Pela fresta daquela janela eu via o mundo rodar.
O tempo passava, eu crescia e a vida a continuar.
As meninas de então tornaram-se moças bonitas,
cresceram e viraram mulheres aflitas.
Pela fresta daquela janela, eu vi muita coisa acontecer.
Pela manhã tudo bem quieto, agitando ao anoitecer.
Bebedeiras, música alta, de repente, um solo de violão.
Dedos treinados emitiam sons que encantavam o coração.
Palheiro na boca, bigode amarelo, o violeiro seguia.
Na roda da terra, menina bonita e também, guria.
A fresta daquela janela muita coisa me ensinou.
Aos poucos, abrindo espaços, descobri quem eu sou.
Um homem feliz da vida, cheio de esperanças.
Um homem que ainda caminha, apesar das andanças.
Na fresta daquela janela, vi muita coisa mudar.
Vi gente querida, singela, que sabia como amar.
Vi gente ruim e como dizia o violeiro, "gente do mar"...
Vi cenas perturbadoras, difíceis de relembrar.
Mas também vi o abraço querido, que somente ela sabia dar.
Da fresta daquela janela, vi de tudo, até o mar.
Cheio de ondas, provocante, convidando a alí sentar.
Misturando areia e sonhos, ele sabia pra onde levar.
Da fresta daquela janela, tenho saudades e gosto de recordar.....
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