Nosso querido shopping Mueller completa 30 anos. E nestes 30 anos, dois anos eu passei lá dentro, de 84 a 86, trabalhando pela Provarejo Propaganda, que também atendia a Mesbla, aqui e em Londrina. E naquele bom ano de 1984 o Mueller ainda dava seus primeiros passos na conquista de um público incerto, não definido, que respondia timidamente aos apelos publicitários. Mas era um outro shopping. Um mix totalmente diferente do de hoje. No ano de 86 existia o Parati Supermercados, nosso amigo Ruy Senff. Ainda tinha a loja do Ivo Arthur, rechedada de novidades e vendia com exclusividade produtos Falcão, do jogador "italiano' da época. O mix era diferenciado, completo, mas sempre apresentava o "entra-e-sai" de lojistas, comum para um empreendimento daquele porte. Um Mueller composto de lojistas que ainda não haviam achado o perfil do público, com uma comunicação bem feita pela Exclam, mas dirigida a um público mais selecionado. E foi aí que a coisa mudou. Naquela época, Luis Alfredo Malucelli, nosso amigo Malu, do canal 12, me indicou para o Paulo Bittencourt, diretor da Provarejo Propaganda. Após uma entrevista as oito e meia da noite, fui contratado para assumir a gerência da agência. Novidades à vista, fui apresentado para a diretoria da Associação dos Lojistas, onde reencontrei amigos de tempos passados, como Érico Mórbis, Ariberto Romano, Edson Santos, Rubens e Samuel Teig, um diretor da Mesbla e o Kleber, representante do empreendedor, Salomão Soifer.
Feitas as apresentações, a Provarejo apresentou a primeira campanha, já no mês de julho, chamada de Liquidificação Mueller, com o ator Marco Nanini no papel principal, onde ele colocava preços e cifrões dentro de um liquidificador e daí entrava o apelo da Liquidificação Mueller. Feitos os debates e a jusitficativa da criação, a estratégia de mídia gerou impacto, pois pela primeira vez, adicionava rádios mais populares e programas de grande penetração no chamado "povão". Uma semana depois, na véspera de 14 de julho daquele ano, o shopping foi modificado por dentro. Bandeirolas, papel picado no chão, bancas de papelão para ofertas, cartazes mais chamativos, toda a estratégia de um grande varejo para tentar fazer o publico entrar. Na época, a média diária não passava de 20 mil pessoas, isto em um sábado, dia de movimento.
E veio o anoitecer do dia 13 de julho. Inserçõe na Globo e no SBT, spots em rádios chamavam para a Liquidificação Mueller.
Amanhece o sábado. A partir das 09 hs, fila na Cândido de Abreu, fila na Mateus Leme, gente de todos os bairros esperando o Mueller abrir. Um frio daqueles, mas o povo chegando. E as 10hs, o Mueller abriu e se apresentou para a cidade, para o povo, para a periferia, para o bairro. Lojistas assustados testemunhavam a invasão positiva de consumidores. Lá pelo meio dia, o Coronel Lúcio, que era responsável pela segurança interna do Mueller, estava preocupado com tanta gente. No final do dia, 60 mil pessoas haviam passado pelo Mueller, lojistas sorrindo, mercadorias acabando, prateleiras vazias. Sucesso! A linguagem mais simples e a estratégia de varejo havia funcionado. E na semana seguinte foi um sucesso também. O Fornello cheio de gente, as lojas com movimento, o papel picado sendo varrido diariamente, a cada hora, bancas de ofertas com movimento, enfim, o Mueller passava a ser conhecido pela Dona Maria, do Boqueirão e pela madame, do Social.
Dado este primeiro passo, para não perde o pique, promoções menores foram realizadas, como Terça Tem, uma promoção de descontos válidos somente para as 3as.feiras, com bom resultado.
O Mueller começava sua caminhada de reconhecimento para com o público e o público de conhecimento para com o Mueller.
dem outubro, mês da Criança, resolvemos trazer o Pato Donaldo, original da Disney. Foi uma loucura, um tumulto geral, mas positivo. Mais de 80 mil pessoas se aglomeraram nos corredores, nas escadas, os estacionamentos lotados e mães segurando filhos, filhas, sobrinhos, até a chegada do Pato Donald. Chegou o pato, encantou a todos e 20 crianças se perderam das mães, mas como um shopping organizado, todas na sala de recreação da segurança esperando mães alucinadas em busca dos filhos, mas deu tudo certo. Outro sucesso.
Isto, sem contar com a campanha de dois anos do Shopping. Outro sucesso, com sorteio de carros e campanha forte em TV e rádios.
Muitas cenas pitorescas aconteceram nestes dois anos que passei lá dentro.
E um aprendizado sobre varejo, sensacional.
Além das amizades que duram até hoje, com lojistas, empreendedores e pessoas que ainda acreditam na força do varejo, de lojas e centros de consumo que atendem a todos, no mesmo lugar.
E nosso querido shopping Mueller se estabeleceu, caiu no gosto dos curitibanos e gerou filhotes que vieram na cola, proporcionando a Curitiba, uma variedade de shoppings que atendem a todos os perfis de público.
Valeu a pena.
Estes 30 anos, se reunidos em um livro, dariam histórias engraçadas, corajosas e que serviriam de exemplo para quem vem por aí.
Sucesso Mueller.
Ele ainda é do coração dos curitibanos.
E continuará por muito tempo, venha o que vier.
Parabéns para nós e para o shopping Mueller.
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