QUE BOM TER VOCÊ AQUI

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Que bom ter você aqui....

quarta-feira, 7 de abril de 2010

PODE? PODE....

Contam conhecedores, que pelos idos de 1970, os prédios que abrigavam senadores em Brasília, eram completamente diferentes do que são hoje.
Seis andares ocupados por políticos recém empossados, senadores da república que moravam um ao lado do outro, mantendo traços da região de cada um, como era de se esperar.
Era comum se ver panelas de ferro com carangueijos, siris, carnes de sol e demais adereços dos nordestinos.
E isto tudo corria de um apartamento para outro.
De repente, surgia um senador do sul e achava tudo aquilo uma festa.
Algumas senhoras de senadores ficavam escandalizadas, mas por momentos, apenas.
E eis que, num daqueles dias, todos estavam de olho no recente AI-5, criado pela ditadura militar que dominava o Brasil da década de 70, ao menos no início.
E, preocupados com a aplicação do Ato Insititucional no. 5, senadores eleitos, tanto da Arena quanto do MDB, procuravam aproximar-se do generalato para ficarem ligados às possíveis cassações de mandatos. O MDB da época era bem diferente do atual PMDB.
Daí, uma figura que acabara de ser eleita senador da república, contou sua história, tocou violão para os generais, cantou e cantou pelos corredores do prédio residencial dos senadores e safou-se da cassação, embora fosse amigo de um general da época.
Tocava violão e agradecia aos amigos do sul que tinham ido para o norte para tentar a vida. E agradecia os amigos que o auxiliaram.
Estes amigos se reuniram e fizeram uma "vaquinha" para a campanha do candidato ao senado, pois o próprio não tinha recursos para fazer a tal da campanha.
E olhe que eram os anos 70, onde a política era mais no fio do bigode e na ponta da faca. E era mais séria, sob os olhares de estrelas do exército.
E se cotizaram, arrumaram grana e elegeram o homem senador.
Isto tudo depois do homem ter sido governador do estado de origem.
E tudo de olho no marechal Fulano e o AI-5.
Violões, serestas e cantorias eram fato marcante daqueles tempos.
Além das culinárias misturadas em panelas, que agradavam a todos, mesmo aos do sul.
E hoje, aquele que tocava violão para agradar o general do momento, é dono de meio estado de origem, segundo notícias, é poderoso, é temido, é acadêmico, manda por telefone e tem o nome alterado do registro de nascimento.
José Sarney.
Pode? Pode.

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