Hoje é dia de festa.
Dia de abraço, de sorriso, de desejos e esperanças.
Dia de cumprimentar nossa cidade, a que já foi Cidade Sorriso, mas que hoje também apresenta lágrimas.
Lágrimas da violência, que acompanha seu crescimento.
Dia de abraçar a cidade que cresceu demais, tornou-se estranha para quem aqui vive desde que nasceu.
A cidade que invadiu espaços vazios, ergueu centenas de prédios, asfaltou milhares de quadras e ruas, tudo para permitir que seu povo viva melhor.
O crescimento que era esperado veio rápido demais, acompanhado da ânsia de moradores de outros cantos, virem para a nossa Curitiba.
Aquela Curitiba que tinha suas particularidades, seus hábitos, suas manias.
A Curitiba que mudou seu visual, seu astral, sua maneira de ser, seu abandono de tradições que nos marcaram por tantos anos.
A terra do leitE quentE não é mais a mesma.
A vida silenciosa de madrugadas de antigamente hoje é rompida por barulhos de todos os tipos. Da viola caipira, que ainda resiste, ao som de carros com motores mais possantes do que os DKVs de antigamente.
A vida pacata de ir à feira, encontrar conhecidos, saber o nome das pessoas e voltar com o carrinho cheio de coisas boas, do pinhão à batata doce, do queijo caseiro ao pão feito em casa.
A Curitiba que permitia almoçar no Cascatinha e no Iguaçu sem engarrafamentos, sem atropelamentos, sem correria.
O domingo era mais sadio naqueles tempos.
Da missa para a casa dos avós, do passeio público para a casa de uma tia, do almoço para o passeio ao aeroporto, ver aviões enormes que decolavam e pousavam.
E era longe a tal da São José dos Pinhais. Uma mini viagem, que hoje está aqui ao lado, grudada no crescimento dos dois lados.
A Curitiba da Vila Hauer, que era um bairro distante, mas que agora faz parte do anel viário, da vida de milhares de pessoas do Boqueirão e adjacências.
Jogar bete-ombro, aonde? Em alguns bairros, talvez.
Bola de gude, aonde? Em algumas casas e calçadas, talvez.
Carrinho de rolimã, aonde? Em algumas descidas da periferia, talvez.
Ver as meninas do Colégio Estadual era uma alegria para as avenidas João Gualberto e Cândido de Abreu, para os comerciantes da Riachuelo, da Barão do Serro Azul, da praça do homem nu.
Era.
Hoje o que se vê é briga em saída de colégio. Triste observar que estas coisas acontecem na nossa Curitiba.
Mas ela cresceu e trouxe os problemas e inovações que a sociedade implantou.
A educação dos garotos de ontem não se compara aos garotos de hoje.
Enquanto usávamos bibicleta e patinetes, hoje eles usam skates e motos de baixa cilindrada.
Enquanto tínhamos o dever de desfilar no sete de setembro, hoje são cada vez menores as fanfarras e os desfiles na independência.
Enquanto tomávamos uma boa cerveja com sanduíche de pernil no Triângulo, hoje o Burger King dá o tom da refeição.
Cadê a nossa Curitiba?
Fundadores de comércios que marcaram época, hoje nem mais o nome conseguiram preservar.
Fundadores de grandes conglomerados, nem resquícios conseguiram deixar.
Para onde foi a Ika, o Bamerindus, as lojas Hermes Macedo, o Prosdócimo, A Slopper, a Massom e tantas outras coisas?
Shopping centers chegaram e retiraram das calçadas as mulheres que faziam compras.
Passear e ver vitrines era hábito comum, hoje trocado pelo ar condicionado e pela segurança que cada shopping oferece.
As vitrines continuam lá, tanto nas ruas quanto nos shoppings, atraindo a atenção de consumidores de perfis diferentes, que fazem parte da nova realidade de Curitiba.
Parabéns nesta data querida, diz a música, mas parabéns sempre, dizemos nós.
Ainda somos uma cidade gostosa e querida, mesmo com todos os problemas que ainda aparecem e se renovam a cada ano.
Quando se ajeita um lado da cidade, o outro pede providências e assim vai.
As brincadeiras de ontem deram lugar aos tablets e celulares movidos à alta tecnologia. Não se anda mais descalço por aí......
A convivência sadia entre pessoas, deu lugar somente à sobreviência numa cidade que hoje é uma metrópole e mantém seus segredos em alguns bairros, apenas.
Então, seja do jeito que for, abracemos esta querida Curitiba.
Modelo em todo o Brasil, admirada por quem aqui passa e também por quem aqui vive.
Parabéns Curitiba.
Ainda temos o que comemorar....
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