Parafraseando Paulo Vanzolini, grande físico, professor e autor de RONDA.
"de noite, não mais rondo a cidade a te procurar.
Nela, você não está. Aliás, nunca esteve.
Pela noite, pode ser, mas não na noite.
Na noite estive eu, frequentador e admirador do sereno,
da música, do veneno.
Joguei dadinhos, joguei bilhar( e quanto!!).
Voltei para casa animado, nunca abatido.
Por vezes, nem lembrava por onde tinha ido,
mas era assim mesmo.
Hoje, meu rosto revela a vida conturbada que tinha.
Mas ao menos, você era minha.
E a noite tomava forma diferente, com alegria na gente.
Da costela com amigos aos momentos de calmaria,
tudo era bom, tudo era energia.
A idade também era outra, a disposição maior.
Músicas da boemia, sabia todas em lá maior.
Não vi cena de sangue no bar da Avenida São João,
apenas vi uma leve poeira baixando.
Sempre tive quem bem me quisesse e esta me dizia:
"desiste desta vida inútil" e eu não desistia.
Mas, com perfeita paciência, eu pude te buscar.
Perdida no mundo, à procura de alguém.
Momentos raros de uma vida.
Cenas que hoje são boas de lembrar.
Na mesma mesa de um bar.
O garçom da época ainda trabalha, e se atrapalha.
Mas tá lá.
O sereno não é mais o mesmo.
Muita coisa mudou.
Em cada esquina um sobressalto, um assalto.
Hoje sim, volto pra casa abatido, desencantado da vida.
E raramente, rondo a cidade a te procurar.
Nela, você não está.
E neste dia então, vai dar em primeira edição,
cena de sangue num bar, da avenida São João."
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