para o ano que viria, incluindo a professora. Um gostar que mexia com um lado desconhecido para nós, que era o lado do sentimento. Até então, amor e gostar era com pai e mãe, primos, primas e só.
Se tínhamos olhares para outras pessoas, não sabíamos dimensionar isto.
E este gostar da professora abriu as portas para que anos seguintes, passássemos a olhar a vida de forma diferente. Já no ginásio, apesar do colégio não ter meninas até 1970, nossa vida corria mais dirigida a coisas normais e menos sonhos, do que devaneios em função de alguém do sexo feminino.
Mas quando o colégio passou a ser composto de meninos e meninas, algumas coisas mudaram dentro de cada um de nós. Tínhamos nossos 14 anos e fomos descobrindo, junto com elas, o relacionamento que existia nas salas de aula, no recreio, no vai e vem e nos corredores.
Neste momento, o tal do gostar passou a ter mais presença em nossas vidas. Usávamos o termo "gamar" por alguém, que era um gostar que ofuscava as vistas, mantendo os olhos somente para uma menina. Mas nem sempre foi assim.
Algumas meninas não foram "gostadas", mas foram companheiras de momentos bonitos e inesquecíveis.
E outras meninas, que foram "gostadas", simplesmente entraram e saíram de nossas cabeças num piscar de olhos, pois somente nós gostávamos delas e elas não sabiam disto.
Assim comecei o dia.
Lembrando do "gostar' de alguém.
De uma forma pura, sincera, infanto-juvenil e simbólica.
Quantos gostar ficaram pelo caminho......e nas últimas páginas de cadernos.....
Saudades deste tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário